Doença pode ser de difícil diagnóstico; a maioria só descobre quando o estágio está avançado
A endometriose é uma doença que só acomete pessoas do sexo feminino e, por ser de difícil diagnóstico, muitas mulheres só a descobrem quando a doença já está muito avançada. Segundo Adib Barbosa Salume, médico e professor aposentado em ginecologia e obstetrícia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), cerca de 15% da população feminina possui endometriose.
“A endometriose é um tecido endometrial que, ao invés de ficar dentro do útero, fica do lado de fora e pode acometer, mais frequentemente, a região entre o útero e a bexiga, as trompas, a região entre o útero e o intestino, o ovário e a região posterior ao útero. Pode ter uma endometriose de pouca quantidade e sem causar danos ao paciente”, explica o médico Adib.
Em entrevista ao DIÁRIO DO RIO DOCE ele explicou quais são os principais sintomas da doença e por que, normalmente, demora para se ter o diagnóstico. “O que mais incomoda é a dor durante o período menstrual. Geralmente outros tipos de dor, que estão fora do período menstrual, não criam suspeitas para fazer diagnóstico de endometriose. Outros sintomas que podem aparecer é dor após ou durante a relação sexual e sangramento junto com as fezes. A endometriose é de evolução lenta, por isso é de difícil diagnóstico e normalmente não aparece no exame mais corriqueiro, que é a ultrassonografia. Só vai aparecer no exame de ressonância magnética pélvica”, afirmou.
A funcionária pública Cinthia Sarmento, de 38 anos, foi diagnosticada com endometriose. Os tratamentos que mais a tem ajudado são uma alimentação saudável e atividade física. “Eu fui diagnosticada oficialmente aos 34. Já tentei várias linhas de tratamento, como anticoncepcional e cirurgia, mas o que tem me ajudado é administrar o estresse e ansiedade, cuidar da alimentação e me manter ativa fisicamente. Desde minha primeira menstruação sinto cólica muito forte, fluxo muito intenso, ciclo irregular, inchaço abdominal e dor nas costas. Depois que apareceu um nódulo no meu umbigo, que começou a sangrar, fiz vários exames e uma biópsia revelou que, além de endometriose na cavidade abdominal, tenho também endometriose umbilical”.
Cinthia e Renata Lomeu, outra entrevistada, possuem problemas para engravidar. É muito comum a endometriose ser associada à infertilidade, já que cerca de 25 a 50% das mulheres inférteis apresentam essa doença. Contudo não é possível afirmar que se tiver endometriose, necessariamente, será infértil. Os casos variam de mulher para mulher.
“Tenho 44 anos e fui diagnosticada com endometriose quando tinha 34. Desde a adolescência eu tinha muita dor de cabeça e cólica, e não fui acompanhando. Quando casei, tive dificuldades para engravidar, e quando fui fazer tratamento eu descobri a doença”, explica Renata.
Segundo o ginecologista Adib, a infertilidade pode ser causada pela endometriose devido a uma inflamação. “Pode levar a infertilidade porque quando está no lado externo do útero provoca um processo inflamatório, que endurece as trompas e o tecido que circula o útero. Dessa forma, gera a diminuição da mobilidade e dificulta a captação do óvulo pela trompa e, consequentemente, dificulta a gravidez”, explicou.
Por isso, a melhor forma de tratamento é o diagnóstico precoce. “Faça perguntas ao seu médico, fale de suas suspeitas, se não for solicitado, peça para prescrever exames específicos até chegar a um diagnóstico. Você não precisa sofrer por anos sem saber o que você tem ou acreditar quando te dizem que é frescura. Corra atrás, lute por seu bem-estar”, afirmou Cinthia.
OLHO: “Você não precisa sofrer por anos sem saber o que você tem ou acreditar quando te dizem que é frescura”
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