Profissionais da saúde e segurança contam sobre rotina e riscos no trabalho durante a pandemia

Desde que o novo coronavírus chegou a Governador Valadares, diversos profissionais estão trabalhando na linha de frente de combate à doença. Médicos, enfermeiros, dentistas e até profissionais da área de segurança pública, como policiais militares, arriscam-se dia após dia para manter o funcionamento da sociedade.

Em tempos de isolamento social, o cuidado com a higiene deve ser redobrado, principalmente se o profissional trabalha diretamente com pessoas que podem estar infectadas com a Covid-19. O cabo Edgar, de 36 anos, trabalha na base da PM e contou que toma todos os cuidados possíveis, mas ainda tem medo de contaminar pessoas que moram com ele.

“Minha rotina mudou, agora estou mais precavido com a higiene. Utilizo máscara, álcool, mantenho o distanciamento das outras pessoas. Ao chegar em casa, retiro o sapato ou chinelo. Mas sempre existe o medo de contrair (a doença) e contaminar alguém da minha casa ou outras pessoas também.”

Edgar, policial militar

Se o risco já é alto para os profissionais da segurança, por terem contato com pessoas que podem estar infectadas, quem trabalha na área de saúde pública, especificamente em hospitais, tem a certeza de que vai ter de lidar com contaminados com o novo coronavírus.

A técnica em análises clínicas e acadêmica de biomedicina Amanda Caldeira, de 24 anos, trabalha em um hospital local e, em função do trabalho, lida diariamente com pacientes infectados pela doença. Ela conta que, por estar em contato direto com contaminados pela Covid-19, evita tocar ou abraçar as pessoas de casa. “A rotina dentro de casa é o cuidado em lavar sempre as mãos. Também evito ficar abraçando e tendo um contato muito perto com a minha mãe, que está inclusa no grupo de risco, pela idade”, relata.

Amanda ainda disse que sabe dos riscos que corre, apesar da higienização reforçada. Entretanto, um fator muito especial a motiva a continuar trabalhando todos os dias: a vontade de ajudar quem precisa.

“No início (da pandemia) creio que todos ficamos receosos, principalmente por ser algo novo. É normal. Mas, conforme o tempo vai passando, tenho mais certeza de que estou no caminho certo e na área certa. Ajudar quem precisa de cuidados é minha satisfação.”

Amanda Caldeira, técnica em análises clínicas e acadêmica de biomedicina

Mas não são todos os profissionais da saúde que tratam de pessoas infectadas com a Covid-19. Aliás, existem aqueles que evitam o máximo o contato com algum contaminado. É o caso da endodontista (dentista especializada no estudo da polpa do dente) Karla Oliveira, de 51 anos, que atende em consultório no centro da cidade, onde o fluxo de pessoas é bem alto.

Karla está sendo bem rigorosa com a higiene do consultório desde o início da pandemia. A dentista realiza todo um processo ao chegar ao local: “Ao chegar, limpo os pés em um tapete sanitizante, entrando no consultório troco os calçados (tira o que estava usando e coloca outro que já fica no consultório). Para os pacientes é aferida a temperatura corporal, passamos álcool nas mãos e damos uma touca para os sapatos deles. Tudo antes de iniciar qualquer procedimento”.

Mesmo atendendo menos pacientes, com tanto rigor e cuidado, a dentista ainda tem medo de ser contaminada e, o que é pior, levar o vírus para dentro de casa, onde ela mora com o marido e a filha.

“É uma insegurança constante. Apesar de fazermos todo o procedimento higiênico, tendo os cuidados necessários, estamos sempre expostos. O risco de ser contaminada existe, por isso, em casa não entramos de calçado e tudo que vem do supermercado é limpo no hall do apartamento.”

Karla Oliveira, endodontista

Como está a situação em Valadares?

Até o fechamento desta matéria, a cidade havia contabilizado 188 mortes em decorrência da doença. Ao todo, são 5.797 casos confirmados, sendo que 5.457 pessoas estão recuperadas. 113 pessoas infectadas ainda estão em isolamento domiciliar.

De acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde, a taxa de ocupação dos leitos de UTI do Hospital Municipal e do Hospital Bom Samaritano caiu de domingo para segunda para 52,1%. Já nos hospitais particulares da cidade, a taxa de internação subiu para 72%. No total, são 30 pacientes em todas as UTIs.

No último dia 13 de agosto, o governador Romeu Zema (NOVO) esteve em Valadares e anunciou que estava incluindo a cidade na onda amarela do Minas Consciente, o que permite o funcionamento dos serviços não essenciais, mas cumprindo os protocolos de segurança.

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