Denúncias de assédio moral contra diretor Socioeducativo de GV são expostas em audiência

Agentes foram até a Assembleia Legislativa para relatar agressões verbais e ameaças na unidade socioeducativa em Valadares

Vários agentes do Sistema Socioeducativo de Governador Valadares revelaram assédio moral e ilegalidades cometidas pelo diretor-geral do Centro Socioeducativo de Governador Valadares, Ayres Paula de Almeida Júnior. As denúncias foram expostas em audiência pública na terça-feira (10), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), em Belo Horizonte (BH). Conforme os agentes, aconteciam ameaças de transferências, mudanças de plantões e agressão verbal. A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) informou que todas as denúncias estão sendo apuradas. Procurado pelo DRD, Ayres disse que vai seguir a mesma posição da Sejusp.

A audiência pública foi realizada pela Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa, a pedido do deputado estadual Coronel Sandro (PSL). “Fui procurado por um número considerável de agentes do Centro Socioeducativo de Valadares, e me foi relatada uma série de irregularidades e procedimentos de conduta ilegal pelo Ayres Paula de Almeida Júnior. Depois de ouvir as denúncias, assumi o compromisso de encaminhar todas as denúncias ao secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, general Mário Araújo. Como não obtive nenhuma resposta por escrito ou verbalmente, solicitei a realização dessa audiência. Muitos não puderam vir à audiência por medo de retaliação”, disse Sandro. Toda a reunião foi gravada pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Sandro citou a denúncia da servidora Jaqueline Faria, que trabalha no sistema desde a fundação. Ela conta que foi removida de sua função como coordenadora do setor administrativo para que a esposa de Ayres Paula, Rosa Maria Monteiro, que é concursada para a área de segurança, ocupasse seu cargo. “Esse caso me chamou muito a atenção e para mim só isso já basta para que o diretor seja afastado do cargo”, comentou o deputado.

Outro agente, Daivison Marques, relatou que sofria agressão verbal de Ayres Paula em frente aos adolescentes infratores. “A forma como foram direcionadas as agressões contra mim foi bem impactante. Dois ou três adolescentes estavam na viatura, viram o que aconteceu e depois passaram a fazer chacota contra mim dentro da unidade. Isso é só uma sombra do que vem acontecendo. Vários colegas vêm sofrendo perseguição lá dentro”, disse Daivison durante a audiência.

Após o fim da audiência, Coronel Sandro pediu, através de requerimento, apuração imediata das denúncias apresentadas na audiência. “Essas denúncias serão enviadas para o Ministério Público do Estado, solicitando que providências sejam tomadas. Não compete à Assembleia ou a qualquer comissão tomar a decisão de transferir o diretor socioeducativo de lugar”, disse.

Denúncias de assédio eram constantes

Os agentes de segurança também procuraram a equipe de reportagem do DIÁRIO DO RIO DOCE para se manifestar sobre a denúncia. Um deles, que não quis se identificar, mostrou um relatório dos fatos ocorridos dentro do Centro Socioeducativo desde o início da gestão do diretor, em 2017. “Verifica-se nos plantões a vulnerabilidade em que se encontram os agentes, que trabalham dentro do CSE/GV, em virtude da postura assumida pelo dirigente, senhor Ayres, ao desqualificar a equipe de segurança, denominando-a apenas como socioeducadora. Isso fica nítido quando ocorrem as atividades diárias da unidade. Hoje há uma grande desproporcionalidade entre agentes de segurança e adolescentes infratores”, relatou.

O agente afirmou que as denúncias foram levadas ao Ministério Público e à Corregedoria do Estado, mas não houve retorno. No relatório, os agentes pedem a transferência imediata de Ayres Paula do CSE/GV. “Os servidores que venham ter qualquer discordância laboral com a gestão do senhor Ayres são posteriormente punidos com trocas punitivas de equipes sem nenhum embasamento legal, justificativa motivacional e muito menos tempo hábil para adequação. Em diversas oportunidades grita com os servidores que lhes estão subordinados, chama-os ironicamente de ‘legalistas, sabotadores, desagregadores e que só pensam em seus próprios umbigos’. Os supervisores de Segurança constantemente ameaçam os agentes, chegando ao absurdo de utilizar rádios comunicadores internos para afirmar que haverá mais trocas de plantão”, informa o relatório dos agentes.

Procurado pela reportagem do DRD, Ayres Paula disse por telefone, que só iria se manifestar sobre o assunto com o aval da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp). “A resposta do Estado é a minha”, disse.

Em nota, a Sejusp informou ao DRD que as denúncias expostas pelos agentes serão apuradas. “A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) destaca que toda e qualquer denúncia relacionada à conduta de seus servidores é rigorosamente apurada, respeitando e incentivando o direito de ampla defesa e o contraditório dos profissionais”, diz a nota.

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