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A influência do dólar na economia de Valadares

FOTO: Freepik

O impacto do fluxo migratório na cidade é uma preocupação para o desenvolvimento econômico

Desde a primeira vez em que um valadarense pisou nos Estados Unidos, a relação entre o país norte-americano e Governador Valadares nunca mais foi a mesma. O fluxo migratório, que teve início na década de 60, intensificou-se ainda mais na segunda metade dos anos 80. Naquela época, o contexto de crise econômica no Brasil tornou a migração para os Estados Unidos ainda mais atraente para a classe média.

“A partir de 2010, observamos uma nova configuração. As famílias começaram a migrar, fechando suas residências para seguir pais, mães, filhos e até mesmo membros estendidos, como tios, avós e primos. Além de migrarem em família, o objetivo é não retornar e viver lá”, explica Sueli Siqueira, professora da Universidade Vale do Rio Doce e pesquisadora na área de migração.

Consequências da migração

Entender a dimensão dos impactos desse fenômeno migratório em Governador Valadares é complexo. O assunto foi tema de um encontro online realizado na última sexta-feira (14), entre a Secretaria Municipal de Desenvolvimento, Tecnologia e Inovação e representantes da ONU Migração. Dessa forma, o cenário histórico de Valadares diante do fluxo migratório torna-se uma preocupação para o desenvolvimento do município e para a vida das pessoas que aqui residem.

“A gente se preocupa em garantir que as pessoas encontrem oportunidades de emprego e possam ter uma vida digna, de modo que optem por permanecer no país. Portanto trabalhamos para criar essas oportunidades aqui em Governador Valadares. Acreditamos que, ao oferecermos mais planos de carreira, salários com benefícios e oportunidades para a incorporação da mão de obra local, as pessoas escolherão ficar mais próximas de suas famílias e permanecerão aqui”, explica Beatriz Almeida, secretária de Desenvolvimento, Tecnologia e Inovação.

Para compreender com maior precisão as consequências da migração, a Administração Municipal tem buscado informações junto ao Banco Central, à Polícia Federal e à Receita Federal. A ideia é reunir dados suficientes para analisar como a conexão e a influência dos valadarenses nos Estados Unidos afetam a economia local.

“Os preços, desde terrenos até produtos de consumo, acabam sofrendo influência da quantidade de dinheiro disponível nas mãos dos valadarenses. Isso gera um impacto nos preços, mas não impacta na produtividade. É como se houvesse uma incompatibilidade entre o dinheiro em circulação e a produção. Portanto não é gerado aqui esse valor”, destaca Beatriz Almeida.

Emigração afeta mercado de trabalho

A migração também é um fator que agrava a situação do mercado de trabalho em Governador Valadares. Embora não haja dados que permita entender o quanto esse fator impacta a contratação de mão de obra, os empresários da cidade apontam para uma escassez de profissionais, especialmente para funções operacionais.

De acordo com o presidente da CDL-GV (Câmara de Dirigentes Lojistas), Rogers Alves De Marco, a situação não é nova. Contratar novos funcionários ou até mesmo manter o quadro de profissionais dentro de uma empresa é um desafio. “O empresário precisa entender que, para reter ou captar um funcionário, terá que oferecer melhores condições. É preciso fornecer mais benefícios, mais treinamento. É um conjunto de ações para ter profissionais bem qualificados. E isso requer um pagamento maior. O momento atual é de escassez de mão de obra”, afirma Rogers De Marco.

Anderson Oliveira é gerente de vendas em uma loja de artigos esportivos no centro de Governador Valadares. No mês de junho, um vídeo publicado nas redes sociais anunciando uma vaga de emprego no estabelecimento se tornou viral.

O anúncio informava que a empresa estava recebendo currículos para avaliação e contratação. Porém chamava atenção o último critério para a vaga. Além de ter mais de 18 anos, experiência em vendas e conhecimento em informática, o anúncio destacava: “não ter planos de ir para os EUA nos próximos 12 meses”.

Após perder dois funcionários seguidos, que deixaram o emprego para ir morar nos Estados Unidos, Anderson teve a ideia de fazer o anúncio da vaga de emprego de forma não convencional.

Vagas continuam em aberto

Na visão do gerente de vendas, Anderson Oliveira, a questão não está relacionada à oferta de emprego, mas sim ao desejo de muitos valadarenses de viver o “sonho americano”. “As pessoas vão embora não necessariamente por falta de trabalho ou oportunidades na cidade. Elas querem viver o sonho americano. Algumas pessoas se ficassem no Brasil seriam apenas assalariadas, sem oportunidades de concluir um ensino superior. Nos Estados Unidos, conseguem impulsionar suas vidas financeiras. A moeda vale cinco vezes mais que a nossa, então, conseguem economizar e fazer em cinco anos o que fariam em quase vinte anos de trabalho no Brasil. Isso, de certa forma, contribui muito para a cidade e a economia local”, disse Anderson Oliveira.

Quanto à relação entre trabalho e migração, a professora Sueli Siqueira considera necessário ter cautela ao associar essas questões. No entanto ela não descarta que o ideal de mudar de vida através da migração para outro país possa influenciar o mercado de trabalho local.

“O que percebo hoje é uma desesperança. Primeiro há a ideia de que a vida será mais fácil lá, de que conseguirá as coisas mais rapidamente, o que nem sempre é verdade. Além disso, acredita-se que no Brasil não será possível mudar de vida, que não haverá oportunidades. Essa é uma das principais motivações que as pessoas mencionam ao migrar.”

Outros fatores que contribuem para a escassez de mão de obra podem estar relacionados à qualificação dos profissionais e à possibilidade de obter renda sem carteira assinada. “A pandemia levou algumas pessoas a descobrir que também poderiam empreender, trabalhar em casa ou optar por trabalho remoto. Consequentemente, essas pessoas saíram do mercado de trabalho e seguiram um modelo profissional diferente”, ressalta Rogers De Marco.

Comments 3

  1. Elifas says:

    Meu nome é Elifas vivo nos EUA a 21 anos , sou natural de Governador Valadares ,MG gostei muito de ler essa matéria , pois as diferenças ideias das pessoas, quando era garoto ouvia os mais velhos falar ou reclamar do brasil não entendia pois era muito novo hoje com 48 anos de idade entendo porque , pois já vivi em outros países antes de vir para a América, pois sou apaixonado pelo o brasil , mas amo a 🇺🇸 América, pois venho notando político mais políticos tentando mudar o brasil , mas não só depende dos políticos, a cultura do povo brasileiro e os Americanos e totalmente diferente, a constituição Americana e muito linda e o povo preserva e muito , para o brasil melhorar eu tenho várias ideias que pode melhorar o Brasil , mas vai demorar um bom tempo , pois as leis não favorece ao povo e sim aos políticos que entra no cargo com ma fe para ficar ricos e não ajudar o povo crescer e melhoria para o país , vou citar alguns exemplos dos EUA 🇺🇸 1 alguns estados os políticos trabalha sem receber eles são voluntários 2 cidades Americanas não tem câmara de vereadores ou vereador só tem ( 3 city consul) conselheiros do prefeito 4 eles investem nas escolas muitas escolas 5 investi nas faculdade bolsa de faculdade 6 os iPVA são muito mais baratos do que o brasil 7 uma cidade com uma população de 30,000 pessoas tem uns 4 prótons socorro são muitos hospitais 8

  2. Joacy cunha says:

    Olá já morei em Valadares tenho imóvel na cidade ,o que não bate é os preços de tudo imóvel locação alimentação o custo de vida muito alto por um salario muito baixo e falta de empregos. hoje vivo em São Paulo

  3. CLAUDIO RENATO FERREIRA DA SILVA says:

    Olá, Igor.

    Cláudio Renato, da Globonews. Tudo vem?

    Meu WhatsApp é 21 99531-6400

    Pode passar o seu?

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