Caminhoneiros valadarenses avaliam possibilidade de aderir a uma greve no domingo

Movimento nacional organizado pelo Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas briga por mudança na política aplicada pela Petrobras no preço do óleo diesel

Uma possível paralisação de caminhoneiros poderá acontecer a partir do próximo domingo (25) no Brasil, data em que é comemorado oficialmente o Dia do Motorista. A greve está sendo organizada pelo Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC) e tem apoio da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL). A principal pauta de reivindicação é a revisão da política de preço do óleo diesel pela Petrobras. Já a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) informou que ainda não há orientação aos seus associados sobre aderir ou não à paralisação. Em Valadares, o DRD ouviu caminhoneiros sobre a adesão a esse movimento de paralisação.

Olívio Henrique, também conhecido como Braço Forte, administra um grupo de Facebook composto por caminhoneiros, além de uma página no Instagram. Ele conta que trabalha como caminhoneiro há 15 anos em Valadares, sendo que nos primeiros seis anos foi empregado e há nove se tornou autônomo. De acordo com ele, chegou a aderir à última grande greve nacional de caminhoneiros, em 2018. Desta vez, no grupo de caminhoneiros de que ele participa, ainda não foi decidida a adesão ao movimento.

“Temos um grupo que sempre conversa pelo whatsapp, com mais de cem caminhoneiros de Valadares e região. A princípio, não chegamos a um consenso se vamos aderir a essa possível greve ou não. Com certeza, é uma pauta importante para nossa categoria, que vive um momento muito difícil. A reivindicação, com certeza, é justa, mas o momento político talvez não seja o ideal. Agora, se essa greve tomar corpo e crescer a nível nacional, não deixaremos nossos irmãos para trás; aí sim vamos aderir”, destaca Olívio.

Olívio Henrique diz que o grupo de caminhoneiros do qual ele participa ainda não decidiu sobre a paralisação (Foto: Arquivo Pessoal)

O carreteiro Alexandre Borges trabalhou como empregado por 14 anos e há 14 anos é autônomo. Ele diz que também aderiu à última greve, que parou o país por 10 dias, no mês de maio de 2018, mas que desta vez não vê possibilidade de adesão dos caminhoneiros autônomos. “Dentro do cenário que temos visto hoje, não vejo essa possibilidade de paralisação. Muito pelo contrário, acredito que não terá apoio da maioria da nossa classe. Aparentemente, é um movimento para desestabilizar o governo federal e tem cunho político.”

Alexandre ressalta que essa questão da política de preço de combustível com paridade internacional já vem de muito tempo, e uma briga para mudar essa situação seria apenas benéfica para o grande empresário. “A gente sabe que o Brasil é um grande produtor de petróleo, mas que tem dificuldade de refinar. Então, existe essa política de mandar o petróleo para fora e refinar, o que gera um custo alto. O governo já tem feito várias manobras para tentar administrar esse preço aqui no país, como a isenção do imposto federal para forçar os estados a abaixar os impostos, só que os estados aproveitaram para aumentar esses impostos. Brigar por preço de combustível será mais um tiro no pé, como foi aquela briga pela tabela de frete, como na última paralisação que nós fizemos. Não teve benefício algum para a classe autônoma. Quem se beneficiou foi o grupo de grandes empresários do ramo de transportes. Se fosse fazer uma paralisação, teria que ser pela busca por um frete que seja compatível com o aumento do combustível, mas dificilmente isso será mudado.”

Alexandre Borges acredita que desta vez os caminhoneiros autônomos não irão aderir ao movimento de paralisação (Foto: Arquivo Pessoal)

Apesar de considerar realmente um momento difícil para a classe de caminhoneiros autônomos, Alexandre ressalta que aprendeu com o pai de um amigo, que também foi motorista de caminhão por muitos anos, que a vida de caminhoneiro sempre terá altos e baixos. “Todo momento difícil para caminhão é bom para a classe autônoma, pois isso é uma peneira. Aqueles que são realmente do ramo continuarão, pois já têm o ‘couro grosso’ e estão acostumados com épocas boas e ruins, mas aqueles que entraram de paraquedas se assustam.”

A última grande paralisação nacional de caminhoneiros aconteceu entre 21 e 30 de maio de 2018, durante o governo do então presidente Michel Temer. O movimento causou desabastecimento de alimentos e remédios no Brasil, além do aumento do preço da gasolina.

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