Confira as dicas do médico valadarense, Dr. Emerson Monteiro
O período do inverno é o mais difícil para quem lida com problemas como asma, rinite e sinusite. Isso porque, com o clima frio e seco, estas doenças tendem a se agravar e os sintomas se tornam mais evidentes. Além disso, esta época do ano também é conhecida pelo aumento de infecções virais — como aquela gripe chata que, no senso comum, é logo associada ao frio.
Em 2020, apesar de todos os problemas causados pela pandemia de Covid-19, as outras doenças respiratórias continuam existindo. Como em todos os anos, o inverno tem feito o número de casos aumentarem, e pode ser difícil diferenciar os sintomas da Covid com os de outras infecções.
Para esclarecer um pouco o assunto, o DRD conversou com um otorrinolaringologista, médico que é especialista em doenças que envolvem o nariz, a garganta e os ouvidos. O doutor Emerson Monteiro, do Hospital Bom Samaritano de Governador Valadares, respondeu algumas perguntas sobre o tema.
DRD – Quando falamos em doenças respiratórias, pensamos logo nas mais comuns, que são a rinite, a sinusite e a asma. Além destas, existe mais alguma que requer cuidados neste período mais frio?
Dr. Emerson Monteiro – Este ano, de forma diferente (…) existe uma frequência muito grande das infecções causadas por Covid. A Covid aumentou, e muito, a quantidade dessas infecções. Algumas estatísticas acreditam até que cerca de 95% das doenças respiratórias que a gente tá vendo neste período são Covid, e 5% são os outros vírus.
E quais são os outros vírus? Gripe, rotavírus, vírus sincicial, outros tipos de coronavírus. Ou seja, com a quantidade de casos de infecção respiratória que o Covid causa, ele meio que monopolizou essas doenças. Então, até que se prove o contrário, todas as pessoas que têm uma síndrome gripal ou têm essas doenças respiratórias de inverno, a gente não considera mais como um resfriado comum, e sim como todos suspeitos de Covid. Numa consulta, o médico vai determinar se ela tem sinais compatíveis com Covid ou não.
DRD – E por que a incidência dessas doenças aumenta no inverno?
Dr. Emerson Monteiro – As doenças rinite, sinusite, asma, elas se exacerbam neste período. O que a gente tem muito neste período de inverno, né, são as doenças respiratórias de alta, principalmente as doenças virais. Como você está com ambiente fechado, você vai ter mais infecções respiratórias, porque o local fechado, sem arejar, favorece essa transmissão. O vírus da Covid é muito mais transmissível que os demais, então a capacidade dele de transmitir é maior, e isso favorece também neste período.
O fato de o ar estar seco também, resseca as mucosas, nariz, boca, faringe. E por estar mais seco, fica mais suscetível a irritação e à infecção.
DRD – Existe risco de alguém que nunca teve esses problemas, vir a desenvolver neste período por causa do clima?
Dr. Emerson Monteiro – Cerca de 2% das infecções de via aérea superior, virais, evoluem para uma infecção bacteriana, tipo uma otite, sinusite. Porém, quando você pega a sinusite, especificamente, 50% das sinusites bacterianas ocorrem por causa de uma infecção viral.
Parece uma informação desencontrada, mas é assim: muitas pessoas vão ter uma infecção viral, poucos vão ter uma infecção bacteriana causada por isso, que é os 2%. Porém quando a pessoa tem uma infecção bacteriana, 50% dessas pessoas teve uma infecção viral prévia. Então o que acontece é que essas doenças facilitam outras doenças mais graves.
DRD – Que cuidados as pessoas que já fazem tratamento devem ter durante o inverno para amenizar os sintomas? E para as pessoas em geral, quais são os cuidados necessários?
Dr. Emerson Monteiro – Um dos cuidados principais em relação a isso é deixar o ambiente arejado. Tomar líquidos, mesmo que às vezes no inverno você acabe diminuindo a ingestão de líquidos, [é importante] tomar água para manter as mucosas lubrificadas.
DRD – Neste ano temos um problema extra para as pessoas que sofrem com doenças respiratórias, que são as máscaras. Apesar de serem necessárias, elas costumam causar certo incômodo. O que pode ser feito para amenizar estes incômodos com o uso da máscara?
Dr. Emerson Monteiro – Um inconveniente é que a máscara atrapalha um pouco a respiração. Dependendo do tipo, modelo, ela pode pressionar o nariz. E aí faz com que a pessoa, se for uma máscara bem vedada, tenha a tendência de estreitar a passagem de ar pelo nariz, fazendo com que a pessoa acabe respirando pela boca. E isso é ruim, porque uma vez que você respira pela boca, apesar de estar de máscara, você vai ressecar, esse ar ele vai seco.
Quando esse ar passa pelo nariz, o nariz tem a função de umidificar o ar e aquecer esse ar. Então quando você respira, ele já tem uma quantidade suficiente de umidade e de aquecimento suficiente para o seu pulmão absorver bem isso, e ser confortável. Quando você respira pela boca, esse ar não está sendo umidificado e aquecido, e com isso você respira um ar mais seco, causando um aumento das irritações da garganta. Então é importante ver o tipo de máscara que a pessoa está usando, para não obstruir o nariz e manter a sua efetividade de proteção. E lembrar que tem que tomar bastante líquido.
