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TCE suspende temporariamente concessão do Saae

Prefeitura inicia abertura de processo de licitação para a concessão do SAAE
FOTO: Leonardo Morais

GOVERNADOR VALADARES – O Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais suspendeu a assinatura do contrato da empresa Aegea Saneamento com a Prefeitura de Valadares, referente à licitação de concessão do Saae. A decisão atende à solicitação do Sindicato dos Servidores Municipais (Sinsem-GV). O relator do caso, Conselheiro Wanderley Ávila, expediu uma liminar que suspende temporariamente qualquer processo que tenha relação com a concessão da autarquia. A decisão é dessa segunda-feira (4). 

Pelas redes sociais, a presidente do Sinsem-GV, Sandra Perpétuo, comemorou a decisão do TCE-MG. “O Tribunal de Contas do Estado acolheu a denúncia apresentada pelo Sinsem-GV. Acreditamos, confiamos e lutamos. O Saae é nosso!”

Denúncia ao TCE-MG

O sindicato encaminhou a denúncia para o Tribunal de Contas no dia 19 de novembro. O processo chegou ao relator no dia seguinte, 20 de novembro. A partir disso a solicitação de medida cautelar foi submetida à Coordenadoria de Fiscalização de Concessões e Privatizações, a fim de analisar as questões denunciadas, bem como da documentação encaminhada pelo Sinsem-GV. 

Sendo assim, após a análise técnica, a Coordenadoria identificou a presença de elementos que justificavam a suspensão liminar do presente processo de concessão.  A principal acusação do sindicato é que o edital da licitação apresenta inúmeras divergências. Sendo esse tema submetido e encaminhado para a Prefeitura de Valadares, na qual o Sinsem-GV solicitou impugnação do leilão em novembro.

O sindicato aponta na solicitação da liminar irregularidades de legalidade, economicidade, legitimidade e razoabilidade do edital da concessão do Saae. Nesse sentido, elenca diversos pontos passíveis de irregularidades. Dentre os quais se destacam a exigência desproporcional de quantitativos mínimos, exigência indevida de comprovação pretérita, ausência de exigência de balanço patrimonial e qualificação econômico-financeira insuficiente para empresas em recuperação judicial, responsabilização de vícios ocultos, exigência simultânea de garantia e capital social mínimo.

A decisão do TCE suspende o certame, na fase em que se encontra. Dessa forma, determina que qualquer ato tendente a efetivar a contratação será considerada contraditória a decisão do Tribunal de Contas. Sob pena de multa pessoal no valor de R$ 5 mil. 

Além disso, a Prefeitura de Valadares, por meio da Comissão da concessão, tem o prazo de 5 dias para apresentar justificativas frente a denúncia do sindicato. 

O que diz a Prefeitura

Sobre a decisão do Tribunal, a Prefeitura de Valadares informou por meio de nota que “a medida adotada pelo TCE/MG não é final. Portanto o leilão não está cancelado”. Além disso, o Governo Municipal também enfatizou que “está empenhado na elaboração de respostas e esclarecimentos para as questões apontadas pelo Tribunal. Este esforço visa dissipar quaisquer incertezas ou inquietações relacionadas ao processo”. 

Ainda na nota de posicionamento sobre o processo, a Prefeitura disse que “repudia o posicionamento ideológico do Sinsem-GV que perdeu judicialmente a liminar que tentou impedir o leilão na B3. E lamenta que o sindicato seja contra a chegada de investimentos e desenvolvimento para Governador Valadares. O leilão ocorreu com total legalidade e transparência”.

Sobre o leilão

Com um valor de outorga fixa de R$ 385 milhões, a  Aegea Saneamento  foi a vencedora do edital de licitação da autarquia. Pelos próximos 30 anos, essa será a empresa que irá prestar o serviço do sistema de abastecimento de água e esgotamento sanitário aos quase 300 mil moradores do município. O leilão aconteceu no último dia 30 de novembro, na B3, em São Paulo.

Concessão do SAAE

De acordo com a Prefeitura, a ideia é alcançar por meio da concessão a universalização do acesso à água potável e esgoto tratado para 99% da população urbana do município, incluindo a sede, os distritos e os aglomerados. O edital do processo de licitação estabelece que a concessionária deverá aportar R$ 1,3 bilhão em 30 anos. Sendo que R$ 750 milhões deverão ser investidos nos primeiros 10 anos. O Governo Municipal ainda justifica a decisão como necessária por não haver condições de buscar recursos. Seja no Governo Federal, em órgãos bilaterais ou no mercado financeiro.

“O plano de investimentos dos recursos referentes à outorga paga ao município pela concessionária contempla especialmente obras de infraestrutura para melhoria da mobilidade urbana, como pavimentação e recuperação de vias, com mais atenção para os bairros com maior necessidade de tais obras. O objetivo é que estes recursos sejam investidos para o maior conforto, dignidade e, sobretudo, para a melhoria da qualidade de vida dos nossos munícipes”, disse Ísis Margareth Costa Ferreira, secretária municipal de Administração. 

Próximos passos

Antes da decisão do TCE-MG, dentro do cronograma do processo de troca da administração do SAAE, ainda há a conclusão do encaminhamento de todos os prazos legais previstos no edital para adjudicação, homologação e assinatura de contrato, a futura concessionária terá o prazo de 3 meses para realizar a operação assistida. Nesse período, ela acompanhará a operação do SAAE e apresentará o seu Plano Operacional. Além disso, a concessionária não terá direito a nenhuma receita oriunda de tarifa paga pelo usuário, que continuará sendo faturada pelo SAAE. Depois desse processo, a futura concessionária assumirá integralmente a operação do SAAE, incluindo a realização dos investimentos e a prestação dos serviços.

A concessionária será responsável pela modernização tecnológica da gestão comercial, da operação e das instalações dos sistemas de água e esgoto, implantação de redes coletoras, interceptores, emissários, bombeamentos e estações de tratamento de esgotos, na sede, nos distritos e aglomerados, expansão da coleta de acordo com o crescimento vegetativo, despoluição do Rio Doce pelos esgotos domésticos de Governador Valadares. Além disso, terá a obrigação de terminar as interligações dos interceptores e emissários para a ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) Santos Dumont, ampliar a ETE Santos Dumont (2ª Etapa) e construir as ETE Elvamar e ETE Norte.

Sobre a Aegea

A Aegea é uma empresa que foi fundada em 2010 e atua no setor privado de saneamento básico no Brasil. Segundo a empresa, hoje, são mais de 31 milhões de pessoas atendidas em 505 cidades de 14 estados, de norte a sul do Brasil.

A Aegea atua no gerenciamento de ativos de saneamento por meio de concessões comuns, plenas ou parciais, subconcessões e parcerias público privadas (PPPs). Isso acontece através da administração de concessões públicas em todo processo do ciclo integral da água – abastecimento, coleta e tratamento de esgoto, de acordo com o perfil e necessidade de cada município.

Sobre o processo de concessão 

No dia 24 de janeiro de 2023, a Prefeitura Municipal tornou pública a proposta de concessão. O anúncio fez parte de um pacote de investimentos em políticas públicas de saneamento da Administração Municipal. 

Na época, o prefeito André Merlo (União Brasil), o ex-secretário de Planejamento, Jackson Lemos, e Camillo Fraga, representante da empresa Houer, responsável pelo estudo e análise de políticas para o saneamento do município, destacaram a concessão da autarquia como a solução na atração dos investimentos financeiros necessários para atingir a meta do esgoto 100% tratado e do abastecimento de água potável a toda a população de Governador Valadares.

Comments 8

  1. Luiz Carlos de Souza says:

    Será que a prefeitura bateu às portas da Caixa Economica Federal ou do BNDES, à procura de financiamento para possibilitar ao SAAE a construção das ETEs ? Seria, claro, um meio de evitar a privatização da nossa Autarquia. Que, ao que consta é superavitaria em seus balanços, nao dependendo da Autarquia para seu custeio normal.

  2. Antônio Carlos says:

    O certo é que teremos aumento de valores a serem pagos na conta de água.

  3. Manoel Candido says:

    Poxa Valadares está sim precisando de uma empresa mais competente para cuidar do abastecimento de água e tratamento de esgoto,se não tem condições próprias tá certo buscar meios legais para atender a população valadarense,o sindicato que aí está não tem solução nenhuma e nem opinião como deve ser feito o atendimento a população o que essa sindicalista quer é aparecer pra mídia, tem que sim privatizar o SAAE.

    • Divino Silva says:

      Mas como é isso , não sou contra a concessão,mas se um órgão público com verbas do governo do estado e federa não dá conta,como um privado irá conseguir,me desculpa mas essa não dar para entender assim,alguém vai pagar,mas quem?

  4. Sebastiao Eugênio says:

    Existe uma grande diferença entre “Conceder e Vender”agradar 300 e desagradar 300mil são dois pesos e duas medidas.

  5. Edirlanio Nascimento says:

    Infelizmente o SAAE Gv é um cabide de empregos onde poucos trabalham enquanto a maioria só ganha as custas da população que sofre com o descaso no saneamento de água e no mau estado das redes de esgoto.

    • Wansan Leal Nunes says:

      Tô vendo aqui que algumas pessoas estão com receio do serviço do SAAE. Lano SAAE não tem pá nem martelo. As máquinas estão quase todas quebrada. Procura EPI não temos.
      Mas o SAAE para quem nãos sabe fatura por ano em torno de 104 a 107 milhão por ano. Ou seja, em 4 anos o SAAE supera a o valor da concessão de 30 anos.
      Então, quem vcs acham que administra esses 104/107 milhão. Que o SAAE arrecada? Quem vcs acham que a 8 anos quase pega esse dinheiro? Que recebeu milhões da Samarco pra tratar esgoto e do rio doce e não fez?
      Quem vcs acham que indica a gerência do SAAE?
      O PAC ofereceu 8 bilhões para as cidades da Bahia do rio doce (quase 20 vezes o valor da concessão {que é só 385 milhões}). Quem vcs acha que não aceitou?
      Não vi ninguém culpando os vereadores e ao prefeito. Os verdadeiros responsáveis. Com os servidores não acontecerá nada. Mas sabemos que Valadares vai ser escravizada mais uma vez. Como já vem sendo escravizada a quase 8 anos.

  6. Wansan Leal Nunes says:

    *Luiz Carlos Souza*
    Boa ideia meu guerreiro.
    Porém não precisa o SAAE é auto suficiente.
    Ainda banca a prefeitura.
    Não precisa do BNDES. O SAAE lucra 104 milhões
    Por ano.
    O que precisa é do prefeito parar de pegar o dinheiro do SAAE. E mostrar para nós cidadãos, onde foi o lucro do SAAE destes quase 8 anos? Quase 1 bilhão.
    Pensem nisso.

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