Conheça a trajetória de cientistas da Funed, que hoje são 72% das pesquisadoras na instituição
As pesquisadoras desempenham papel fundamental nas comunidades de ciência e tecnologia e a sua participação deve ser fortalecida.
Para celebrar o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, comemorado neste 11 de fevereiro, a Fundação Ezequiel Dias (Funed) realizou, às 10h, o evento “Tem mulheres e meninas na ciência, sim!”, em que as cientistas da Fundação conversaram com o público sobre a participação feminina na ciência, desafios da maternidade e a importância da mulher para o desenvolvimento científico.
Na Funed, elas são maioria. Dos 215 pesquisadores, 72% são mulheres que desenvolvem pesquisas em saúde pública, biotecnologia, desenvolvimento de medicamentos, biologia e qualidade de vida no trabalho, além de atuarem em projetos de divulgação científica.
Em Minas Gerais, elas também predominam. Dos 1291 pesquisadores de pós-graduação bolsistas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), 61% foram mulheres no ano passado.
Mulheres na Ciência
Por trás desses números, existem trajetórias inspiradoras de pesquisadoras iniciantes a doutoras. Uma dessas histórias é a da doutora em biologia celular da Funed, Luciana Silva. A pesquisadora sempre foi muito curiosa, desde nova, tinha vontade de desvendar o universo, os seres vivos e o meio ambiente.
“Quando criança, eu tinha o hábito de ficar olhando o céu. Eu era uma menina que tinha curiosidade sobre as estrelas, os animais e como as coisas funcionavam. Meus pais queriam me dar bonecas e eu não estava interessada nelas, eu queria um kit de química, eu queria um microscópio”.
Apaixonada por células, quando Luciana chegou à escola queria entender como funcionava essa unidade que forma todos os seres vivos. “Por isso eu acho que nasci cientista sem saber. Eu me perguntava como a célula é capaz de formar tantos seres vivos diferentes e porque ela é também capaz de adoecer as pessoas”, contou.
Hoje, Luciana estuda os aspectos moleculares e celulares do câncer humano, em especial o feminino. É sócia-fundadora das startups OncoTag e CELLType, que atuam na pesquisa e desenvolvimento de produtos e serviços oncológicos.
A pesquisadora enfrentou muitas dificuldades e desconfiança quanto ao seu trabalho, principalmente pelo fato de ser mulher e negra. “Você vai a um Congresso sozinha e ninguém fala com você. Ninguém está ali disponível até você mostrar que sabe o que está falando”.
Na época, Luciana não percebia que sofria racismo e preconceito por ser mulher. “Em muitas reuniões só há homens e eles querem impor as suas decisões, e eu tinha que aumentar o meu tom de voz. É muito ruim você pensar que para ser respeitada é preciso deixar de ser feminina, ser dura e se afastar de você mesma. Eu tinha que provar que tinha qualidade, que eu era competente e para isso eu trabalhava demais”.
Um grande desafio apontado pela pesquisadora para as mulheres é a maternidade, momento em que naturalmente é reduzida a produção científica. “Já vi casos de pesquisadoras que tiveram que voltar a trabalhar ainda amamentando”, disse.
Meninas na Ciência
Mais um exemplo de que o despertar para a ciência surge desde cedo é o da bolsista do programa de iniciação científica Ana Paula Ferreira da Cruz, que teve contato pela primeira vez com a pesquisa científica nos laboratórios da Fundação com apenas 14 anos.
Orientada pela doutora em Ciências da Saúde, Carolina Moreira, o seu trabalho “Identificação de agrotóxicos em folhas de maracujá comercializadas no Mercado Central de Belo Horizonte” foi classificado em segundo lugar no Prêmio Carlos Ribeiro Diniz, realizado pela Funed, e, em primeiro, na apresentação de pôster no Simpósio Brasileiro de Farmacognosia.
Veja neste vídeo os resultados da pesquisa.
A jovem cientista sempre foi muito curiosa e gostava de ciência. A experiência na Funed foi importante para que Ana escolhesse o curso Técnico de Química. Porém, nem tudo são flores, em alguns momentos a pesquisa é frustrante, segundo a jovem.
“Se você gosta da ciência, a pesquisa irá te satisfazer muito, porém, às vezes é decepcionante, os resultados não saem como você pensa. Mesmo seguindo todos os procedimentos corretamente, os resultados não saem como esperado”, relatou a cientista sobre sua experiência.
“A iniciação científica é uma oportunidade para ter contato com a pesquisa, é importante os jovens que querem seguir essa carreira ficarem atentos às oportunidades, bolsas e editais das instituições”, completou.
Apesar de todas as dificuldades, ambas as cientistas têm uma inspiração em comum para terem seguido a vida acadêmica: suas professoras. “Eu gosto também de salientar que, desde que eu conheci a célula eu tive um bom professor. Um bom docente determina a carreira da gente”, disse Luciana sobre quem foram as suas inspirações para seguir a carreira acadêmica.
Cientistas na Funed
Em todas as Diretorias da Funed há pesquisadoras. No Instituto Octávio Magalhães (IOM) são 35 em oito projetos de pesquisa; na Diretoria Industrial (DI) são oito em dois projetos; na Diretoria de Planejamento, Gestão e Finanças (DPGF), três pesquisadoras; e na de Pesquisa e Desenvolvimento (DPD) são 36 projetos de pesquisa vigentes com pelo menos trezes grupos de pesquisa certificados no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) e 109 pesquisadoras.
Produto das pesquisas desenvolvidas na DPD, a Funed também desenvolveu três startups, a SmartSensors, Onco Tag e CELLtype, as duas últimas lideradas por mulheres. (Por Priscilla Fujiwara – ACS Funed).