Empreendedores em Valadares encaram o desafio de começar um negócio na pandemia

Arriscar ou não arriscar? Especialistas apontam caminhos para começar um empreendimento sem ter dor de cabeça

A pandemia do novo coronavírus gerou diversas incertezas nos negócios, com possibilidades constantes de fechamento de empresas todos os dias. Em Governador Valadares, a decisão de empreender nem sempre gera bons resultados. Nem todos conseguem abrir ou gerir o próprio negócio. Outros preferem nem arriscar, por medo de contrair dívidas ao invés de faturar. Mas é possível, sim, começar e ter sucesso. Especialistas apontam alguns caminhos para quem está começando agora nesse caminho.

As maiores dúvidas de quem pensa em abrir um negócio são: É preciso de capital para começar um negócio? Quanto? Como identificar meu público-alvo? Quais são as características de um empreendedor?

O secretário municipal de Desenvolvimento e Inovação, Hilton Manoel, falou dos erros que muitas pessoas cometem ao investir sem procurar pesquisar o mercado. “Temos que tomar cuidado sobre o conceito de empreendedorismo. Algumas pessoas acreditam que o fato de criar um CNPJ já o coloca como empreendedor. É bom deixar cada vez mais claro que empreendedorismo envolve a ação de implementar novos negócios ou melhorar processos já existentes, abrir novos mercados ou alterar as estruturas de mercado existentes. Empreendedorismo está intimidante ligado a inovação e, em muitos casos, também envolve riscos. Em Valadares, como qualquer outro município que polariza uma região, há espaço para empreender em diversas frentes, para suprir as demandas locais e regionais, especialmente daquelas ligadas aos setores de serviços – saúde, educação, dentre outros”, explica.

Hilton falou sobre alguns segmentos que têm se destacado em Valadares em meio à pandemia. “Destaco que a cadeia de saúde se apresenta como um campo potencial para novos empreendedores, porque há muitos espaços na cadeia produtiva local ainda não preenchidos pelos empresários da região, ou seja, há espaço para inovar, apresentando novos produtos, novos serviços e até mesmo melhorias em processos das grandes empresas já existentes”, afirmou.

Ramon Gonçalves é analista do Sebrae em Governador Valadares e diariamente lida com assuntos relacionados a abertura e fechamento de empreendimentos. Segundo ele, a maioria pecou em não pesquisar o mercado antes de arriscar. “Vamos analisar dois cenários: ou as pessoas empreendem por necessidade, isto é, aquelas que perderam o emprego e estão sem renda nenhuma, ou por oportunidades. Nesses dois cenários, geralmente quem decidiu empreender por oportunidade tende a planejar mais e investir no negócio. O que fica de recomendação é a pessoa estudar o mercado no qual você vai entrar. Por mais que haja muitas empresas naquele determinado negócio e possam estar tendo bom faturamento, é importante pesquisar e ver por qual caminho a pessoa pode oferecer algo diferente dos demais concorrentes. Portanto, pesquisa é fundamental”, explica.

Ramon Gonçalves é analista do Sebrae em Governador Valadares (Foto: Eduardo Lima)

Segundo Ramon Gonçalves, qualquer tipo de empreendimento se passa pela quantidade de capital para começar. “Depende do volume do investimento que a pessoa está disposta a fazer. Por exemplo: se a pessoa que abrir um resort na praia, que depende de uma estrutura física, naturalmente o volume financeiro será alto; mas se você vai abrir um FoodTruck ou uma barraca de pastel, será um investimento menor. Há alguns negócios que vão precisar de dinheiro, outros não. Mas, mesmo com dinheiro ou não, tudo passa pelo planejamento. Às vezes a pessoa tem capital para investir, mas acaba não dando certo”, disse.

Mesmo com a pandemia, empresários em Valadares se reinventam

Antes de arriscar em empreender, Jéssica era gerente de supermercado e decidiu aceitar a oportunidade de trabalhar com marmoraria. No início, era apenas sócia do negócio. Depois comprou a empresa do ex-sócio, em 2017. Desde então, administra a empresa e investe em capacitação. “O Sebrae em Valadares foi primordial nesse processo de mudanças na minha carreira. Pelos resultados que eu via em algumas empresas, decidi procurar também investir no meu negócio. Fiz muitos cursos online gratuitos, pegava orientação e aplicava na prática. Quando decidi empreender, lembrei de todos os conceitos que aprendi no Sebrae. Hoje após esses investimentos estamos tendo grandes resultados”, disse.

Jéssica Karoline, sócia-proprietária de uma marmoraria em Valadares, passou por essa adaptação e está colhendo agora os frutos. “A empresa existe há 13 anos, mas assumi a direção tem quatro anos. Antes a empresa trabalhava com material tradicional, já tinha um público-alvo definido. Vendo a necessidade de mudar, optei por reformular a visão da empresa de uma forma geral, sair do conceito básico e tradicional e trazer algo mais inovador. Fiz alguns investimentos, porque identifiquei na época uma mudança de comportamento da população por alto padrão de acabamentos feitos de mármore. Então, comecei a investir em maquinário mais tecnológico. Quando começou a pandemia, aumentou a procura por produtos devido ao crescimento da construção civil em Valadares. Com a escassez da mão de obra, foi necessário investir em maquinários automáticos para dar conta da demanda de trabalhos. Desde de então conseguimos aumentar a produção e consequentemente o faturamento da empresa. Foi uma decisão arriscada mais assertiva para o momento, pois aproveitamos o aumento do crescimento da Construção Civil nessa época”, contou.

A empresária Jéssica Karoline decidiu investir em maquinários de alta tecnologia (Foto: Arquivo pessoal)

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