Vacinação supera 70% da PM, mas comissão vê disparidades

Gestores fazem balanço de imunização na segurança e deputados questionam envio de doses contra covid-19 aos municípios

Entre as forças de segurança do Estado, o Corpo de Bombeiros foi o que teve proporcionalmente mais servidores vacinados contra a covid-19 até o momento, com 83% do contingente priorizado vacinado. Já o sistema prisional e socioeducativo teve a menor proteção, com 33% dos servidores vacinados. Entre os dois extremos estão a Polícia Militar, com 72,6% da tropa tendo recebido a primeira dose e 22,1% também a segunda; e a Polícia Civil, com 76% do efetivo tendo recebido a primeira dose.

É o que revelam dados expostos por representantes das corporações nessa quarta-feira (2), em audiência da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislatica (ALMG). A reunião foi realizada a pedido dos deputados Sargento Rodrigues (PTB) e João Leite (PSDB) e da deputada Delegada Sheila (PSL) com o objetivo de discutir a lentidão com que as forças de segurança estariam sendo vacinadas em Minas

Especificamente quanto a Belo Horizonte, o diretor de Saúde da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), coronel PM Eugênio Pascoal da Cunha Valadares, informou que toda a tropa da Capital está vacinada, à exceção de militares que estavam em férias ou tinham algum impeditivo, ou no caso de negativa.

Apesar dos dados gerais, deputados questionaram situações específicas, apontando disparidades no recebimento de doses entre diversos municípios.

O diretor da PMMG citou, quanto a sua corporação, que há pontos de atenção, assim consideradas as localidades que estão com cobertura abaixo de 50%, a exemplo da 8ª Região da PM, sediada em Governador Valadares (Rio Doce); da 11ª, em Montes Claros (Norte de Minas), e da 16ª, em Unaí (Noroeste de Minas).

Coronel Eugênio também citou, em sua apresentação, uma série de municípios que também estão abaixo de 50% de vacinados entre os militares, entre eles Ipatinga e Aimorés, no Rio Doce, e Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH); e ainda Florestal (Central), Divinópolis (Centro-Oeste) e Lavras (Sul de Minas).

Também a assessora de Assistência à Saúde do Corpo de Bombeiros Militar do Estado, coronel BM Andréia Geraldo Batista, admitiu que há municípios com cobertura bem inferior ao dado geral.

Ela citou que dez deles lideram essa lista: Contagem e Vespasiano, na RMBH, Campos Altos (Alto Paranaíba), Extrema e Vargina, no Sul de Minas;  Mariana (Região Central) , Timóteo e Governador Valadares, no Rio Doce; e Uberlândia (Triângulo).

O chefe da Polícia Civil, Joaquim Francisco Neto e Silva, destacou que a instituição tem 11.300 servidores, tendo o processo de vacinação, até o dia 1º de junho, alcançado 8.586 deles, ou seja, 76% do efetivo. Um total de 114 servidores da Polícia Civil se recusaram a ser vacinados. Esses números foram atingidos em 47 dias, já que a vacinação dos policiais civis teve início em 16 de abril, ressalvados os profissionais de saúde da instituição e policiais de alguns municípios. Segundo Joaquim Francisco, em 133 municípios mineiros 100% dos servidores da Polícia Civil já foram vacinados com a 1ª dose.

Expectativa – Por sua vez, o secretário-adjunto de Justiça e Segurança Pública, Jeferson Botelho Pereira, disse que aguarda com ansiedade avanços na vacinação dos servidores dos sistema prisional e sócio-educativo do Estado após dúvidas iniciais terem sido sanadas.

Segundo ele, criou-se uma celeuma, já vencida, com questionamentos sobre a vacinação desse público antes daqueles elencados como sendo integrantes das forças de segurança, o que teria criado insegurança jurídica entre alguns gestores de saúde. Os esclarecimentos vieram de nota orientativa da SES, disse ele.

Para um total de 21 mil desses servidores que devem ser vacinados, 8.586 receberam a primeira dose.

SES diz que Minas vacinou mais do que o previsto por ministério

coordenadora de Imunização da Diretoria de Vigilância de Agravos Transmissíveis, ligada à Superintendência de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Josianne Dias Gusmão, argumentou que a vacinação segue a Nota Técnica 297/2021 emitida pelo Ministério da Saúde (MS ) no fim de março para organizar e priorizar a vacinação dentro das forças de segurança e salvamento e Forças Armadas.

Para a execução, foi antecipado o fornecimento de doses pelo Ministério, de forma escalonada, seguindo aqueles ordenados por prioridades.

Apesar dessa antecipação, Josianne Dias foi questionada pelos deputados sobre a lentidão da vacinação em várias localidades do Estado, onde a vacinação começou na segunda semana de abril. 

Josiane afirmou que o MS não destinou a Minas doses para esse público por quatro remessas seguidas. Segundo ela, o envio foi retomado na semana passada, no percentual de 7% para esse público, acima dos 6% praticados anteriormente. 

Ainda segundo a servidora, a taxa de vacinação em geral nesse público estaria acima do previsto. “Até o momento, o Ministério da Saúde elencou para a vacinação 38,6% das forças de segurança, armadas e de salvamento. A secretaria em Minas vacinou 51,43%, bem acima do que o enviado para o atendimento desse grupo”, disse ela.

Josiane Dias também argumentou que o próprio ministério teria sinalizado aos estados não possuir estimativas e informações mais precisa acerca do contingente a ser vacinado nesse público, o que levou à formação de um comitê de integração. Ela frisou que o comitê tem caráter técnico e consultivo, tendo à frente a SES e reunindo as próprias forças de segurança.

Sobre municípios com baixa cobertura, ela disse que as indicações deram origem a uma planilha do comitê de integração, e que as doses são distriuídas pela SES de acordo com essa planilha.

“A secretaria não tem autonomia para modificar essa planilha”, frisou a coordenadora de imunização. Contudo, ela esclareceu que a qualquer momento as forças de segurança podem reportar dúvidas ou solicitar atualizações ao comitê.

Deputados questionam situação de municípios

O deputado Sargento Rodrigues (PDT) disse ter pedido informações à SES sobre a situação da vacinação em cada um dos municípios antes da audiência – com dados sobre a população total, número de doses remetidas, número de servidores da área de segurança, número de acautelados, entre outras informações – e lamentou não ter sido atendido de forma satisfatória.

Ainda assim, o parlamentar disse que informações que chegaram a ser fornecidas pela própria SES indicam que muitos municípios não teriam doses a contento, como Abadia dos Dourado (Alto Paranaíba) e Acaiaca (Zona da Mata), que haviam recebido até recentemente apenas uma dose de vacina; Alvarenga (Rio Doce), nenhuma; e Abaté (Central), seis doses.

“A PM está presente nos 853 municípios mineiros e em 200 distritos. O Governo Zema demorou muito para entender que esse grupo devia ser priorizado”, frisou o deputado acerca das disparidades entre municípios.

Segudo ele, mesmo cidades que são sede de RISP – Região Integrada de Segurança Pública teriam sido pouco contempladas. Este seria o caso de Barbacena (Região Central), com 57 doses recebidas até recentemente. E de Araxá (Alto Paranaíba), sede de batalhão de polícia e de delegacia regional, que teria recebido 25 doses, conforme criticou Sargento Rodrigues.

O deputado Delegado Heli Grilo (PSL) também revelou a baixa taxa de imunização entre os servidores da segurança pública no município de Frutal (Triângulo Mineiro). Segundo ele, dos 41 policiais civis, 29 foram imunizados; entre os 86 policiais militares, 53 tomaram a vacina. 

maior preocupação do parlamentar é com os servidores da Polícia Penal, que conta com 52 membros, mas apenas 12 foram vacinados. “A Polícia Penal trabalha em corredores, que facilita a contaminação”, advertiu. Ainda no município, receberam a vacina somente seis funcionários da Apae.

O deputado também se posicionou contra a prioridade de vacinação para os presos. Ele defende que os internos sejam imunizados de acordo com o critério geral, por idade.

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