Dia do Advogado: profissionais do Direito relatam mudanças na rotina durante a pandemia

História do Direito em Governador Valadares certamente será marcada pelas mudanças da pandemia, afirmam profissionais

No dia 11 de agosto é celebrado o Dia do Advogado. A data marca a fundação das duas primeiras faculdades de Direito no Brasil, que aconteceu em 1827. Quase 200 anos depois, a profissão se mantém como uma das mais tradicionais do país. No entanto, assim como várias outras áreas da economia, a área jurídica também foi afetada pela pandemia do novo coronavírus. Em Governador Valadares, desde março de 2020 a rotina desses profissionais teve mudanças significativas.

Para marcar a data, o DRD conversou com advogados de Valadares e região, que trouxeram relatos de como tem sido a experiência de trabalho durante a pandemia. Confira: 

“O uso da tecnologia já era uma realidade para os operadores do Direito de forma gradativa….o momento atual de pandemia utilizou e muito esse processo, trazendo aos advogados a necessidade de adequação, aprendizado e adaptação a esta nova realidade. Na minha visão, não mais se trata de uma opção mas de um fator fundamental para a manutenção do exercício da advocacia. Agora, nós profissionais do Direito, temos que nos atentar para a legislação brasileira e também para a tecnologia com suas evoluções. O PJE (Processo Judicial Eletrônico) já é uma realidade, e agora as audiências virtuais. Penso que é um caminho sem volta mesmo quando tudo voltar ao normal. Até porque viveremos uma nova realidade…..um novo normal!

Douglas Coutinho, advogado e professor do curso de Direito da Universidade Vale do Rio Doce (Univale)

“Como advogada atuando na área pública, as demandas judiciais tiveram uma pequena redução com relação a diligências e idas ao Fórum da Comarca. No entanto as demandas administrativas próprias de entes governamentais não pararam, assim como a gestão em si. Estar neste ramo é sentir que estamos contribuindo, por menor que seja a parcela, a construir uma cidade melhor, com ética e probidade.” 

Naiara Caroline Ricardo, advogada e procuradora-geral do município de Capitão Andrade

“Na verdade, a minha percepção é de que a pandemia apenas acelerou um processo de mudança que já havia sido iniciado (…). Falo isso porque nós já vivíamos uma tendência, pelo menos desde 2006, quando surge a primeira ideia de informatizar o processo, de atos processuais que poderiam ser praticados com fax, por e-mail. (…) Em linhas gerais, a pandemia apenas catalisou esse processo de transformação que a prática jurídica vinha passando. E pela própria característica da sociedade brasileira, ela se mostrou, num primeiro momento, muito perversa para a advocacia, que ainda não estava suficientemente preparada para lidar com isso. O que tem feito com que todos nós tenhamos que nos adequar a esse novo cenário. Aqueles que têm mais facilidade com os processos tecnológicos estão ganhando mais espaço. E aqueles que não estavam muito afinados ou não tiveram muito apoio, estão sendo marginalizados no mercado. É difícil fazer qualquer tipo de previsão, mas o certo é que a tecnologia chegou de vez. Ela aproveitou este momento tão difícil pra fincar suas bases definitivas.(…) Isso vai refletir no ensino jurídico de agora em diante, principalmente nas universidades, mas também na formação continuada dos profissionais”. 

Felipe Miranda, advogado e professor do curso de Direito da Universidade Vale do Rio Doce (Univale)

“Como advogado em tempos de pandemia eu tive que reinventar a roda, onde me vi obrigado a sair da zona de conforto, buscando novas parcerias, inclusive com a abertura de escritórios em outras cidades. Tenho visto que muitos colegas têm feito o mesmo. Hoje, por exemplo, estou com escritório em Governador Valadares, em Belo Horizonte e em Itabira. Assim, com a ampliação da estrutura física, com o empenho dos novos colaboradores, alcançamos pessoas e lugares que em outros tempos pensávamos ser impossível. A tudo isso, agreguei os recursos tecnológicos para que, junto com as novas parcerias, eu possa superar a pandemia e dela sair mais fortalecido, com novas experiências e expectativas futuras. Como professor da Fadivale tenho presenciado uma nova era do ensino superior. Posso dizer, sem sombra de dúvidas, com os meios tecnológicos que se abriram para mim, tenho trabalhado muito mais, contudo a qualidade das aulas também está infinitamente melhor. Quanto aos alunos, o feedback que tenho recebido é o de que eles têm aprendido e apreendido muito mais com as aulas em EAD”.

Ricardo Costa, advogado e professor da Faculdade de Direito de Governador Valadares (Fadivale)

“Então, tentar manter os estudos em meia a pandemia é algo desafiador; você encontra diversas barreiras e desmotivações. Ainda mais quando você está esperando aquela prova de um concurso que sempre almejou a vida toda. Acho que desanima qualquer pessoa. Eu tive que me adaptar e me adequar. Mas penso sempre que isso logo logo vai passar e toda essa batalha será conquistada”.

Ana Luísa Fagundes, graduada em Direito e se preparando para prestar concursos e para a prova da OAB

Os impactos da pandemia na profissão e o que se espera do advogado do futuro

Neste contexto de isolamento social, que impede atividades e encontros presenciais, a área e o profissional estão tendo que se reinventar. Inúmeros escritórios e bancas de advogados, bem como departamentos jurídicos de empresas, estão operando quase totalmente em home office, com resultados que, em muitos casos, revelam aumento de produtividade das equipes. Outra alteração significativa foi em relação às audiências. O CNJ (Conselho Nacional de Justiça), em março, estabeleceu para o Poder Judiciário um regime de plantão extraordinário e, em abril, procedimentos para a realização de audiências em primeira instância, bem como julgamentos recursais, com o uso de videoconferência.

“Os processos mais recentes já funcionam de forma eletrônica, na Justiça Comum, do Trabalho ou Federal. A advocacia já começou a se adaptar e não há dúvidas sobre a importância e necessidade de tecnologia nos escritórios como forma de otimizar os processos. Por isso, torna-se imprescindível ao profissional a habilidade digital para uso desses recursos agora e também no pós-pandemia”, afirma Michell Guerra, coordenador do curso de Direito da Faculdade Pitágoras Governador Valadares.

“Na área do Direito podemos dizer que as mudanças foram rápidas e abruptas, pois as audiências só aconteciam de forma remota em casos excepcionais. Hoje, o excepcional virou rotina e precisamos estar preparados para novas mudanças que podem surgir. Esse movimento deve ser uma tendência. Os escritórios precisam acompanhar cada vez mais de perto a transformação digital da sociedade e do mundo do trabalho, mesmo após a pandemia, por facilitar a operacionalização dos sistemas por parte do Judiciário“, complementa o docente.

Mudanças na formação

Em relação ao futuro do profissional, o docente não deixa dúvidas de que se destacará aquele que se adaptar mais rapidamente à nova realidade, aproveitando o momento de adversidades para desenvolver competências indispensáveis ao novo mercado de trabalho.

“A pandemia nos mostrou que além do conhecimento técnico, indispensável à profissão, algumas soft skills serão muito valorizadas no pós-pandemia. A resiliência e flexibilidade para lidar com o imprevisível, organização e engajamento com as tarefas, mesmo com a distância física da equipe, proatividade e criatividade na entrega de soluções e a capacidade de comunicação por meio de plataformas digitais são alguns exemplos do que se espera do advogado do futuro”, conclui.

História dos cursos de Direito em Governador Valadares

Em Governador Valadares, a primeira faculdade de Direito surgiu mais de 100 anos depois que o primeiro curso criado no Brasil. Fundada no dia 13 de agosto de 1968, a Faculdade de Direito de Governador Valadares (Fadivale) foi pioneira na região, e está prestes a completar 52 anos. Teve a autorização de seu funcionamento publicada em julho de 1969, lançando seu primeiro vestibular. Hoje, já são mais de 9 mil profissionais formados pela Fadivale.

Foto: Fadivale

Algumas décadas depois foi criado o curso de Direito na já tradicional Universidade Vale do Rio Doce (Univale), que completa 27 anos também em agosto. Mais recentemente, chegaram em Governador Valadares também os cursos de Direito da Faculdade Pitágoras e da Universidade Federal de Juiz de Fora. (UFJF). Juntas, as quatro faculdades formam centenas de profissionais todos os anos, que atuam dentro e fora da região do Vale do Rio Doce.

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