Valadarense que mora nos Estados Unidos procura pela mãe biológica há 13 anos

"Tem coisas que nunca cairão no esquecimento, e enquanto houver razões eu não vou desistir de encontrar você, mãe", afirma Claudiane. FOTO: Divulgação

Depois de muitos anos de dúvidas, questionamentos e mágoas, a valadarense Claudiane Coelho Subtil, de 32 anos, resolveu partir em busca de suas raízes. O alvo principal da investigação é a mãe biológica. Adotada quando recém-nascida, ela foi criada por uma família valadarense, mas nunca soube os motivos que levaram a mãe a deixá-la. “Nasci em Governador Valadares no dia 7 de junho 1986. Fui entregue à minha família adotiva um dia depois de nascida. Quem me buscou no hospital foi uma senhora que morava no bairro Ilha dos Araújos, em Valadares. Nunca soube as circunstâncias que levaram minha mãe biológica a me entregar e não estou aqui para julgá-la. Tenho esperança de encontrá-la algum dia”, conta Claudiane.

A história de vida de Claudiane é cheia de reviravoltas. Tudo que sabe é que uma senhora da cidade que já tinha o costume de adotar crianças na década de 80 a entregou à sua mãe adotiva, dizendo que ela tinha nascido no Hospital Nossa Senhora das Graças. Claudiane foi adotada e recebeu muito amor e carinho, e agradece muito por isso. Mas durante muitos anos ela teve medo de dizer à sua família que queria encontrar sua mãe biológica, por medo de entristecê-la. A coragem só veio depois, na adolescência. Agora, morando há 30 anos nos Estados Unidos, as chances de encontrar a mãe são pequenas, mas ela não desiste.

“O que sempre me contaram é que minha avó morava no bairro São Cristóvão e que ela já criava quatro irmãos meus. Temo que essas informações sejam falsas, porque há uma mídia no Facebook em que busco notícias da minha mãe. Se ela morasse realmente no bairro São Cristóvão, alguém já teria visto minhas postagens. Uma vez a empregada dessa senhora que me entregou para os meus pais me disse: ‘você nunca vai encontrar sua família, porque a fulana roubou você’. Verdade ou não, eu me agarro à esperança de um dia encontrar algum parente meu”.

Década de 80

Na década de 80, laços familiares foram cortados e muitos bebês tirados da família da forma mais brutal possível. Muitos deles protagonizaram uma triste história de tráfico internacional. Entre 1985 e 1988, uma quadrilha composta por juízes, advogados, promotores, donos de cartórios, enfermeiras, médicos e policiais fez parte de um dos maiores escândalos da história do país. Juntos, eles foram responsáveis pelo tráfico de aproximadamente 12 mil bebês para países do exterior, especialmente Israel. Eles eram escolhidos por terem pele clara, e se tivessem olhos azuis ou verdes, o preço subia.

Na época, a prática de registrar no cartório como filho uma criança de outra pessoa – conhecida como “adoção à brasileira” – era comum e constituía cerca de 90% das “adoções” realizadas no país. No exterior, principalmente em Israel, os bebês valiam de US$ 10 mil a US$ 40 mil. O comércio clandestino enriqueceu os “capos” do tráfico. Beneficiados pela legislação da época, os traficantes cumpriram penas irrisórias na cadeia e conseguiram manter parte dos bens adquiridos com a venda de crianças.

Três décadas depois, Claudiane não sabe se essa é a realidade dela, mas, independentemente de qualquer coisa, ela busca resgatar suas origens. O que nunca cicatrizou agora dá forças para ela continuar seguindo. Casada e com dois filhos, morando há 30 anos nos Estados Unidos, ela teria tudo para desistir, mas não mede esforços e se agarra a qualquer esperança, mesmo que no fundo as pessoas queiram apenas se aproveitar da situação.

“Tenho buscado incessantemente pela minha mãe. Certa vez, por estar sempre fazendo postagens nas redes sociais, uma moça apareceu dizendo que era minha irmã. A história que ela contava batia bem com a minha; porém, fui achando estranhas algumas atitudes dela e acabei descobrindo que não passava de uma farsa. Não sei o que ela queria de mim, mas uma coisa ela conseguiu: me magoou muito”.

Esperança: ‘Um dia eu vou te achar mãe’

“Ao longo desses 13 anos à procura da minha mãe, sempre senti que estava lidando com algo muito obscuro. Anos antes de começar essa jornada e até o dia de hoje já tive confirmações da parte de Deus de que minha mãe não sabe ou não tem consciência de que eu sobrevivi depois do nascimento. Na minha certidão consta que nasci no Hospital Nossa Senhora das Graças, em Valadares, mas no hospital não existe nenhum prontuário com minha data de nascimento. Então, acredito que todas as informações que me são passadas não passam de mentira. É por isso que eu não consigo parar, e sei que no final essa luta valerá a pena! Cada dia que passa sinto que estou chegando mais perto da verdade, inclusive do meu real local de nascimento, que é uma cidade perto de Valadares”.

Na busca por resultados técnicos, Claudiane fez um cruzamento de DNA de ancestralidade e descobriu que seus ancestrais rodeiam famílias de origem italiana de Resplendor. Agora ela espera pelo resultado de mais um exame de DNA para ter essa confirmação e começar as buscas por Resplendor. Quem tiver alguma informação verdadeira sobre os parentes de Claudiane pode adicioná-la no Facebook: www.facebook.com/claudiane.subtil.3.

por Angélica Lauriano | angelica.lauriano@drd.com.br

 

Comments 1

  1. Fabiana R Dossantos says:

    Olá bom dia, gostaria também de alguma ajuda, pois não sei muito ou quase nada sobre minha mãe biológica. Sei que fui criada por uma senhora que era parteira privada, ela também BENZIA, crianças,jogava cartas e fazia muita SIMPATIAS, ela morava na Rua Roquete Pinto no bairro Altinópolis, ela se chavama Edna com mais ou menos uns 50/60 ela tinha na época e muitos a chamam de vó, mãe preta, mãe Dina. Ela teve uma única filha biológica por nome de Maria Helena, que na época tinha seus 20 anos, D. Edna me registrou como Fabiana Ribeiro Dos Santos com uma data que não sei se realmente é oficial de nascimento 17/07/1977. Hoje tenho 46 anos e não quero morrer sem saber a real sobre mim e o porquê fui adotada.
    Desde já agradeço

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