25% das mulheres brasileiras já sofreram violência obstétrica

IMAGEM ILUSTRATIVA: Freepik

O que é? Por que os números são tão altos no Brasil? Como identificar as agressões e denunciar?

Parto, gravidez e maternidade são temas que constantemente são debatidos na sociedade. Ainda assim, somente nos últimos anos a questão da violência obstétrica teve maior repercussão, principalmente, devido a relatos de famosas. Contudo os índices apontam que o número de brasileiras que já sofreram esse tipo de violência é muito alto. Segundo a pesquisa “Mulheres brasileiras e gênero nos espaços público e privado”, da Fundação Perseu Abramo, 25% das mulheres brasileiras já vivenciaram algum tipo de violência obstétrica.

Depoimentos

As nossas entrevistadas preferiram deixar o nome em sigilo. Uma vítima, de 25 anos, contou como foi traumatizante o parto de seu filho de um ano. “No meu caso eles me deram a opção de romper a bolsa, eu fui de acordo. O médico me explicou o procedimento e disse que era indolor, o que pra mim não foi. Senti como se estivesse quebrando todos os meus ossos e foi involuntário verbalizar (gritar), só que na medida que eu ia gritando, ninguém me acalmava. Só me mandavam calar a boca, dizer que eu estava fazendo show, que não precisava daquilo tudo, que se eu não parasse de gritar pra respirar eu não ia conseguir mandar oxigênio para o bebê e podia acontecer o pior. Eu me senti muito mal com toda a situação, fiquei mais tensa, me sentindo culpada por não conseguir controlar”. Uma técnica de enfermagem chegou a dizer que não iria mais me atender por eu estar gritando. Me senti extremamente impotente. Por eu ser da área da saúde, exercer como técnica de enfermagem também, fiquei horrorizada com o despreparo da equipe. Além de tudo, quando o bebê estava saindo me fizeram mudar de posição. Eu estava de cócoras no banquinho, o que estava facilitando para o bebê descer e nas dores, mas me fizeram levantar com a cabeça do bebê saindo e me colocaram na posição ginecológica, onde acabei perdendo a concentração que eu custei a conseguir. Tive laceração grau 2; não deixaram a placenta sair. Puxaram tudo porque estavam com pressa. Até que consegui dar à luz. Graças a Deus que tinha acabado”.

Outra vítima tinha 16 anos quando sofreu um aborto com três meses de gestação. “Durante o pré-natal a médica não fez o acolhimento necessário, não explicou o procedimento que seria feito para retirar o bebê [curetagem], o que me deixou com medo por saber que poderia até ficar estéril. No momento da curetagem eu imaginava e esperava ver meu bebê e, simplesmente depois da retirada, só jogaram fora como se não tivesse importância pra mim. Era o meu filho e não só mais uma “bola de sangue” que ia pro lixo. Fiquei psicologicamente abalada por muito tempo”.

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