Estudantes de medicina da UFJF pedem volta de atividades práticas, paralisadas há 11 meses

Estudantes de medicina da UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora) Campus Governador Valadares pedem o retorno do internato, uma etapa prática indispensável para a conclusão do curso e formação dos futuros médicos. Os alunos alegam não entender o motivo de o campus sede da instituição, em Juiz de Fora, ter retomado o internato, enquanto eles continuam impedidos de iniciar a atividade.

O internato é uma etapa do curso que tem duração de dois anos. Nele, os estudantes de medicina passam a ter somente aulas práticas, como estagiários, em hospitais e postos de saúde, atendendo pacientes com a supervisão de um médico, sem remuneração. Entretanto, com a pandemia, essas aulas dentro de hospitais e outras unidades de saúde não estão sendo realizadas.

Há quase 11 meses sem contato com o meio acadêmico, os estudantes relatam o quão prejudicial é a suspensão do internato para eles e também para a comunidade valadarense.

Roberta Frade

Roberta Frade está no décimo período. Para ela, é fundamental essa etapa para os futuros profissionais. “Já vai completar 11 meses, mais ou menos 320 dias, que a gente não tem contato nenhum com o nosso estágio, que não tem contato com o paciente. E isso é muito prejudicial pra nós, porque pra ser médico você precisa aprender primeiramente a conversar com o paciente, a lidar com o paciente, a examinar o paciente. E é na prática que aprendemos isso”, disse.

De acordo com Roberta, outro ponto importante é que, sem a conclusão das aulas práticas, os alunos também terão de adiar o início da residência, um passo importante para todo estudante de medicina.

“Duas turmas já perderam a oportunidade de prestar a prova de residência e se especializar em alguma área. Essa prova sempre acontece em março, e o estudante só pode fazer depois que se forma. Então, a turma que se formaria em janeiro e não conseguiu perdeu a chance de fazer a prova de residência agora em março”, ressalta.

Bruno Hämmerli

Vivendo o mesmo problema de Roberta, o estudante do nono período Bruno Hämmerli encara essa suspensão das atividades como um atraso para os estudantes, hospitais e pacientes.

“A comunidade valadarense tem perdido muito com isso. Nós, como estagiários dos médicos, conseguimos servir muito a comunidade. Adiantamos os serviços dos médicos, atendemos pacientes, damos atenção e cuidado. Sem os estagiários, o serviço fica mais lento e menos pacientes têm a oportunidade de ser atendidos”, explana.

Com problemas como o período sem aula e gastos sem realizar o internato, a saúde mental também se torna uma questão preocupante.

Filipe Reis

“Nossos âmbitos de prática já são ocupados por turmas de outras universidades da região. Resultado é que, na UFJF, os alunos, os preceptores (cansados da demanda da pandemia), os nossos pais e responsáveis (inúmeras contas sendo pagas sem usarmos) e a própria comunidade valadarense saem perdendo com este cenário caótico. É lastimante ver a saúde mental de quase 160 internos tão fragilizada, enquanto outras tantas faculdades retornaram, inclusive a própria medicina da UFJF sede”, destaca Fillipe Reis, estudante do décimo período.

Em nota, a UFJF se pronunciou sobre o caso:

“O processo de liberação para o estágio presencial (que está sendo chamado de internato pelos estudantes), está em fase final de tramitação. Ele passa por alguns setores, inclusive pelo Comitê de Monitoramento e Combate à Covid-19 na UFJF. Os parâmetros para retorno dos estágios seguem vários protocolos de biossegurança da instituição para garantir toda a segurança a seus estudantes, docentes e funcionários em geral. A questão está sendo discutida em reuniões do Comitê, e a expectativa é de que as decisões sejam divulgadas já nos próximos dias.”

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