Valadares: gastos com vacas leiteiras no inverno podem chegar até 40% a mais do que no verão

O preço dos insumos tem um grande impacto na produção de leite no inverno; os dois principais são o milho e a soja

Valadarense não está acostumado com frio e este ano as pessoas já estão sentindo as baixas temperaturas, mesmo sem o inverno ter chegado oficialmente. O inverno só chega mesmo nesta segunda-feira (21), e com ele a preocupação com o aumento no preço do leite para os consumidores assim como a preocupação dos produtores com a baixa produção das vacas.

Neste período, produtores de leite devem redobrar a atenção com o rebanho. Este é o momento em que é preciso rever o manejo, oferecer suplementação nutricional para não haver redução dos índices produtivos. 

O pecuarista Guilherme Olinto, criador das vacas Girolando na região, é um dos maiores produtores de leite da cooperativa de Valadares. Em entrevista ao Diário do Rio Doce, ele explicou sobre o manejo das vacas no inverno. Ele, por exemplo, adota uma estratégia específica para esta época do ano em sua propriedade, já que neste período a qualidade da pastagem diminui por causa do frio e da estiagem.

“No inverno você traz os animais para a cocheira e mantém uma média na produção de leite, para não ter essa queda de produção tão brusca no inverno. Mas cada vez mais essa lacuna entre verão e inverno tá diminuindo. Na nossa fazenda, por exemplo, às vezes no inverno conseguimos uma produção maior do que no verão, porque no inverno as vacas conseguem ter mais conforto, que favorecem elas, que acabam produzindo mais do que no verão. Entretanto o custo da dieta delas no inverno é mais caro do que no verão, porque no inverno elas ficam mais confinadas no cocho e a comida delas tem que ser fornecida. Esse custo pode chegar até 40%”, explica o pecuarista.

Produtores que ainda utilizam somente o capim e a ração no inverno acabam tendo sua produção reduzida. E com pouca produção, o produto fica escasso no mercado, então, consequentemente, acaba tendo um aumento no preço final do produto, na hora que chega ao supermercado. Mas isso vem mudando, porque grande parte dos produtores da região vem se profissionalizando.  

“Esta diferença de safra está sendo reduzida, porque os produtores estão se profissionalizando e acabam equilibrando a produção. Se consegue utilizar mais o pasto no verão e se programar para quando chegar o inverno. O que muda basicamente na produção do verão para o inverno é porque grande parte dos produtores ainda utilizam como base da dieta dos animais o pasto, complementado com a ração ou algum outro aditivo. Só que no inverno há uma baixa na disponibilidade de pasto, com isso os animais vão precisar ser suplementados com volumoso para substituir esse capim. Isso gera um aumento no custo da dieta deles”.

De acordo com o pecuarista, os alimentos mais utilizados neste período e que têm um grande peso na dieta dos animais são o milho, a soja (que teve aumento significativo nos preços recentemente) e o próprio capim, colhido no ponto certo e armazenado para ser utilizado nesta época, já que não teria condição de ter essa planta verde para as vacas se alimentar.

“Então a gente faz a colheita do capim no tempo certo e armazena para usar no inverno. Você acaba tendo custos porque você tem que ter implementos, trator, mão de obra, então tudo isso onera na hora de fazer o fechamento do custo da dieta ou do custo de maneira em geral.”

Raça Girolando 

Resultado da iniciativa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento no início da década de 1980, a Girolando é uma raça genuinamente brasileira, fruto do cruzamento da Gir com a Holandesa. Esse trabalho gerou animais rústicos como o Gir e altamente produtivos, como o Holandês.

Dessa última linhagem, ainda herdou a fertilidade, a longevidade e a precocidade sexual. A Girolando é extremamente bem adaptada aos trópicos, além de ser flexível para diferentes tipos de clima e manejo. Tem boa eficiência reprodutiva e conversão alimentar, o que confere um desempenho econômico muito satisfatório.

Todas essas qualidades fazem da raça Girolando a responsável por 80% do leite produzido em território nacional. Por sua capacidade adaptativa, também é recomendada para iniciantes.

O pecuarista Guilherme Olinto ao lado do filho Edberto Rezende

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