Guardiões do Bioma: Corpo de Bombeiros fala sobre a redução de queimadas em Valadares e região

O balanço feito pelo Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG) mostra uma queda de 25% das queimadas em comparação ao mesmo período de 2021

Se você mora em Governador Valadares provavelmente já se deparou com incêndios nas regiões de mata. Principalmente no pico da Ibituruna, sobretudo, no período de maio a setembro. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a estação chuvosa em Minas Gerais, assim como em toda a região Sudeste, ocorre entre os meses de outubro e março. Mas as primeiras pancadas de chuva normalmente acontecem na segunda quinzena de setembro, “evidenciando o declínio da estação seca”.

Historicamente, nesse mesmo período, o Corpo de Bombeiros afirma receber um número maior de chamadas para ocorrências de queimadas em Valadares e região. Aliás, no topo dessa lista, está a região do pico da Ibituruna.

Pico da Ibituruna é um dos principais alvos de queimadas no período de seca. | DRD/TV Leste

Mas em meio a preocupação dos combatentes de incêndio nesta época do ano, há motivos para manter o otimismo. Conforme o balanço feito pelo Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG), os comparativos dos anos de 2021 e 2022 mostram resultados positivos. De acordo com a corporação, foram registrados, de janeiro a julho do ano passado, 12.627 ocorrências dessa causa no Estado. Já no mesmo período deste ano, os militares atenderam a 9.439 ocorrências de queimadas – uma queda de 25%.

NúcIeo de Incêndio Florestal: “O melhor combate é a prevenção”

Por isso, na manhã desta quarta-feira (10), a equipe do DRD esteve no Parque Natural Municipal, juntamente com o cabo Anderson Costa (CBMMG) e o cabo Laelson Brito (CBRJ). Os militares, que atuam na Força Nacional, falaram sobre o avanço no número de ocorrências em estações secas, bem como o trabalho que resultou na queda desses números de um ano para cá.

Essa redução em incêndios florestais é devido à criação do NIF (Núcleo de Incêndio Florestal), criado pelo Corpo de Bombeiros de Minas, em 2019. O NIF contém militares especializados, com formação na área de combate a incêndio florestal. Esse núcleo foi criado para a redução desses incêndios devido a campanhas educativas, visitas ao pessoal da comunidade, reeducando a população. Esse núcleo também vem com novas formas de trabalho, novas técnicas de combate a incêndio florestal. Então devido a essas campanhas educativas também, a gente viu que reduziu muito do período do ano passado para este período agora. A gente teve uma redução de 3.000 chamadas. Então a gente percebeu que com a criação desse núcleo e com a reeducação da população, dos moradores locais, essa redução foi muito válida. O melhor combate é a prevenção”, declarou o cabo Anderson Costa, que veio do Triângulo Mineiro para ajudar na prevenção e combate a incêndios na região.

Cabo Anderson Costa (CBMMG) | DRD/TV Leste

Operação Guardiões do Bioma

Além disso, os militares aproveitaram a ocasião para destacarem a operação Guardiões do Bioma. De acordo com o cabo Laelson Brito, que pertence à corporação do Rio de Janeiro, essa operação é uma iniciativa do Governo Federal. Desse modo, o governo recrutou 85 militares do Corpo de Bombeiros de diversas regiões do Brasil para atuarem nas ações de prevenção e combate aos incêndios florestais em Minas Gerais. O motivo desse reforço seria a amplitude da vegetação no Estado, que contém os biomas Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica no mesmo território.

“Aqui, é uma experiência ótima. Estou crescendo muito como militar. No Rio de Janeiro se predomina a Mata Atlântica, que é um bioma completamente diferente daqui. Aqui neste Cerrado, o fogo se alastra de uma forma diferente, em uma velocidade maior. E, normalmente, não utilizo alguns métodos que, aqui, utilizam. Lá no Rio de Janeiro, nós não costumamos utilizar o soprador (equipamento utilizado na contenção das chamas) e consegui perceber que o soprador é de extrema importância aqui neste bioma. Ele acaba com a propagação das chamas de uma maneira muito rápida e eficiente”, avaliou o bombeiro.

Bombeiro utilizando o soprador na região de Ituiutaba. | Imagem ilustrativa | Reprodução da internet

Aceiros

Uma outra observação do militar em relação à região de Valadares, especificamente, é a manutenção dos aceiros nas áreas de vegetação. Os aceiros são faixas ao longo de divisas, cercas e áreas de vegetação. É o espaço “limpo” que existe entre a mata e as estradas, impedindo que, caso ocorra incêndios na vegetação, o fogo se alastre, invada e atinja até mesmo o outro lado da via.

Aqui em Governador Valadares, a população utiliza bastante do aceiro. O aceiro é essa técnica de você colocar uma linha clara entre a vegetação e a área que você não deseja que queime. O ideal é que ele tenha, pelo menos, uma vez e meia a altura da vegetação que você tem no local. Por exemplo, aqui a vegetação deve ter uns 50 centímetros. Então o ideal é que, aqui, o aceiro tenha pelo menos um metro e meio. E dessa forma aqui é uma forma ideal, que vocês podem observar. A intenção é que a chama que venha de lá não passe para o outro lado. O aceiro, aqui, está de uma forma perfeita. A população de Governador Valadares, pelo que eu tenho visto, já assimilou essa ideia”, comentou o militar.

Os aceiros são faixas ao longo de divisas, cercas e áreas de vegetação. | DRD/TV Leste
Cabo Laelson Brito (CBRJ) | DRD/TV Leste

Ferramentas de combate

E já que a principal forma de combate é a prevenção, nada melhor do que uma conversa leve entre os militares e a comunidade. Assim sendo, entre as ações de prevenção e combate a queimadas, estão os trabalhos de abordagem a moradores da região. Acompanhe o momento em que Sidelmar Mendes da Silva, que é vaqueiro e reside nas proximidades do Parque Municipal, recebe com toda atenção as orientações do cabo Anderson:

“No ano passado, mesmo, pegaram um fogo aí e deu um prejuízo para a gente danado”, contou Sidelmar.

Eu moro numa chácara aqui perto. Sempre mantenho ela limpa, aceiro ao redor. No ano passado, teve um incêndio aqui de grande escala, foi assustador”, lembrou outro morador da região.

Há quatro meses, a corporação que atende à região de Valadares passou a contar com uma nova integrante: a viatura Marruá. Segundo o cabo Anderson Costa, um dos atributos do veículo é a facilidade em adentrar locais de difícil acesso, como áreas montanhosas e com obstáculos. Confira:

Orientações

“Este período, até o início de outubro ou final de setembro, é o período mais crítico, o período de estiagem. O tempo em que a vegetação está mais seca, venta muito. Posso dizer para a população ficar mais consciente mesmo neste período, não fazendo queimadas. Se for acampar, não realizar fogueiras, pode perder o controle e aquela fogueira virar um princípio de incêndio e se tornar um incêndio. A gente sabe que, muitas vezes, não é porque ele quer colocar fogo ali. Talvez é porque ele não teve aquela malícia de fazer uma fogueira no acampamento. É assim que começam esses incêndios. E deixar a população ciente de que realizar queima é crime ambiental”, adverte o cabo Anderson Costa.

Em caso de incêndios florestais, ligue imediatamente para o 193 e acione o Corpo de Bombeiros.

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