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Investimento no combate à Covid-19 é bom para a saúde e para a economia, afirma pesquisa da UFMG

Pesquisadores da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG mostram os efeitos positivos do incremento de serviços e produção de equipamentos de saúde sobre o PIB e a geração de empregos

Em tempos de grave crise sanitária, causada pela pandemia de Covid-19, que se soma no Brasil a uma economia frágil e à vulnerabilidade das populações mais pobres, o debate tem se concentrado na oposição entre manter o distanciamento social, para reduzir a propagação do novo coronavírus, e permitir o funcionamento normal das atividades produtivas, o que evitaria grande prejuízo à economia e à capacidade de sustento das famílias.

Um trio de pesquisadores da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais (Face-UFMG) não acredita no dilema entre salvar a economia e salvar vidas. Em nota técnica publicada pelo Núcleo de Estudos em Modelagem Econômica e Ambiental Aplicada (Nemea-Cedeplar), os professores Edson Paulo Domingues, Débora Freire Cardoso e Aline Souza Magalhães defendem que se deve “investir, gastar e influenciar a atividade econômica para salvar vidas e, ao mesmo tempo, recuperar a economia por meio de instrumentos que só o poder público possui, em especial o Governo Federal”.

Com base em modelo de simulação para a economia brasileira desenvolvido no Nemea-Cedeplar, os pesquisadores estimaram aumento de 10% na produção de cinco setores – saúde pública, saúde privada, produtos farmacêuticos, artigos de limpeza e equipamentos hospitalares (esses setores representaram cerca de 5% do PIB no Brasil em 2019). Essa ampliação de 10% requereria um gasto de R$ 60 bilhões por parte do governo, que teria impactos como expansão de 0,8% do PIB e de 1% no emprego (o equivalente a quase 600 mil novas ocupações).

O trabalho demonstra ainda que os impactos setoriais repercutiriam em diversas áreas da estrutura produtiva da economia – comércio, transportes, serviços, eletricidade, entre outros –, o que suavizaria os efeitos negativos da paralisação de setores específicos e o potencial impacto recessivo que tem sido projetado para este ano.

Edson Domingues, Débora Cardoso e Aline Magalhães afirmam, na nota técnica, que “não deve haver preocupação com o financiamento desses gastos emergenciais” no curto prazo. Ainda segundo os autores, a agenda emergencial deve incluir também medidas restritivas para desacelerar a velocidade de contágio, ampliação da capacidade de cuidado intensivo e dos serviços ligados à saúde, ações em benefício para populações de favelas e investimento em saneamento básico, ainda que com expectativa de resultados a mais longo prazo. 

“Uma ação integrada e planejada do poder público no enfrentamento à Covid-19 não requer a contraposição de saúde e economia. Pelo contrário, a junção desses dois objetivos, isto é, salvar vidas e amenizar impactos econômicos, é essencial, e só o governo pode fazer isso. Salvar vidas é o que interessa neste momento”, concluem os pesquisadores da Face.

Leia a nota técnica A pandemia do coronavírus no Brasil: demanda emergencial de setores relacionados à saúde e impactos econômicos.

(Por Itamar Rigueira Jr. – publicado originalmente no site da Universidade Federal de Minas Gerais)

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