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Com preço alto da carne de boi, valadarenses buscam outras opções

Demanda alta na exportação é um dos principais fatores que fazem o valor da carne bovina subir no Brasil

Devido à demanda alta de exportação para o mercado asiático e à falta de reposição no mercado interno, a carne de boi tem chegado à mesa dos brasileiros mais cara desde o fim de 2019. Em Governador Valadares não tem sido diferente. A procura por uma carne mais barata tem sido a solução para muitas pessoas.

Em pesquisas feitas neste sábado (10) em dois supermercados localizados na avenida Minas Gerais, na região do bairro Nossa Senhora das Graças, as carnes de boi apresentavam poucas diferenças nos preços. A maçã de peito variava de R$ 24,99 a R$ 26,90. O patinho era encontrado entre R$ 27,90 e R$ 29,99. O contrafilé estava com a variação de R$ 36,90 e R$ 37,90. O acém estava com o preço entre R$ 24,99 e R$ 26,90. A fraldinha foi encontrada por R$ 26,99 e R$ 27,90. Chã de fora estava R$ 28,99, enquanto o chã de dentro variou de R$ 29,90 e R$ 29,99. Já a alcatra foi encontrada por R$ 29,90, promoção em um dos supermercados, e R$ 36,90 no outro.

O administrador Tiago Isac mora com a esposa e um filho de quatro anos. Ele conta que essa alta no valor da carne bovina influenciou na procura por outros tipos de carne. “Aqui em casa, devido à alta no preço da carne de boi, passamos a optar mais por outras carnes, como a do frango (coxa e sobrecoxa) e a carne de porco, até porque, além da carne de boi, outros alimentos da cesta básica subiram de preço. Compramos a carne de boi esporadicamente neste período, por estar com o preço inacessível, e estamos tentando economizar, dando preferência para outros tipos de carne”.

Tiago Isac conta que a carne de boi tem sido comprada de forma esporádica em sua casa (Foto: Arquivo pessoal)

Marcus Túlio é estudante de educação física e treinador de basquete. Ele mora com a mãe e revela que a realidade na casa dele é a carne de frango, que sai muito mais em conta. “Outro dia fui comprar um músculo para moer e o quilo estava 28 reais. Desisti e peguei uma bandeja de filé de peito de frango, que estava 8,90 o quilo. Procuro a carne mais barata, porque o preço da carne vermelha ultimamente está meio absurdo. O frango é uma carne barata e, comparado com a carne de boi, o disparate é grande”.

Carne de frango é a preferência na casa de Marcus Túlio (Foto: Arquivo pessoal Marcus Túlio)

O Diário do Rio Doce também conversou com o segundo vice-presidente da União Ruralista Rio Doce e diretor do Sindicato Rural de Governador Valadares, Cantídio Ferreira, que analisou a situação da alta do valor da carne bovina neste período. “O que está acontecendo é que a demanda externa está maior que a demanda interna, em função da pandemia que estamos vivenciando. A oferta de bovino pronto para o abate não está sendo suficiente para atender essas demandas. Com isso, os preços das carnes vêm aumentando no mercado atacadista. A pandemia trouxe um recuo do mercado interno. Em contrapartida, o mercado asiático, principalmente a China, tem importado muita carne de boi. Por estar passando por um surto de peste suína, sendo que o consumo maior dos chineses é de carne de porco, eles estão partindo para a carne bovina”, disse.

Segundo Cantídio Ferreira, a prioridade para a exportação de carnes atualmente tem ligação com a alta do dólar, situação que pode trazer uma margem de lucro maior para quem exporta. “Como outros países passaram dificuldades, acabou sobrando para o Brasil, que é um dos maiores exportadores de carnes bovina, suína e de frango. Com isso, o mercado interno vem sendo enxugado e os produtores priorizam o mercado externo, principalmente por causa da alta do dólar, que faz a carne brasileira ser mais competitiva e demandada lá fora, além de trazer uma maior arrecadação.”

De acordo com o diretor do Sindicato Rural, outros fatores que influenciam na alta do valor da carne bovina são os insumos, que ajudam na engorda dos bois confinados. “Os insumos que engordam as proteínas vermelhas, que são milho e soja, estão muito demandados pelo mercado asiático. Essa situação aumenta o custo de produção dos produtores rurais. Com esse aumento de custo, o produtor rural diminui a produção na intensificação de engorda no confinamento e semiconfinamento dos bois. Até o final de outubro deve ter um aumento de carne de boi confinado. O boi fica preso de 90 a 120 dias, mas, chegando novembro e dezembro, não vai ter boi engordado a pasto, que é uma forma mais em conta. Com uma oferta menor nesse caso, pode aumentar ainda mais o preço da carne. Já o consumo interno tende a aumentar, em função das festas de final de ano, pagamentos de 13º salário, dentre outras situações.”

Cantídio Ferreira explica situação da alta no valor da carne bovina (Foto: Assessoria Sicoob Crediriodoce)

Cantídio Ferreira ainda ressalta que haverá reflexo de alta no valor da carne bovina no ano de 2021. “Estamos em um ciclo pecuário de falta de reposição. Com certeza, teremos reflexo em mais um ou dois anos pra frente, principalmente se o mercado externo continuar demandado. A margem de lucro é maior quando exporta; o produtor procura jogar na carne para o mercado exportador. De 100% que nós produzimos, 70 a 80% é consumida internamente, aí aumenta o volume de exportação, começa a faltar para o mercado interno.”

Sobre a realidade de Governador Valadares e região, Cantídio Ferreira explica que os custos de produção têm sido altos por causa dos insumos que chegam com preços elevados. “Nosso custo de produção no momento é muito alto, em função de estarmos longe dos insumos. Isso acaba aumentando, principalmente para quem confina e semiconfina. Quem não tem condição de fazer isso espera o período de chuva para ter a ‘massa verde’ novamente e engordar o boi a pasto, que tem um custo menor. As nossas escalas em nossa região são curtas, por não ter muita oferta. Hoje tem muitos frigoríficos com dificuldades de ter bovinos para abater, já que a oferta está bem restrita. Como a demanda para efeito de reposição está maior, o bezerro fica mais valorizado, e isso aumenta o custo de produção, não só na cadeia do corte, mas também para o leite, já que os insumos chegam para nós mais caros”, finalizou.

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