Um ano sem “Bela”! Família Barroso vive um luto sem fim, com a falta de justiça

Ao completar um ano da maior tragédia ambiental do país, Brumadinho vive dias de pesadelo, desde o rompimento da barragem de rejeitos de minério, quando deixou 270 vítimas, sendo que 11 ainda estão desaparecidas.

As famílias, em meio à dor, ainda buscam respostas para o que aconteceu, no dia 25 de janeiro de 2019. Enquanto isso, as buscas não param – 70 bombeiros seguem trabalhando no local, em 14 frentes diferentes. https://drd.com.br/valadarense-esta-entre-os-desaparecidos-apos-rompimento-da-barragem-em-brumadinho/

Entre as 270 vítimas, está a valadarense Izabela Barroso Câmara Pinto. A família de “Bela”, como era chamada pelos familiares e amigos, foi pega de surpresa, com a notícia do rompimento da barragem, no córrego do Feijão, em Brumadinho. Naquela tarde, a família Barroso ficou sem acreditar no que estava vivendo. Foram momentos de angústia, desespero e falta de notícias, mas a fé e a esperança tomavam conta da família Barroso. Até que no oitavo dia, a notícia de que o corpo de Izabela havia sido encontrado, acabou com a esperança da família. https://drd.com.br/corpo-de-izabela-barroso-e-sepultado-em-valadares/

Porém, o alívio de poder enterrar “Bela”, trouxe um certo alívio para família e amigos. Um ano após a tragédia, o irmão de Izabela, Gustavo Barroso, deu entrevista ao DIÁRIO DO RIO DOCE sobre o processo de luto da família.

“Depois de um ano da tragédia, nossa família segue desmantelada. Lembramos da Bela, em todos os momentos. Quando estamos reunidos, ficamos em silêncio, e as lágrimas caem”. Meus pais estão em cacos. Vamos seguindo. É uma dor que não cicatriza tão fácil. Um dia o luto vai ser completo”.

– Gustavo Barroso

Projetos sociais

Na tentativa de manter Izabela viva, nos corações das pessoas que a amam, a família inaugurou o bazar beneficente Izabela Barroso, na Casa de Recuperação Dona Zulmira. Toda a renda arrecadada com o bazar será destinada à instituição, que acolhe pessoas a partir dos 60 anos de idade.

Bazar beneficente e permanente “Izabela Barroso”, foi inaugurado na Casa de Recuperação Dona Zulmira

A ideia de criar o bazar e doar parte do dinheiro recebido para uma instituição, partiu da própria Izabela, que, pouco tempo antes de morrer, teria falado para o marido que, se morresse em alguma tragédia, na empresa Vale, gostaria que ele doasse todo o dinheiro recebido para ajudar ao próximo. https://drd.com.br/e-inaugurado-na-casa-de-recuperacao-dona-zulmira-o-bazar-izabela-barroso/

“Em nome da Izabela, decidimos fazer projetos sociais. Estamos brigando com a Vale na Justiça e a Vale recorrendo, tentando ganhar tempo. Quanto à condenação dos culpados, eu acredito muito na justiça, porém, eu acho que eles não vão ser condenados”.

– Gustavo Barroso

 A dor do luto para família Barroso

“Há dias, venho pensando no que escrever do dia de hoje – uma homenagem, um desabafo. Mas, passando por cima da dor e revivendo lembranças, que não deveriam sequer existir, irei protestar: quando iniciamos nossa batalha judicial com a grande e poderosa Vale S/A, tínhamos em mente ir até o final, sem acordos, sem ceder.

Porém, ao longo desse calvário jurídico, fomos realizando para pontos de vista completamente diferentes do início; achamos que a Vale estaria disposta a se redimir pelos 259 assassinatos que cometeu.

Nada! Ela só quer fazer propaganda e dizer que faz e acontece, quando, na verdade, explora as vítimas mais simples com acordos baixos, aproveitando da falta de condições financeiras e de instrução dessas famílias, tudo isso, respaldado por um acordo costurado junto ao MPMG, para que se pagassem o “teto” , de uma indenização que foi estabelecida em virtude de circunstâncias normais, e não da maior tragédia ecológica, trabalhista e vários outros adjetivos que poderíamos utilizar para definir aquela chacina.

Nós, realmente pedimos ao MJ que ajudasse aquelas pessoas, que são oprimidas pelo poder de avalanche da Vale. Nós IZABELA, iremos lutar! Como forma de protesto, e usando um direito concedido pela Justiça, dizendo que: indeferiram nosso pedido, para que fossem colocados os nomes de todas as vítimas na porta da sede da Vale S/A e que, da mesma forma, fossem lidos os nomes e respeitado um minuto de silêncio em cada reunião do conselho.

A engenheira de minas Izabela Barroso, 30 anos, é uma das vítimas da tragédia da Vale, em Brumadinho, no dia 25 de janeiro

A juíza, em seu despacho, disse: “O autor contará sempre com as decisões judiciais que lhe forem favoráveis, para demonstrar sua indignação com o ocorrido”. Então, recolho-me a minha insignificância, coloco meu processo debaixo do braço e protesto, afinal, é o que me resta. E digo onde posso, onde irei, por toda minha vida: VALE S/A, você é uma assassina e culpada por todos seus atos, mesmo que você compre a justiça dos homens, não poderá comprar a justiça da consciência de cada um, que teve as mãos sujas por lama e sangue.

 Nunca pensamos que a Empresa deveria fechar ou acabar. Que fique bem claro! Só e unicamente deveria pagar pelo que fez, se redimir, mostrar remorso, e depois que seguissem em frente com seus lucros milionários. Como último ato desse protesto solitário, gostaria que nesse dia 25/01 mostrar o nome de cada vítima, e, para você que leu, faça um minuto de silêncio em respeito – o que a Vale nunca irá fazer ou ter. Obrigado a todos!” – Gustavo Barroso, irmão de Izabela Barroso.

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