Enquanto a mãe relata um caso de agressão sofrida pelo marido algumas horas atrás, a criança de pouco menos de um ano de idade, ao lado, sentada em um carrinho de bebê, se distrai com um brinquedo, algo parecido com uma bateria. A mãe tenta explicar o que aconteceu com ela e, entre uma frase e outra, o filho descobre um jeito diferente de brincar jogando o brinquedo no chão. A mãe até se desculpa pela “bagunça” do filho, mas, antes mesmo de terminar a fala, a criança joga o brinquedo novamente no chão.
Na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher em Governador Valadares, é comum que mães, quando vão até o local para denunciar algum tipo de violência doméstica, levem os filhos juntos. Foi pensando nesse contexto que a iniciativa de ter uma brinquedoteca dentro do ambiente de espera da Delegacia ganhou forma e se tornou parte do atendimento oferecido.
De acordo com a delegada de Polícia Civil Gabriela Morais Bomfim Queiroga, o projeto surgiu a partir da mudança de endereço da Delegacia de Atendimento à Mulher.
“Primeiro a ideia era que fosse um espaço decorativo voltado para o público infantil. Por ser uma área de espera, geralmente ficavam as crianças. E aí a gente começou a ver o interesse das crianças com o ambiente decorativo e os servidores da Delegacia começaram a trazer doações de brinquedos, livros, para as crianças ficarem na área de espera. Com o passar do tempo a gente recebeu doação de brinquedos do Departamento de Investigação e Proteção à Família, e aí a gente inaugurou definitivamente a brinquedoteca. Hoje ela funciona assim: a criança é estimulada a brincar com brinquedos e também há casos em que até a gente incentiva que a criança leve o brinquedo para poder fazer o uso dele em casa”, explicou Gabriela Morais Bomfim.
Segundo o delegado regional da Polícia Civil de Governador Valadares, Endgel Rebouças, a iniciativa contribui para tornar o ambiente mais receptivo e acolhedor para as crianças, principalmente quando a mãe está prestando o depoimento e relatando algum assunto mais delicado.
“Isso tem uma importância muito grande para a criança se sentir mais ambientada, para que a mãe possa deixar o seu filho em um ambiente mais agradável, enquanto presta depoimento. A ideia é sempre trazer conforto para a população que precisa do nosso atendimento”, contou Endgel Rebouças, delegado regional da Polícia Civil de Governador Valadares.
Para manter esse projeto da brinquedoteca, a Polícia Civil conta com a doação de brinquedos e livros. Quem tiver o interesse de colaborar com o projeto pode entregar os brinquedos na Delegacia de Atendimento à Mulher, na rua Arthur Bernardes, 932, Centro.
Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher no centro da cidade
O delegado também ressaltou que a alteração de endereço da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher, realizada em março de 2021, para a região central da cidade foi também mais uma das medidas para facilitar o acesso da população no atendimento presencial da Polícia Civil.
“A Delegacia de Mulheres tem proteção legal para funcionar em um ambiente diferente de onde se investigam outros tipos de crimes, como homicídios e tráfico de drogas. Então, pela lei, a Delegacia tem que funcionar em um prédio próprio, um prédio afastado, para preservar as vítimas, as testemunhas e os envolvidos de um ambiente de Delegacia, que geralmente é mais carregado. Então se optou em fazer uma Delegacia de Mulheres na região mais central, para poder propiciar um ambiente mais agradável para as pessoas que necessitam desse atendimento”, disse o delegado regional.
Violência doméstica em Valadares
Segundo dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais, em Governador Valadares foram registrados até este momento em 2022 mais de 750 vítimas de violência doméstica. Em 2021 foram registrados 2.443 vítimas desse tipo de violência. O levantamento tem como fonte a Polícia Civil de Minas Gerais.
Em caso de violência doméstica, procure ajuda e atendimento nas delegacias de atendimento especializado à mulher, nas defensorias públicas, nos postos de saúde, no Instituto Médico Legal, para os casos de estupro, e nos centros de referência.
Há, também, a Central de Atendimento à Mulher, que funciona 24 horas por dia, de segunda a domingo, inclusive feriados, pelo telefone 180. A ligação é gratuita e o atendimento é de âmbito nacional.
