GABRIELA BONIN (FOLHAPRESS) – Alongamento de unhas, esmaltação em gel, unhas postiças e decoradas. Quando o assunto é estética da ponta dos dedos, há várias opções no mercado de beleza. Todavia, além de protegerem as extremidades dos dedos, as unhas humanas também sinalizam problemas de saúde. Alterações em seu aspecto podem ser manifestações de doenças dermatológicas ou sistêmicas e, por isso, merecem atenção, segundo especialistas.
“As unhas são estuturas que estão em constante crescimento, o que demanda uma certa energia do organismo. Então, medicações, cirurgias, deficiências de vitamina e certas doenças, que afetam o organismo como um todo, alteram também a formação das lâminas ungueais [unhas]”, explica Maria Gabriela Belerique, dermatologista no Centro Médico do Hospital Santa Tereza.
Tais alterações dão dicas do que pode estar acontecendo com nosso corpo, de acordo com a médica. Unhas esbranquiçadas ou com manchas brancas podem estar relacionadas ao ressecamento e enfraquecimento e ser causadas pelo uso excessivo de esmaltes, por exemplo.
Parte das mudanças das unhas podem ser resultado estarem associados à manicure. “Manchinhas brancas são principalmente por conta de algum trauma na hora de tirar a cutícula ou na manicure”, diz Belerique.
“A depender do tipo da mancha esbranquiçada, ela pode estar associada com micose de unha, cirrose, insuficiência cardíaca, diabetes, doença renal crônica, pacientes em quimioterapia, entre outros”, complementa a dermatologista do Hospital Santa Catarina, Rafaella Caruso.
Já unhas amareladas podem estar relacionadas a uma doença sistêmica chamada Síndrome das Unhas Amarelas. De acordo com Caruso, nela, o paciente apresenta, além da cor característica das unhas, derrame pleural (água no pulmão) e linfedema (acúmulo de líquido linfático nos tecidos causando inchaço). Alguns tipos de fungos também podem amarelar as unhas.
Unhas com cor verde, por sua vez, são sinal de infecção causada por uma bactéria chamada Pseudomonas, explica a médica do Santa Catarina.
A coloração azul ou arroxeada pode indicar má circulação de sangue (cianose). “Também podemos falar de traumas, quando bate em algum lugar, e algumas doenças, como endocardite e colagenoses, que causam alterações vasculares”, diz Maria Gabriela Belerique.
A psoríase é uma condição dermatológica que também traz reflexos nas unhas. Manchas avermelhadas ou de cor salmão e o chamado “pitting”, pequenos buracos nas unhas, podem ser causadas pela doença.
“Algumas condições cardíacas e pulmonares alteram tanto a forma da unha, quanto a forma da ponta do dedo. É o que chamamos de baqueteamento, em que o dedo fica mais gordinho e a unha mais curvada”, esclarece a dermatologista do Hospital Santa Tereza. Nessa situação, as pontas dos dedos se assemelham a baquetas de tambor.
Segundo Thais Yasuda, dermatologista do Hospital Edmundo Vasconcelos, alterações na tireoide também se manifestam nas unhas. Sinais de hipertireoidismo nas unhas incluem manchas escuras, descolamento (onicólise), embranquecimento, crescimento rápido e coiloníquia (unhas em formato de colher).
Já o hipotireoidismo pode fazer com que as unhas tenham enfraquecimento, descolamento, aspecto esbranquiçado e maior fragilidade, complementa Yasuda.
“Além do hipertireoidismo, a coiloníquia, essa unha em formato de colher, côncova, também é muito comum nas anemias ferroprivas, ou seja, com deficiência de ferro”, diz a dermatologista.
Covid-19 pode alterar unhas Apesar de ser algo mais recente, a dermatologista do Hospital Edmundo Vasconcelos, Thais Yasuda, relata ter notado duas principais alterações nas unhas em pacientes pós Covid-19.
Segundo a médica, a primeira delas é mais comum e encontrada também em outras infecções, chamada linha de Beau. Caracteriza-se pelo surgimento de sulcos transversais, ou seja, linhas “afundadas” horizontais nas unhas.
“A unha interrompe temporariamente seu crescimento e fica um buraquinho nela, como se fosse uma canaleta”, explica. De acordo com Yasuda, além da Covid-19, infecções pulmonares, medicamentos antibióticos e desnutrição também causam essas linhas nas unhas.
Outra alteração um pouco mais específica, segundo a dermatologista, é chamada de meia lua vermelha, uma faixa arredondada avermelhada em cima da lúnula, que é uma área branca na base da unha, próxima à cutícula.
“É algo raro, não oferece perigo nenhum e normalmente aparece algumas semanas após o contágio pelo coronavírus. Em uma a quatro semanas, também desaparece sozinho, sem precisar fazer nada”, diz Yasuda. A possível causa é um dano dos vasos sanguíneos associado ao vírus e à resposta imune do corpo, causando uma descoloração que dá esse aspecto avermelhado.
Saber identificar que algo está diferente nas unhas pode ser essencial para o diagnóstico de doenças. “Sempre orientamos buscar o dermatologista, tanto para orientar no tratamento, quanto para investigar a causa”, recomenda a médica.
Saiba mais | Saúde das unhas Alterações nas unhas podem ser manifestações de doenças dermatológicas ou sistêmicas. Também podem ser causadas por medicamentos ou deficiência de vitaminas e nutrientes.
Saiba mais | Saúde das unhas
Alterações nas unhas podem ser manifestações de doenças dermatológicas ou sistêmicas. Também podem ser causadas por medicamentos ou deficiência de vitaminas e nutrientes.
Alterações nas unhas e possíveis causas/associações:
Unhas esbranquiçadas ou com manchas brancas:
-Uso excessivo de esmalte e/ou removedor de esmalte
-Micoses
-Cirrose
-Insuficiência cardíaca
-Diabetes
-Doença renal crônica
-Hipotireoidismo ou hipertireoidismo
-Deficiência de ferro ou vitaminas
Unhas amareladas:
-Uso de esmalte por longos períodos
-Alterações no fígado
-Fungos
-Síndrome das unhas amarelas (doença que acompanha obstrução no sistema linfático e água no pulmão)
-Bronquite crônica
Unhas azuladas ou arroxeadas:
-Traumas (pancadas)
-Má oxigenação do sangue (cianose)
-Endocardite
-Colagenoses (doenças autoimunes que afetam o tecido conjuntivo)
Manchas vermelhas/rosadas nas unhas:
-Psoríase
-“Meia lua” vermelha pode aparecer em pacientes pós Covid-19
Melanoníquia/manchas escuras ou marrons nas unhas:
-Hipotireoidismo
-Doença de Addison (mal funcionamento das glândulas adrenais)
-Uso de medicamentos antineoplásicos (por exemplo: tratamento de câncer)
-Síndrome de Cushing (alta concentração de cortisol no sangue)
Coiloníquia/unha com “formato de colher”:
-Deficiência de ferro (anemia ferropriva)
Pequenas depressões/buracos nas unhas (pitting):
-Psoríase
-Alopecia areata (doença que provoca queda de cabelo)
Unhas rachadas ou quebradiças:
-Hipotireoidismo ou hipertireoidismo
-Anemias
-Desnutrição ou falta de vitaminas
Importante: o médico dermatologista é o profissional que irá identificar se as alterações nas unhas devem ser motivo de preocupação. Ao notar alguma mudança, busque um médico
Como deve ser o aspecto de unhas saudáveis?
-Cor rosada e uniforme
-Sem manchas brancas ou de outras cores
-Sem descolamentos ou rebaixamentos
-Sem descamações ou irregularidades na superfície
Dicas para cuidar das unhas:
-Hidratar as unhas (com hidratante comum)
-Usar luvas para manusear produtos de limpeza
-Evitar manicure agressiva
-Usar sempre kit de manicure próprio ou descartável
-Evitar unhas muito compridas
-Deixar as unhas “respirarem” (sem esmalte e sem ficar usando meia/sapato por tempo prolongado)
-Ter uma alimentação saudável
Fontes: Maria Gabriela Belerique, dermatologista no Centro Médico do Hospital Santa Tereza; Thais Yasuda, dermatologista do Hospital Edmundo Vasconcelos; Rafaella Caruso, dermatologista do Hospital Santa Catarina.