Agosto Laranja: neste mês de conscientização sobre a esclerose múltipla, médico neurologista informa riscos da doença

O mês de agosto levantou importantes debates que englobam a saúde e, dentre esses, está a conscientização sobre a esclerose múltipla. Trata-se de uma doença neurológica e autoimune, ou seja, quando o próprio corpo produz células que agridem o sistema nervoso central. Segundo o médico neurologista Mateus Nader, seu consultório em Governador Valadares atende, atualmente, cerca de 30 pacientes acometidos pela doença.

Nader explicou, ainda, que há diversos tipos de esclerose. No caso da múltipla, o público atingido é majoritariamente feminino e jovem, de 20 a 30 anos. Mas as características genéticas, dentro desse perfil, costumam ser bem específicas:

“O termo esclerose significa inflamação. Então esclerose múltipla são inflamações múltiplas no cérebro. É uma doença mais comum nos países nórdicos (Canadá, EUA, Europa), mas como temos uma população miscigenada, a gente vai ver muitos casos aqui também. Se a gente colocar um protótipo do paciente com esclerose múltipla, é aquela mulher jovem, branca, caucasiana. Existem homens, mais velhos e negros? Existem. Esses têm uma tendência até de ter uma doença mais agressiva, porque está fugindo da epidemiologia habitual”, pontuou o médico.

O profissional complementou afirmando que, ao contrário da crença de muitas pessoas, a esclerose múltipla não é uma doença que afeta o sistema cognitivo e, portanto, não está relacionada a problemas mentais. Sendo assim, é uma patologia sem causa definida – a não ser a predisposição genética – que afeta apenas a coordenação motora do paciente.

Mateus Nader (Neurologista) | VÍDEO: DRD/TV Leste

Diagnóstico

O diagnóstico da esclerose múltipla vai depender do nível de atenção do paciente aos sintomas. De acordo com o neurologista, os sinais começam leves e oscilam com o passar do tempo, podendo até mesmo haver uma melhora e, na sequência, uma piora do quadro. Por isso, ao detectar qualquer um destes sintomas, sendo o mais comum deles a fraqueza muscular, é importante consultar um médico imediatamente.

“O diagnóstico inicia quando o paciente começa algum sintoma neurológico. Geralmente, os sintomas da esclerose múltipla têm uma evolução mais lenta e são negligenciados. O paciente começa a sentir que talvez a perna está um pouco mais fraca, mais pesada, que o braço não está com a mesma agilidade e isso vai piorando ao longo dos dias. É comum o paciente começar com sintomas sensitivos: dormência e formigamento. Aí você imagina uma mulher jovem com queixa de dormência, a primeira coisa que vai se pensar é em crise de ansiedade. Então a suspeição começa quando o paciente apresenta algum sintoma neurológico focal que não tem uma justificativa”, informou Mateus Nader.

Desse modo, o médico ressalta que para o diagnóstico é necessária uma série de exames, além de avaliações sobre todos os sintomas relatados pelo paciente e o tempo em que a pessoa já vem apresentando tais sintomas; o que ele define como um “quebra-cabeças” a ser montado. “O que eu vejo aqui no consultório: quando o paciente chega para poder investigar, na verdade ele já teve sintomas anteriores e ele mesmo negligenciou. Então com exames complementares, ressonância magnética, exames de sangue, a gente fecha esse diagnóstico”, disse.

Em quadros mais avançados da doença, o paciente também pode notar problemas ao urinar, como: necessidade frequente, retenção ou perda involuntária de urina.

Tratamento

Ainda segundo Mateus Nader, não há cura definitiva para a esclerose múltipla, embora seja totalmente possível o paciente levar uma vida normal se tiver acompanhamento médico. A respeito do tratamento, o médico disse que há duas alternativas: o tratamento farmacológico (quando há o uso de mediamentos) e o não farmacológico (quando muda-se os hábitos de vida do paciente). “A prática de atividade física regular, a alimentação saudável, evitar o vício do tabagismo… Estes hábitos de vida saudáveis são uma forma de tratamento”, destacou.

Já o acompanhamento farmacológico, Nader explica que é dividido em duas partes: tratamento dos sintomas e etapa de modificação da doença. “Vamos tratar para tentar desinflamar aquela região do cérebro naquele momento e melhorar os sintomas. E o tratamento modificador da doença é de manutenção, então eu quero evitar que aconteçam novas inflamações, que essa doença progrida de uma maneira mais grave. Então a gente tem várias opções de tratamento”, concluiu.

Reabilitação física

A coordenadora do Centro de Apoio ao Deficiente Físico Doutor Octavio Soares (Cadef) de Valadares, Érika Guerrieri, relatou que por se tratar de uma doença incomum, o número de pacientes com esclerose múltipla atendidos pelo Centro é relativamente menor, se comparado a outras doenças motoras. Diante disso, ela afirma que a unidade atende a 100% dos pacientes que procuram os serviços.

Portanto segundo a coordenadora, o Cadef entra na etapa de tratamento do paciente com a missão de dar a essa pessoa as condições de manter-se funcional, realizando normalmente as atividades do dia a dia. No Cadef, a gente faz a reabilitação funcional. Então a gente vai trabalhar todas as partes de prevenção e adequação funcional desses pacientes. O paciente é avaliado por uma equipe multidisciplinar (fonoaudióloga, psicóloga e fisioterapeuta), que irão avaliar todas as necessidades funcionais desse paciente, e ele vai entrar nesse processo de reabilitação dentro do que ele precisar”, informou Guerrieri.

Érika Guerrieri (Coordenadora do Cadef) | DRD/TV Leste

As pessoas que necessitam de reabilitação podem ir até ao Cadef de segunda a sexta-feira, de 7h às 11h da manhã, portando os documentos de identificação e laudo médico para iniciar o acolhimento com a assistente social. O Cadef está localizado na rua São João, nº 340, Centro – próximo ao Hospital Municipal.

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