Esquecido por várias administrações, córrego do Figueirinha se transforma em esgoto a céu aberto no centro de Valadares

O Figueirinha chega ao Centro como uma das demonstrações de descaso e gerador de grande indignação das pessoas que convivem diariamente com o mau cheiro, bichos peçonhentos e riscos de doenças

Por Agnaldo Souza e Arthur Sales

Moradores e comerciantes do bairro Santa Terezinha, em Governador Valadares, vêm enfrentando um problema há anos: o esgoto a céu aberto, que incomoda, diariamente, quem mora ou passa nas proximidades do córrego Figueirinha. Além do mau cheiro, os moradores enfrentam bichos peçonhentos e o constante medo de doenças, que podem surgir devido à condição precária do local.

A equipe do DRD foi até o bairro Santa Terezinha para ouvir moradores e trabalhadores locais. A reclamação mais constante é em relação ao mau cheiro do córrego. Devido aos lixos que são depositados diariamente no Figueirinha e ao esgoto que é despejado nele, um forte odor toma conta de toda a região por onde ele passa, chegando a atrapalhar o comércio da região.


Marcos Hernane

Essa é uma das reclamações do açougueiro Marcos Hernane, de 47 anos . “O fedor atrapalha muito o comércio. Em dias quentes, como hoje, o mau cheiro aumenta. A gente que trabalha com alimento sabe que ninguém quer chegar para comprar uma carne ou qualquer comida sentindo odor de esgoto. Às vezes, o cliente prefere comprar lá em cima, no Centro, do que vir aqui”, contou.


Ney Gerais

Ney Gerais, de 54 anos, disse que mora e trabalha no bairro e que, mesmo com a mudança da gestão da Prefeitura, o problema continua o mesmo. “Eu trabalho e moro aqui no bairro Santa Terezinha. Muda prefeito, muda gestão e esse Figueirinha continua do mesmo jeito. Fede muito e, por não ter um tratamento de esgoto de verdade, as pessoas acabam depositando os lixos ali. Estão errados? Claro que sim. Mas, se os órgãos responsáveis não cuidarem, vai continuar essa zona. Além do fedor que até atrapalha a clientela”.


Luís Alves

O auxiliar administrativo Luís Alves, de 22 anos, mora perto do córrego e conta que esse é um problema que os moradores do Santa Terezinha enfrentam há muitos anos. “Moro aqui no bairro desde que nasci, há 21 anos, e em todo esse tempo nunca vi o córrego do Figueirinha ser bem cuidado. Fede demais, mas quem mora aqui já até acostumou. Quem vem de fora não aguenta. É urubu o dia todo comendo carniça e lixo. O córrego virou um grande chorume”, afirmou.

Procurado, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) informou, por meio de nota, que a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) que está sendo construída no Santos Dumont será responsável pelo tratamento do esgoto gerado na margem esquerda do rio Doce.

Nota do SAAE

O Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) informa que a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Santos Dumont, que está em construção, será responsável pelo tratamento do esgoto gerado na margem esquerda do rio Doce.

A implementação do sistema do esgotamento sanitário (da margem esquerda do rio Doce) será dividida em etapas – as obras da 1ª etapa foram concluídas e aprovadas pelo BDMG, não havendo mais pendências ou inconsistências. Destacamos que, quando a atual administração assumiu, as obras da 1ª etapa estavam paralisadas e haviam diversas pendências, tais como:

  • Problemas estruturais da ETE, equipamentos elétricos queimados;
  • A área da ETE e elevatórias não eram atendidas como rede de energia elétrica;
  • Processo judicial contra a empresa executora das obras.

Desde o início do governo, em 2017, todos os esforços foram empregados para a conclusão das obras da 1ª etapa e o andamento dos contratos de recursos externos existentes, a fim de se garantir a total implementação do sistema de esgotamento sanitário em Governador Valadares.

Informa ainda que a região do bairro Santa Terezinha é atendida por rede coletora de esgoto, mas ainda não conta com interceptores, que são responsáveis pela condução do esgoto até a ETE para tratamento.

O bairro Santa Terezinha será contemplado na fase que chamamos de complementação da 1ª etapa, com a construção dos interceptores que conduzirão o esgoto até o tratamento, retirando dessa forma o lançamento do esgoto bruto no córrego Figueirinha.

A obra da complementação da 1ª etapa da ETE Santos Dumont será custeada com recursos do PG 031– Coleta e Tratamento de Esgoto e Destinação de Resíduos Sólidos, da Fundação Renova, orçada em R$ 21.125.771,30.

Os projetos referentes à complementação da 1ª etapa estão sendo revisados para posterior encaminhamento ao BDMG para análise e aprovação. Após aprovação do BDMG, as obras serão licitadas.

Vale destacar que obras de grande porte são custeadas com recursos externos, sendo que os valores pagos pelos consumidores do SAAE são destinados a pequenas expansões, manutenção em milhares de quilômetros de rede de água e esgoto, dentre outras despesas.

Além da obra de complementação da 1ª etapa, o Município pleiteou junto ao Comitê Interfederativo (CIF) e à Câmara Técnica de Segurança Hídrica e Qualidade da Água (CT-SHQA) recursos para outras obras e projetos, disponibilizados no PG 031 – Coleta e Tratamento de Esgoto e Destinação de Resíduos Sólidos, totalizando o valor de R$23.205.832,35, quais sejam.

  • Elaboração de projetos das interligações dos coletores aos interceptores 1ª Etapa ETE Santos Dumont – R$149.556,97;
  • Elaboração de projetos das interligações dos coletores aos interceptores bairros Grã-Duquesa, Centro e Vale Verde – R$289.712,12;
  • Pré-operação/operação assistida – 1ª Etapa ETE Santos Dumont – R$308.928,66;
  • Execução de ampliação do laboratório da ETE Santos Dumont e aquisição de equipamentos/insumos – R$540.434,56.
  • Elaboração de projetos das interligações dos coletores aos interceptores – Complementação 1ª Etapa – ETE Santos Dumont – R$135.954,37;
  • Elaboração de projetos das interligações dos coletores aos interceptores 2ª Etapa ETE Santos Dumont – R$116.078,79;
  • Elaboração de projetos das interligações dos coletores aos interceptores ETE Elvamar – R$293.690,62;
  • Contratação de assessoria técnica para apoio na obtenção de licenças ambientais – ETE Elvamar- R$ 245.704,96.

Desse modo, ratificamos o compromisso e empenho do governo municipal a fim de melhorar a qualidade da vida da população através da adequada prestação dos serviços de saneamento, com destaque para a coleta e tratamento do esgoto.

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