Como eu sei se é amor ou paixão? Aliás, os dois não são a mesma coisa?

Neste mês de junho foi comemorado o famoso Dia dos Namorados. Não foram poucas as fotos e declarações de amor que vimos pelas redes sociais. Além disso, sempre tenho demandas de pacientes relacionadas a dúvidas quanto aos sentimentos e suas formas de expressão. Sendo assim, decidi apontar neste artigo algumas ponderações relevantes sobre o amor, a paixão e suas formas de expressão, para que possamos compreender melhor como impactam nossas vidas.

A paixão, aparentemente, é muito bonita, contudo, possui conteúdos muito perigosos, pois o indivíduo se perde em seus conflitos, não conseguindo compreender corretamente qual o seu papel e o do cônjuge dentro da relação. Nisso, os sentimentos podem ir se tornando os mais coléricos possíveis.

Estudos da neurociência e da neuropsicologia apontam que a paixão pode durar de um mês até dois anos. Nesse período, a percepção do casal quanto ao comportamento de cada um pode ser amplamente alterada, impedindo que reconheçam alguns padrões de comportamento totalmente disfuncionais para qualquer tipo de relacionamento. Isso acontece porque alguns neurotransmissores que atuam no cérebro ficam totalmente desequilibrados, um mecanismo muito parecido com o efeito de muitas drogas alucinógenas. Uma recomendação básica que sempre faço é que, se possível, não case com menos de três anos de namoro. Apesar de saber que todo relacionamento é uma caixa de surpresas e que passaremos a vida toda conhecendo nosso cônjuge, três anos é um bom “time” para que a fase da paixão passe e o casal possa ter um percepção mais verdadeira da relação e daquilo que dá conta do modelo de relação que está construindo para si, evitando lá na frente as seguintes verbalizações: “Mas eu não sabia que ele/ela era assim, ele/ela nunca tinha feito isso, ele/ela mudou de uma hora pra outra”. Ninguém muda de uma hora pra outra. O parceiro(a) já tinha manifestado indicadores há muito tempo que agiria dessa forma, mas você não via porque estava no estágio da paixão, dominado(a) pela bioquímica cerebral.

Ao contrário do que muitos pensam, a paixão é platônica e não o amor. Ela é responsável pela idealização, ou seja, a pessoa se apaixona pela idealização que faz do outro. Já o amor é bem mais racional quanto a essa idealização. Ela não deixa de existir, mas é mais coerente.

Um dos grandes desafios do casal é compreender que a concepção de amar e ser amado é muito singular, tem a ver com as principais experiências de afeto da vida, e por isso o amor é desenvolvido através da verbalização e atitude. Os casais precisam investir tempo focando como o seu cônjuge gosta de se sentir amado. Esse movimento deve acontecer de ambos os lados, e, ao dar conta dessa expectativa da forma de ser amado, vai percebendo que dá conta de oferecer essa forma de afeto que tanto satisfaz o seu companheiro(a). Caso perceba que não dá conta de atuar dentro de uma relação com o foco no atendimento das necessidades do outro (tomando o devido cuidado e compreendendo que não vai satisfazê-las nunca totalmente), deve avaliar bem se essa é a relação que quer pra si. Se não quer ter o resto da sua vida assim, não deve se casar com essa pessoa. Outra questão é que esse empenho deve ser mútuo; assim, a relação torna-se mais igualitária.

Por esse e por outros motivos a relação não pode ser baseada exclusivamente no sexo, pois se há empenho em fazer um sexo maravilhoso mas não há empenho em atender as outras necessidades do cônjuge, significa que há uma relação de descompasso, e esse desequilíbrio em outras áreas da vida pode gerar uma grande frustração quanto às expectativas da relação.

Finalizando, o amor tem sempre como meta a promoção do bem-estar do casal. Mesmo que em algum momento tenha que falar de algum conteúdo desagradável, buscará ser o mais coerente e respeitador com a posição do parceiro, no intuito de buscar formas corretas de solucionar os problemas. Ele rompe as barreiras do medo (que pode existir em qualquer momento), mas, como o sentimento é legítimo, o cuidado também passa a ser legítimo. Dessa forma, havendo esse cuidado mútuo de construção do amor, a relação é bem mais agradável, equilibrada, coerente e, claro, prazerosa ao casal, mesmo com as adversidades possíveis das fases da vida.

Espero que a leitura deste artigo possa ajudá-lo. Aproveite e mostre a um amigo que necessita de uma leitura mais apropriada sobre o problema por que esteja passando. Caso queira contribuir com críticas ou sugestões a esta coluna de comportamento, escrita por Leonardo Sandro Vieira, é só contactar pelo 33-988186858/ 9992-5711 ou 3203-38784 ou pelo e-mail: leosavieira@gmail.com.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

[the_ad_placement id="home-abaixo-da-linha-2"]

LEIA TAMBÉM