Projeto da Hemominas avança na atenção transfusional para pacientes

Desenvolvida em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde, iniciativa vai contribuir para minimizar riscos e oferecer um olhar individualizado ao paciente

Fundação Hemominas lançou, nesta semana, em conjunto com a Secretaria de Estado da Saúde (SES-MG), o  projeto PBM (Patient Blood Management). A iniciativa atende às necessidades atuais de segurança e sustentabilidade da medicina transfusional e, ainda, ao chamamento da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a necessidade urgente de implantação de políticas de PBM.

Para execução do projeto, a Hemominas constituiu um grupo de estudos com o objetivo de propor e implantar ações internas, e também auxiliar e incentivar os serviços contratantes a aderirem à causa. São resultados esperados, por exemplo, a população melhor atendida, com mais qualidade na assistência transfusional, e também a possibilidade de reduzir a utilização de transfusão quando outro procedimento ou outra terapia puderem ser feitos.

“É um procedimento bom, principalmente para o paciente, que vai ter um olhar diferenciado, individualizado. É bom para o hospital porque reduz o tempo de internação do paciente que, ao não passar por transfusões, vê minimizado o risco de eventos adversos, beneficiando-se também da redução no custo de sua internação”, afirma a presidente da Fundação Hemominas, Júnia Cioffi. “Temos um olhar da demanda transfusional em todo o estado e, agora, temos também o olhar individualizado do paciente, assegurando-lhe o melhor atendimento hemoterápico possível, o que significa que vamos continuar nos esforçando para captar doadores e manter hemocomponentes à disposição para todos aqueles que precisem”, completa.

Proposta

O objetivo desse programa que está sendo incluído na política de hemoterapia do estado é que os hospitais contratantes da Hemominas assumam essa proposta de manuseio individual do paciente, a partir de treinamentos oferecidos pela Hemominas. “O primeiro treinamento será em parceria com a Unifesp, de São Paulo, e começa em 16/6; posteriormente, teremos outros a serem ministrados pela equipe da Hemominas para dar continuidade”, salienta Júnia Cioffi.

Neste primeiro momento, as ações serão voltadas para a qualidade das evidências e condutas amplamente divulgadas na literatura através da campanha Choosing Wisely, formação de grupos de trabalho dentro dos hospitais aderentes e estabelecimento de um programa de auditoria e acompanhamento das transfusões.

O treinamento é gratuito e, como incentivo, abre aos estabelecimentos de saúde a possibilidade de desfrutar de benefícios na relação contratual com a Hemominas na implantação do PBM. Para tanto, os hospitais contratantes deverão ter uma programação de ações, preencher formulários de adesão ao incentivo e ao programa, observar as metas a serem cumpridas, realizar treinamentos e difundir os conhecimentos no hospital, entre outras metas ações futuras.

“A cada ano as metas vão se tornando diferenciadas, à medida que o hospital for se qualificando, ampliando seu conhecimento e a implantação do programa em suas clínicas e no atendimento aos seus pacientes. Ou seja, é um programa perene que visa à melhoria contínua dos hospitais na assistência transfusional para os pacientes”, conclui a presidente.

Por sua vez, a diretora técnico-científica da Hemominas, Maísa Ribeiro, manifestou a satisfação e orgulho da pela ação. “Este é um desejo de alguns anos da fundação, que impacta na solução de questões urgentes como a dificuldade de manter estoques, como ficou evidente durante a pandemia. A Hemominas, como responsável e participante dessa política no estado, tem de levar este projeto à frente, levando-o aos hospitais e, especialmente, aos pacientes que precisam dele“, considerou ela.

Implantação

Na ação de lançamento, em 11/5, no auditório do Hemocentro de Belo Horizonte (HBH), o doutor Marcelo Froes explicou como o programa será desenvolvido no estado e as ideias que embasam o projeto. “A visão do grupo constituído na Hemominas é pensar grande: um programa robusto que atenda todo o estado, atenda os pacientes, que funcione e tenha os recursos necessários. Mas sabemos que temos de começar em pequena escala, agir rápido e de forma constante, uma construção ao longo do tempo e termos os hospitais como parceiros”, pontuou.

Entre os objetivos, ele citou contribuir para a redução da demanda por hemocomponentes, reduzir a utilização indevida ou evitável de hemocomponentes, contribuir para a criação de uma cultura de qualidade e moderação em relação às transfusões, contribuir para a redução riscos inerentes à transfusão, aumentar utilização de recursos alternativos à transfusão no tratamento das anemias e coagulopatias, racionalizar recursos associados à medicina transfusional com ganho de eficiência, e também construir uma rede de educação continuada em medicina transfusional com capilaridade de informação.

Segundo Froes, o projeto se respalda no acúmulo de conhecimento, sobretudo nos últimos dez anos, sobre o benefício de condutas diferenciadas quanto a riscos associados a transfusões, medidas alternativas e benefícios de condutas transfusionais mais restritivas, escalada de custos dos serviços para todos os segmentos envolvidos.

Destacando a atualidade do tema “que precisa ser fortalecido nas instituições de ensino e saúde”, a doutora Isabel Cristina Céspedes, da Escola Paulista de Medicina da Unifesp, elogiou a iniciativa e o evento. Para ela, o grande mérito do PBM reside no fato de concentrar estratégias disponíveis, eficientes e de baixo custo na segurança do paciente.

Céspedes fez um breve histórico das discussões, práticas e estudos existentes sobre o BPM, “movimento internacional de grandes instituições e pesquisadores”, relatando algumas experiências já desenvolvidas ou em curso no mundo e no Brasil em instituições de saúde e de ensino. Entre os avanços observados com a implantação do BPM, ela ressaltou os benefícios clínicos, a redução de gravidade, mortalidade e tempo de internação para os pacientes, além dos financeiros.

Finalizando, a diretora de Gestão institucional da Fundação Hemominas, Kelly Guerra, pontuou os trâmites que os hospitais contratantes devem seguir para a formalização das parcerias. Informações e documentações necessárias para Agências Transfusionais e contratantes podem ser acessadas no site da fundação. A formalização do termo aditivo deve ser feita até 1º de junho de 2022, e o curso começa em 13 de junho, ministrado pela Unifesp.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

[the_ad_placement id="home-abaixo-da-linha-2"]

LEIA TAMBÉM

Ipatinga registra 7 mortes por chikungunya em 2024

🔊 Clique e ouça a notícia IPATINGA – Ipatinga já registrou sete mortes por chikungunya em 2024. A informação foi divulgada pela Secretaria de Saúde, por meio do Departamento de