Produtor valadarense cultiva a pimenta mais ardente do mundo

Em sua propriedade, João diz que tem cerca de 700 pés de pimenta Caroline Reaper

A pimenta é um tempero indispensável na culinária brasileira. Existem diversos tipos, tamanhos, cores e formatos. Malagueta, dedo de moça, biquinho e cumari são as mais presentes em pratos apimentados. Porém, nenhuma delas passa perto do grau de ardência da pimenta Caroline Reaper, eleita pelo Guinness World Records a pimenta mais ardida do mundo. Essa pimenta pode ser encontrada em uma propriedade rural nas proximidades do bairro Santos Dumont II, em Governador Valadares. Cultivadas pelo produtor rural João Augusto, as pimentas parecem um minipimentão. Mas basta mastigar um pequeno pedaço, e a primeira sensação será como se a boca estivesse pegando fogo. Para quem não tem costume, é melhor nem arriscar.

Em sua propriedade, João diz que tem cerca de 700 pés de pimentas Caroline Reaper. A produção começou em 2013, quando chegou dos Estados Unidos para dedicar seu tempo ao cultivo de pimentas nucleares. “Morei 23 anos em Boston/USA, onde trabalhei em restaurante e tive contato com pimentas de ardor extremo. Até então, a pimenta mais forte que conhecia era a nossa malagueta. A partir daí, passei a estudar um pouco da história de cada variedade e degustar o fruto. Depois comecei a criar molhos artesanais, que distribuía ou, às vezes, vendia para amigos e colegas de trabalho. Eles ficavam loucos com a qualidade, sabor e ardência. Passei então a comprar sementes das pimentas mais fortes do mundo e, quando retornei ao Brasil, resolvi cultivá-las”, contou.

Segundo João, a Caroline Reaper é resultado do cruzamento de duas pimentas extremamente ardidas, a Red Savina com a Bhut Jolokia. Essa pimenta é oriunda de Fort Mill, no estado americano de Carolina do Sul, daí o seu nome. O produtor revelou que existe um período certo para a plantação e colheita. “A pimenta é uma planta perene, que produz o ano todo, mas existe um período melhor para plantação, de agosto a dezembro. Para colher, a melhor época é setembro. Quanto mais quente for o clima, melhor a produção”, explicou. Ainda sobre o cultivo, João lembra outro detalhe importante na hora da plantação: a distância. “É preciso tomar certo cuidado na hora de plantar. Não pode ter plantações de outras pimentas a uma distância mínima de 200 metros. Pode correr o risco da polemização cruzada, através das abelhas, que podem prejudicar o desenvolvimento da planta”, afirma.

O produtor diz que o número de admiradores e curiosos que procuram pelos molhos de pimenta cresceu nos últimos anos. “O consumo de pimentas nucleares aumentou em Valadares e região norte. Conheço alguns pequenos produtores que começaram a investir na plantação. Houve um certo interesse de restaurantes; as vendas on-line também têm sido grandes. Na culinária, fica muito boa em uma moqueca ou carne cozida”, diz.

Durante a entrevista, João faz um alerta para os curiosos. “Para quem não tem costume de comer pimentas ardidas, é melhor não arriscar. A aparência da Caroline Reaper engana. Quanto mais enrugadinha ela for, maior será sua ardência. Certa vez eu levei a pimenta para o restaurante de um amigo aqui em Valadares. Ele gosta muito de pimenta, mas quando experimentou a minha, quase passou mal. Foi preciso tomar um copo de leite para neutralizar a ação da capsaicina”, conta.

A mais ardida do mundo

De acordo com o produtor, para classificar o grau de ardência das pimentas, usa-se, desde 1912, a escala de Scoville, nome dado em homenagem ao cientista e farmacologista norte-americano Wilbur Scoville. As pimentas são classificadas de acordo com sua ardência (pungência), que é definida pela quantidade de capsaicina presente no fruto. O método de Scoville consiste na diluição do extrato da pimenta a ser testado numa solução de água e glicose (açúcar), até que a ardência não seja mais perceptível pelo paladar. Ao fazer o teste, Scoville concluiu que, quanto maior a quantidade de solução necessária para diluir uma pimenta, mais alto é o seu grau de ardência.

Segundo a escala de Scoville (SHU), a pimenta Caroline Reaper foi classificada como a mais quente do mundo pelo Guinness, com média de 1.569.300 milhões SHU (escala Scoville), com níveis de pico de mais de 2.200.000 milhões SHU.

Os molhos de pimenta Caroline Reaper do João podem ser encontrados no Mercado Municipal, em Valadares.

por Eduardo lima | eduardolima@drd.com.br

 

Em sua propriedade, João diz que tem cerca de 700 pés de pimentas Caroline Reaper.Fotos: Eduardo Lima

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