Maio Furta-Cor alerta sobre saúde mental das mães e propõe construção de políticas públicas

FOTO: Freepik

Você já ouviu falar da Campanha “Maio Furta-Cor”? Criada em 2020 e presente em mais de 17 países, a campanha luta pela saúde mental materna em múltiplas áreas. O mês de maio foi escolhido para comemorar o Dia das Mães e ​furta-cor é uma tonalidade que se altera de acordo com a luz que recebe, não tendo uma cor absoluta. Dessa forma, o espectro da maternidade não é diferente, já que nele cabem todas as cores.

O objetivo da campanha é sensibilizar a população para a causa, promover ações de conscientização sobre saúde mental materna, baseadas em evidências científicas, e estimular a construção de políticas públicas de saúde.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 11 milhões de mulheres são mães solo no Brasil. Para a psicóloga e professora universitária Lídia Azevedo Brandes, os números alarmantes são um dos principais motivos para a depressão pós-parto.

“A ausência de rede de apoio é um dos principais fatores que contribuem para a incidência de transtornos psicológicos em mulheres-mães, dentre eles a depressão pós-parto. Esse transtorno acomete mulheres após o parto e é caracterizado por uma tristeza profunda. Pode promover falta de interesse por atividades diárias, insônia, cansaço extremo, ansiedade, sentimento de culpa, falta de conexão com o bebê, entre outros sintomas”, afirma Lídia.

O suicídio é uma das principais causas de mortes de mulheres no primeiro ano de vida após o parto. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), toda mulher está suscetível a desenvolver transtornos mentais durante a gravidez e no primeiro ano após o parto. Mas mulheres que pertencem aos seguintes grupos estão mais suscetíveis: pobreza, migração, estresse extremo, exposição à violência (doméstica, sexual e de gênero), situações de emergência e conflito, desastres naturais e baixo apoio social.

“Sabemos que não há uma causa definida para a mulher apresentar depressão pós-parto, pois existem questões biológicas ligadas a hormônios, fatores sociais, emocionais e culturais. Fortalecer e orientar a rede de apoio desta mãe, ou seja, as pessoas que estão ao redor dela podem ser uma saída para também fortalecer essa mãe e gerar segurança para esse processo de tantas mudanças. Além disso, a psicoterapia e o pré-natal psicológicos são ferramentas importantes antes, durante e após o parto”, acrescenta Lídia.

Para obter mais informações sobre o Maio Furta-Cor acesse o site: maiofurtacor.com.br/.

Lídia também destaca que a violência obstétrica no Brasil é alta e um indício para a depressão pós-parto e até mortalidade durante ou após o parto.

“A violência obstétrica pode ser considerada uma das causas para o alto índice de mortalidade. Além disso, vemos crescer a falta de assistência adequada à gestante, puérpera e recém-nascido. Há profissionais que mantêm práticas ultrapassadas de cuidado que têm impacto direto na saúde mental das mães. Quando se escuta, por exemplo, de um profissional da saúde que leite materno é fraco, coloca-se em jogo questões biológicas dessa mãe e, sobretudo, sua capacidade ou não de poder alimentar seu filho.”

Segundo a pesquisa “Mulheres brasileiras e gênero nos espaços público e privado”, da Fundação Perseu Abramo, 25% das mulheres brasileiras já vivenciaram algum tipo de violência obstétrica.

“As mortes no pós-parto são apenas um aspecto da invisibilidade da sobrecarga materna que nós mulheres vivenciamos todos os dias. Dessa forma, é preciso acolher, sem julgamento, toda e qualquer forma de manifestação das mães para com suas maternidades, entendendo que ter um filho também é uma questão social e que impacta a todos”, acrescenta Lídia.

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