Preços de legumes e frutas devem chegar mais altos à mesa dos valadarenses ainda neste ano

A inflação nos preços dos alimentos não deverá desacelerar tão cedo. Com os efeitos da crise hídrica, dos insumos mais caros nas plantações e outros fatores que influenciam os preços, como o dólar alto e os ajustes nos valores dos combustíveis, as previsões para os próximos meses são de que alguns alimentos, como hortaliças e frutas, encareçam ainda mais. E a alta não está sendo sentida apenas no preço passado ao consumidor. Do Ceasa até as prateleiras dos supermercados, a inflação está sendo sentida por todos em Governador Valadares.

Jirios Abboud é o atual presidente da Associação dos Comerciantes do Ceasa de Governador Valadares. Ele conta que a instabilidade é a maior vilã no preço final dos produtos. “O que mais incomoda o consumidor e até os produtores é a oscilação de preços. Ou seja, a mercadoria está com um preço nesta semana e na outra já está mais cara, na outra mais barata. Teve uma ameça recente de greve dos caminhoneiros em Minas, que resultou em uma tensão no mercado de produção de legumes. Um saco de batatas, por exemplo, que custava R$ 100, passou a custar R$ 200. Os nossos clientes, que são os supermercados e sacolões, foram obrigados a aumentar os preços dos produtos também. Então, é prejuízo pra todo mundo. É prejuízo para quem vende, para quem compra e, por último, o consumidor, que chega ao supermercado e fica assustado com os preços, e acaba pagando a conta”, explicou.

De acordo com Jirios, os produtos que mais sofreram reajustes foram a batata, o tomate e o alho; na categoria das frutas, os produtos mais caros são a laranja, o mamão e o limão. “Em contrapartida, mercadorias como maçã, quiabo, abobrinha e banana não inflacionaram tanto assim”, comentou.

A Ceasa está instalada em Governador Valadares desde 1991. Tem mais de 15 lojas e ocupa uma área de 70 mil metros quadrados, às margens da BR-116, no bairro Turmalina. A Central possui aproximadamente 600 produtores cadastrados e, destes, 70 são ativos, ou seja, estão todos os dias na Ceasa comercializando seus produtos, que abastecem diariamente supermercados, sacolões e outros empreendimentos dentro de Valadares, além de 100 cidades na região do Vale do Rio Doce, gerando mais de 600 empregos diretos e indiretos.

A rotina de quem trabalha na Ceasa começa cedo. Às 4 horas já começam a chegar os comerciantes e clientes. “A rotina bruta é de madrugada. Quando chega 10 ou 11 horas, já foi todo mundo embora. Agora, os motoristas que buscam as mercadorias trabalham em horários diversos”, contou Jirios.

Rotina no Ceasa de Valadares começa cedo. Vídeo : Arquivo Pessoal

Para fugir da inflação, Jirios recomenda ao consumidor mudar a rotina de alimentação, por enquanto. “A gente que é comerciante compra o produto no valor X e vai ter que repassar 10% a 20% a mais para o cliente. Não tem como manter o mesmo preço. A saída do consumidor é ir aos itens que não sofreram reajustes altos. Não importa a crise, sempre haverá itens mais baratos do que os outros”, ressaltou.

Itens da cesta básica mais caros em GV

O Programa Municipal de Defesa do Consumidor de Governador Valadares (PROCON/GV) realiza todo final de mês pesquisa de alimentos que compõem uma cesta básica. De acordo com o órgão, na pesquisa de preços realizada em agosto houve aumento de 33,53% no preço da batata e 17,79% no preço da cebola.

A pesquisa do Procon GV ainda inclui ovos, hortifrutigranjeiros, açúcar, achocolatado, café, extrato de tomate, farinha de mandioca e de trigo, fubá, leite, macarrão, margarina, óleo de soja, arroz, feijão, sal, biscoitos, pão francês e produtos de higiene. De acordo com a pesquisa do Procon GV, o preço de uma cesta básica em Valadares no mês de agosto está entre R$ 654,80 e R$ 543,79.

De acordo com o economista Marcos Chaves, a alta dos combustíveis gera um efeito dominó em diversos outros itens que compõem a mesa dos consumidores, elevando o custo de logística de distribuição, repassado aos consumidores. Tudo isso aliado aos impactos dos fatores climáticos.

“O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) registrou variação de 0,87 em agosto – em relação a julho de 2021, o índice teve redução de 0.09 pontos percentuais. Os itens transporte e alimentação merecem destaque: registraram, respectivamente, variações de 1,46 e 1,39. Os indicadores têm relação direta com o aumento em itens como os hortifrútis, em especial as hortaliças, que, além do custo de logística, sofrem com variações climáticas. As altas temperaturas registradas e a falta de chuvas em Minas Gerais, por exemplo, são alguns fatores que contribuem para a alta”, afirma o economista.

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