Fórum em defesa do rio Doce organiza protestos e seminários para lembrar 4º aniversário de rompimento da barragem

O rompimento da barragem da Samarco, em Mariana, completa quatro anos no dia 5 de novembro. Em Governador Valadares, município com a maior população atingida em toda a Bacia do Rio Doce, a data será lembrada com manifestações e seminários, entre os dias 31 de outubro e 8 de novembro. A programação foi elaborada pelo Fórum Permanente em Defesa do Rio Doce, com a participação de universidades e outras organizações públicas, privadas e do terceiro setor.

Nos dias 31 de outubro e 1º de novembro haverá um balanço sobre os quatro anos, desde o rompimento da barragem, com análise da situação dos atingidos. O evento será no Centro Pastoral da Paróquia Sagrada Família, no bairro Jardim Pérola. Nos dias 2 e 3 haverá manifestações, respectivamente, na ponte da Ilha e na ponte do São Raimundo. No dia 5, aniversário da tragédia, a manifestação terá início na área da Feira da Paz, à margem do rio Doce, e segue rumo à praça da Estação Ferroviária.

Coordenador de mobilização do Fórum e membro da Cáritas Diocesana (entidade que presta assistência a atingidos pelo rompimento da barragem), Xabier Galarza avalia que a Samarco e as mineradoras que a controlam, Vale e BHP Billiton, pouco fizeram para reparar os danos causados. Ele destaca que as manifestações aconteceram em diversos municípios afetados ao longo da bacia, entre Mariana e a comunidade de Regência, em Linhares, no Espírito Santo, para pressionar as empresas a agilizar a recuperação do rio Doce.

“Vamos fazer pressão para que haja uma reparação e a devolução do que foi perdido por milhares de pessoas. Só se houver pressão e mobilização efetiva as empresas vão recuar e atender nossos pedidos. Estamos nesse patamar, são quatro anos de espera e não dá para esperar mais, porque as pessoas estão indignadas”, disse Xabier.

Também membro da Cáritas Diocesana e sócio do Centro Agroecológico Tamanduá (CAT), que presta assessoria técnica a atingidos em Galileia e Tumiritinga, Wellington Azevedo afirma que tem sido lento o trabalho da Fundação Renova, criada para implementar e gerir os programas de reparação dos impactadas do rompimento da barragem. “As ações estão acontecendo a passos de tartaruga, e muitas vezes sem ouvir as famílias atingidas. Em toda reunião há denúncias de que a Renova não está cumprindo itens do acordo de ajuste de conduta”, afirmou Welington.

Seminário na Univale

Entre os dias 6 e 8 de novembro, o rompimento da barragem será discutido por pesquisadores, estudantes e atingidos, na quarta edição do Seminário Integrado do Rio Doce (4º SIRD), realizado pela Universidade Vale do Rio Doce (Univale), em parceira com UFJF, IFMG, Fórum Permanente da Bacia do Rio Doce e a Rede Terra Água, entre outras organizações. Responsável pela organização do evento, o professor Haruf Salmen Espíndola também afirma que, embora oficialmente a Renova afirme que as ações reparatórias estejam sendo executadas, há muitas reclamações por parte dos atingidos.

“As ações reparatórias, tanto do ponto de vista social quanto do ponto de vista ambiental, têm questões muito mal resolvidas, com lentidão e controvérsias jurídicas. Tem de haver uma conscientização da população, lembrar o desastre, que está em curso ainda, para que as coisas não fiquem no esquecimento. O seminário estabelece rumos para a pesquisa, mas também dialoga com os atingidos para definir rumos para as ações. O que não pode é ter ações sendo feitas sem a ativa participação e o protagonismo dos atingidos”, declarou Haruf. O seminário é aberto ao público em geral e as inscrições podem ser feitas até o dia 5 de novembro, no endereço eletrônico da universidade: www.univale.br/sird.

O que diz a Renova

Segundo a Renova, até agosto deste ano foram destinados R$ 6,68 bilhões para as ações integradas de recuperação e compensação socioambiental e socioeconômica da bacia do rio Doce. Ainda de acordo com a Renova, cerca de R$ 1,84 bilhão foram pagos em indenizações e auxílios financeiros emergenciais para cerca de 320 mil pessoas.

Sobre a participação e o diálogo com comunidades atingidas, a Renova afirma que um termo de ajustamento de conduta foi homologado no ano passado para assegurar que representantes dos atingidos ocupem cadeiras em todas as instâncias de decisão, para aumentar a legitimidade das ações de reparação.

Renova

A Fundação Renova, criada para implementar e gerir os programas de reparação dos atingidos pelo rompimento da barragem em Mariana, afirma que até agosto deste ano foram destinados R$ 6,68 bilhões para as ações integradas de recuperação e compensação socioambiental e socioeconômica da bacia do rio Doce. Ainda de acordo com a Renova foram recuperados 113 afluentes, pequenos rios que alimentam o alto do rio Doce. Esses afluentes, segundo a Renova, praticamente desapareceram da paisagem após o rompimento da barragem de Fundão e, por isso, tiveram que ser totalmente redesenhados com base em informações de geoprocessamento. A fundação também afirma que cerca de R$ 1,84 bilhão foram pagos em indenizações e auxílios financeiros emergenciais para cerca de 320 mil pessoas.

por THIAGO FERREIRA COELHO

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