As urnas eletrônicas foram utilizadas pela primeira vez no Brasil em 1994. Mas apenas dois anos depois, nas eleições de 1996, o equipamento ganhou uma nova versão, mais inclusiva, para os eleitores com deficiência visual. Na época, a iniciativa de dar mais acessibilidade ao eleitor veio com a adição do sistema braille no teclado da urna eletrônica.
Agora, depois de duas décadas, o equipamento que os eleitores utilizarão no dia 2 de outubro será uma versão mais atualizada, com recursos de inclusão e acessibilidade aprimorados. Eleitores com deficiência auditiva, por exemplo, poderão ver no visor da urna um intérprete de Libras (Língua Brasileira de Sinais) que irá traduzir os comandos e informações necessárias durante o processo de votação no equipamento.
“As urnas, com o passar do tempo, vão adquirindo mais algumas características para facilitar o voto de todos. Neste ano [2022], além de contar com detalhes em braille e som para os deficientes visuais, também será possível que esses eleitores aumentem ou diminuam o som, acelerem ou diminuam a velocidade da fala, com uma melhor definição de som, para eles poderem identificar os candidatos em que estão votando”, explicou Jean Cláudio Faria, chefe de cartório de Governador Valadares.
Além do sistema braille e da identificação da tecla número cinco nos teclados, os tribunais eleitorais disponibilizam fones de ouvido nas sessões com acessibilidade e naquelas onde houver solicitação específica, para que o eleitor cego ou com deficiência visual receba sinais sonoros com indicação do número escolhido e retorno do nome do candidato em voz sintetizada. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pessoas com deficiência ultrapassam o número 100 mil eleitores no estado de Minas Gerais.
Em Governador Valadares, dos 215.631 eleitores, 1.576 são deficientes. Entre eles está o músico Luciano Rufino. As mãos habituadas a seguir o ritmo da batida na hora de tocar os instrumentos de percussão também se mostram bem ágeis quando ele se aproxima da urna. Os dedos passam por cima das teclas e, pelos sinais em braille, consegue reconhecer as posições de cada número. Para o músico, que é deficiente visual, ter essa possibilidade de novos recursos não só facilita o voto do eleitor na urna eletrônica, mas permite a participação de todos nas eleições, além de ser um caminho para tornar a sociedade mais inclusiva e integrada a pessoas com deficiência.
“Eu acho que, hoje em dia, com esse novo recurso do áudio, juntamente com o braille, ficou bem atual. A gente precisa de cada vez mais acessibilidade, e quanto mais tecnologia pra gente é melhor, para nós conseguirmos nos adequar melhor a qualquer tipo de situação. O fato de as urnas estarem mais atuais é bem interessante, porque agora tem todos os recursos na urna”, disse Luciano Rufino.