por CAROLINA LINHARES
da FOLHAPRESS
Devido ao surto de coronavírus que atinge o país, a União Nacional dos Estudantes (UNE) decidiu cancelar uma manifestação de oposição ao governo Jair Bolsonaro prevista para a quarta-feira (18). Greves e paralisações previstas para a data, porém, estão mantidas.
O ato havia sido chamado pela defesa da educação, mas ganhou adesão de outros movimentos e, diante da convocação de Bolsonaro para o 15 de março, passou a mirar o governo, com o mote “Ditadura Nunca Mais”.
As frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular devem divulgar nota ainda nesta sexta (13) informando sobre o cancelamento dos atos.
Centrais sindicais que estavam na organização do protesto também decidiram pelo cancelamento -a CUT é a única que ainda avalia ir às ruas. As demais -Força Sindical, UGT, CSB e Nova Central- acreditam que o mais prudente é suspender a manifestação.
As centrais, porém, vão manter panfletagem em locais de trabalho pela manhã e está prevista uma greve de servidores públicos.
Na esteira da escalada do surto de coronavírus no Brasil, o cancelamento da manifestação da esquerda vem após a suspensão dos atos a favor de Bolsonaro que estavam marcados para o domingo (15). Os grupos de direita desconvocaram a população após o próprio presidente sugerir isso em pronunciamento.
“Acreditamos que esse é um momento de responsabilidade com a saúde do povo brasileiro e, por isso, em conjunto com outros movimentos definimos pelo adiamento dos atos de rua do dia 18, evitando o fomento de grandes aglomerações conforme orientações da OMS [Organização Mundial da Saúde] e Ministério da Saúde, mas mantendo as greves e paralisações”, diz a UNE em nota.
A entidade também faz um apelo para que as universidades discutam a suspensão das aulas, como já fizeram Unicamp e UnB. E exalta a importância da pesquisa e dos cientistas no país.
“Essa lamentável situação de saúde pública só deixou mais evidente a necessidade de mais investimentos e respeito pelas nossas instituições públicas de ensino e saúde”, afirma a UNE.
A entidade afirma ainda que voltará a ocupar as ruas após o fim da pandemia e que prepara ações nas redes sociais.
O presidente da UGT, Ricardo Patah, afirmou que havia preocupação com os manifestantes. “Os trabalhadores e trabalhadoras são os mais vulneráveis por não terem assistência médica, diferente da classe média, que está coberta”, disse.
João Carlos Gonçalves, o Juruna, líder da Força Sindical, diz que a mobilização de trabalhadores no dia 18 só não terá os atos de rua. “Vamos defender a garantia do serviço público, mais empregos, garantia dos direitos sociais e a democracia”, afirma.