Pressionado, Bolsonaro resiste a exonerar ministro

FOTO: Divulgação

Brasília (AE) – As denúncias envolvendo o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, iniciaram uma queda de braço no governo. De um lado o presidente Jair Bolsonaro, que resiste em afastá-lo, e de outro, auxiliares diretos, incluindo os militares, que desde a época da transição não defendiam o nome de Álvaro Antônio para o cargo. O pente-fino dos militares identificou que o ministro poderia dar dor de cabeça para o presidente antes mesmo de ele ser nomeado, mas a escolha atendeu a apelo do PSL, sigla do presidente.

Polícia Federal e Ministério Público investigam a suspeita de uso de candidaturas-laranjas em Minas Gerais. Em depoimento, ao menos uma delas contou que recebeu do então candidato a deputado federal pedido para que devolvesse parte dos valores recebidos do fundo eleitoral. Outras quatro mulheres também procuraram os investigadores pedindo para prestar depoimento no mesmo sentido

Interlocutores diretos do presidente se preocupam com um desgaste prolongado com o surgimento de mais e mais denúncias contra o ministro.

Ao ser questionado por jornalistas sobre se o caso não estaria gerando constrangimentos ao governo, Bolsonaro respondeu: “Deixa as investigações continuarem.”

O porta-voz do governo, Otávio do Rêgo Barros, também ao ser questionado pela imprensa, repetiu o chefe. “Ficou claro que o presidente aguarda o desenrolar dos fatos na Justiça”, disse. O porta-voz informou que Bolsonaro e Álvaro Antonio não conversaram sobre o assunto.

A entrada de Álvaro Antônio no governo foi considerada uma cartada do PSL, que colocou seu nome “goela abaixo” do presidente e dos militares. Na ocasião, o empresário Gilson Machado estava cotado para assumir a pasta, por ser, segundo auxiliares do Planalto, um nome técnico que ajudaria a alavancar o setor, principalmente no Nordeste. Seu nome era dado como certo, quando, para surpresa de seu entorno, Bolsonaro acabou escolhendo Álvaro. Na época, o escolhido disse que sua nomeação não contemplava nenhum partido ou Estado, mas que foi indicado pela Frente Parlamentar em Defesa do Turismo, da qual faz parte.

Investigação

A suspeita de uso de candidaturas-laranjas pelo PSL, em que Álvaro Antonio aparece como figura central, é alvo de investigações da Polícia Federal e do Ministério Público, que estão na fase de coleta de depoimentos.

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, já afirmou que, caso fique comprovado que o ministro cometeu irregularidades, ele será demitido.

O ministro tem negado as acusações. Ele afirma que as candidatas mentem quando dizem que ele ou sua assessoria propuseram durante a campanha eleitoral que elas devolvessem dinheiro do fundo eleitoral.

A lei eleitoral obriga os partidos a destinarem um porcentual dos recursos para as candidatas. O objetivo é aumentar a participação delas na política. Por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), neste ano os partidos deveriam repassar pelo menos 30% dos recursos para as candidaturas femininas. As apurações da Polícia Federal estão concentradas em Pernambuco e Minas Gerais, onde a Justiça Eleitoral autorizou as investigações.

por Julia Lindner e Tânia Monteiro

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