5ª Jornada de Psiquiatria começa hoje; evento abordará suicídio com lançamento de livro e grupo de apoio 

O presidente da Associação Mineira de Psiquiatria, Humberto Corrêa, ministrará uma aula magna na abertura do evento, nesta sexta (17)

Começa nesta sexta-feira (17), logo mais, a partir das 18h, a V Jornada de Psiquiatria, em Valadares. A abertura acontecerá no auditório da Universidade Vale do Rio Doce (Univale), com encerramento no domingo (19). O evento é voltado para estudantes e profissionais da área da saúde e educação. Mas o público geral que tiver interesse também pode participar. Esta é uma realização da Associação Mineira de Psiquiatria que, neste ano, traz como tema principal o suicídio. 

De acordo com o presidente da associação, Humberto Corrêa, o propósito da iniciativa é derrubar barreiras que impedem as pessoas de adquirir conhecimento e, assim, prevenir o suicídio. Aliás o psiquiatra acredita que calar-se diante do problema não trará a solução.

“É um assunto de saúde pública altamente negligenciado. Boa parte, por causa do estigma, do tabu que cerca esse assunto. Nós temos que falar sobre isso? Temos que falar. Entretanto existem formas adequadas e formas não muito adequadas de abordarmos esse assunto”, explica.

Dessa forma, o médico acrescenta que, para evitar falar do assunto de modo inadequado, basta se atentar às orientações da Organização Mundial da Saúde e também da Associação Brasileira de Psiquiatria. Dentre as abordagens consideradas inconvenientes e prejudiciais, estão o sensacionalismo, especulações sobre a causa do ato e métodos utilizados. “Há formas adequadas de se falar sobre o suicídio. Formas técnicas, educadoras sobre o tema, que vão contribuir para reduzir o estigma e a mortalidade por suicídio”, esclarece.

Humberto Corrêa – Presidente da Associação Mineira de Psiquiatria | FOTO: Fred Seixas

Conhecimento e prevenção

Sendo assim, para dar início à Jornada de Psiquiatria, Humberto Corrêa ministrará, na noite desta sexta, uma aula magna sobre prevenção. “Hoje à noite, nós vamos discutir, basicamente, a prevenção do suicídio. Nós temos várias formas de prevenção, tanto a nível de saúde pública quanto a nível individual. A nível de saúde pública é algo muito importante. O Brasil é um dos poucos grandes países do mundo que não tem estratégia nacional de prevenção ao suicídio”, pontua.

Os resultados da falta de estratégia de prevenção, segundo Corrêa, são preocupantes. “Lá no início dos anos 2000, a OMS convidou os países membros a criarem seus planos de prevenção ao suicídio. O Brasil foi signatário desse documento, mas não fez seu dever de casa. Dezenas de países fizeram. Por volta de 2008, 2009, a OMS convidou os países membros a assumirem o compromisso de, até 2020, reduzirem em 15% as taxas de suicídio. O Brasil assinou esse compromisso. Resultado: no mundo, as taxas de suicídio caíram 30% entre 2000 e 2020. No Brasil, as taxas aumentaram 50% entre 2000 e 2020. Fica claro que política pública é eficaz para prevenir o suicídio”, lembra.

Ainda de acordo com o presidente da associação, idosos são o principal grupo de risco. No entanto a quantidade de casos envolvendo adolescentes desperta a preocupação do médico. Quanto a isso, Humberto Corrêa acredita na importância de ações de conscientização e acolhimento no ambiente escolar.

Lançamento de livro – Tratado de Suicidologia

Na ocasião, Humberto Corrêa também apresentará seu livro, lançado no ano passado. O psiquiatra conta que escreveu um livro em meados de 2006, sobre o mesmo tema, mas decidiu atualizar o trabalho.

“O título do livro é Tratado de Suicidologia. Ele trata do assunto desde aspectos históricos, o porquê desse tabu, até grupos de risco e técnicas de prevenção. Como lidar com um paciente com risco de suicídio, aspectos legais de um comportamento suicida. Comecei a trabalhar nesse livro no início da pandemia. Foi lançado no ano passado e vou fazer um lançamento, aqui em Valadares, aproveitando o evento”, complementa.

O público pode adquirir o livro no site da editora Ampla ou em livrarias.

‘Posvenção’ e grupo de apoio

O psiquiatra Pedro Colen está à frente da realização do evento e ressalta que tão importante quanto o trabalho de prevenção ao suicídio é a assistência aos familiares e amigos enlutados. Segundo o médico, as consequências do suicídio tendem a permanecer na vida de quem vive o luto. O que, de acordo com os profissionais, pode resultar em mais pessoas com a saúde mental abalada.

Portanto a partir do segundo dia de jornada, o foco dos encontros será a posvenção. O público, então, participará de um curso ministrado pela psicóloga Vivian Zicker. Por fim, será formado um grupo de apoio. “A Vivian vai apresentar o curso que ela vai promover neste fim de semana. No sábado e no domingo, nós vamos estar em uma imersão, que é um curso de apoio a enlutados do suicídio. É um grupo de mútua ajuda, formado por familiares e amigos de pessoas que têm complicações em relação ao luto por suicídio, que é um luto diferente”, explica Colen.

Vivia Zicker reforça que este não é um evento direcionado apenas a profissionais da saúde e convida toda a população. “O suicídio não é uma propriedade dos profissionais da saúde. Então todo mundo está envolvido de uma certa forma. Há sempre alguém que você conhece, alguém próximo, então ultrapassa uma questão só de profissionais da saúde mental. Às vezes a pessoa pensa, por exemplo, ‘sou arquiteto e não tenho nada a ver com essa história’, e perde uma oportunidade de aprender. Todo mundo deveria se informar a respeito”, finaliza.

A primeira reunião do grupo de apoio a enlutados por suicídio será realizada neste sábado (18), às 18h, no salão da Paróquia Catedral de Santo Antônio – Praça Dom Manoel, nº 43, Centro.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

[the_ad_placement id="home-abaixo-da-linha-2"]

LEIA TAMBÉM