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Profissão de cuidador de idoso cresce no Brasil nos últimos anos

De acordo com profissionais que fazem esse tipo de trabalho em Valadares, é necessário atenção especial à pessoa que está sendo cuidada, disponibilidade de tempo, empatia e ter qualificação profissional

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define como idoso as pessoas de 60 anos ou mais. No Brasil, o Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia (IBGE) divulgou que o país tinha 32,9 milhões de idosos em 2019, número que representava 15,7% da população brasileira. Como muitas pessoas estão inseridas nesse contexto, uma atividade que tem crescido é a de cuidador de idoso.

Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o número de cuidadores de idosos no Brasil entre 2007 e 2018 saltou de 5.263 para 36.720. Apesar desses números, a proposta de regulamentação da profissão teve veto presidencial em julho de 2019 e também pelo Congresso Nacional três meses depois.

A legislação que está em vigor e que regulamenta o trabalho de um cuidador de idoso (em âmbito residencial) atualmente é a Lei Complementar nº 150/2015, oriunda da PEC das domésticas. Nela, o profissional pode exercer a jornada de trabalho de 8 horas diárias e 44 semanais ou jornada de 12×36, tendo o controle em folha de ponto, faltas e atrasos, horas extras e adicional noturno (caso jornada seja 44 horas semanais). Além disso, tem direito a descanso de pelo menos um dia na semana, férias e benefícios existentes da CLT. Já no caso de a jornada de trabalho ser no máximo de dois dias por semana, o cuidador poderá ser contratado de forma autônoma, como acontece com as diaristas.

Ediane Cardoso de Andrade Lima nasceu em Frei Inocêncio, mas tem seis anos que ela mora e trabalha em Valadares como cuidadora de idosos. Sua primeira experiência foi cuidando da mãe de um fazendeiro. “Eu sempre tive muito carinho por idosos e vim para Valadares com meu primeiro emprego sendo de cuidadora. Sou de Frei Inocêncio, mas morava nas redondezas em fazenda. Vim para Valadares cuidar da mãe da esposa de um fazendeiro”, disse.

Ediane trabalha como cuidadora de idosos há seis anos em Valadares (foto: Arquivo Pessoal)

Sobre as dificuldades da profissão, Ediane relata a não valorização, além daquelas situações que fogem à mão do profissional. “Para mim é ruim ver o paciente sofrendo e a gente não poder fazer nada, principalmente aqueles acamados. É muito difícil de lidar com essas situações. O cuidador também teria que ser mais valorizado, principalmente nas leis trabalhistas. Poderia formalizar e ter a lei do cuidador. Se Deus quiser a gente ainda vai chegar lá”.

De acordo com Ediane, ela trabalhou mais de um ano sem fazer curso, mas buscou qualificação logo que teve oportunidade. “Acredito que a prática me ajudou muito. Quando tive oportunidade fiz cursos de como dar banho, de como se move com o paciente, curso sobre infecção urinária, de mexer com sondas, dentre outros”.

Normalmente são exigidas para o cuidador do idoso as tarefas de tomar conta da parte da higiene, alimentação e medicação da pessoa que está sendo cuidada. Além disso, tem que ter empatia, gostar do que faz e ser paciente, já que muitos idosos se encontram em situação difícil, seja por limitações físicas ou por doenças como Alzheimer. Por isso, segundo Ediane, esse tipo de trabalho exige muita atenção, além de ser importante ter um bom relacionamento com os familiares do idoso. Atualmente a cuidadora está trabalhando com uma idosa acamada de 86 anos.

Vera conta que o trabalho tem que ser de atenção especial à pessoa que está sendo cuidada (foto: Arquivo Pessoal)

Vera Lúcia também trabalha como cuidadora de idosos há pelo menos seis anos. Ela ressalta que se não houver amor, carinho e paciência, nem adianta a pessoa querer ser uma cuidadora, pois esse tipo de trabalho demanda muita atenção e cuidado.

Segundo Vera, ela não vê dificuldade de exercer o trabalho, até porque também fez cursos para se qualificar, mas acredita que a pessoa que trabalha como cuidadora deveria ser mais valorizada. Nesses seis anos, a cuidadora trabalhou na informalidade, sem ter carteira assinada. “Acho que deveria regularizar a nossa profissão, pois nunca trabalhei de carteira assinada. Não posso reclamar muito, porque graças a Deus, sempre ganhei bem. Mas tem gente que tem coragem de falar que está precisando de uma cuidadora e na hora da conversa descobrimos que ela quer que façamos também os afazeres de casa. Isso pode ser um problema, porque o nosso serviço precisa de muita atenção ao idoso”.

E esse tipo de atenção que não pode faltar, segunda a cuidadora, já que o trabalho exige muito cuidado e disponibilidade, além da confiança da família. “Aquelas pessoas que passam a noite, por exemplo, ou trabalham no sistema de 12×36 horas. Às vezes o idoso tem escaras e é necessário mudar a posição dele de hora em hora. Tem também a situação da pessoa que está usando sonda ou até chegou a fazer uma traqueotomia, aí precisa de sempre higienizar a cânula. A nossa profissão demanda muito zelo mesmo. Ter um bom relacionamento com a família é ótimo, queira ou não queira, nos tornamos uma família só nesse ambiente. E para dar certo tem que ter essa parceria e confiança. Em meu último trabalho, cuidei de um idoso por três anos e meio. Mesmo após o falecimento da pessoa há três meses, a família me considera muito”.

Vera está em busca de um novo paciente para poder continuar o trabalho de cuidadora. Ela revelou que fez um plantão em um hospital há três semanas olhando um idoso. Agora está aguardando novas propostas para voltar a trabalhar.

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