Referência no atendimento de vítimas de ataques de animais peçonhentos, o Hospital Universitário Clemente de Faria (HUCF), vinculado à Unimontes, em Montes Claros, no Norte de Minas, alerta a população para o período de reprodução dos escorpiões, quando a incidência de ataques costuma ser maior.
Já na primeira semana do ano, a unidade registrou um óbito por ataque de escorpião. A vítima, uma criança de 7 anos, recebeu os primeiros atendimentos em Janaúba (Norte de Minas), foi transferida para Montes Claros e, com o quadro de edema agudo no pulmão, sofreu uma sequência de dez paradas cardiorrespiratórias e não resistiu.
Médico pediatra do hospital, Carlos Lopo reforça o alerta sobre os riscos de acidentes com escorpiões e aranhas nesta época do ano. “Este é o período de reprodução destas espécies. Os locais mais comuns de incidência são exatamente os mais sujos: onde há acúmulo de entulhos e de materiais de construção, de folhas e, ainda, paredes sem reboco. Locais de acúmulo de lixo doméstico (como os depósitos em condomínios) e redes de esgoto a céu aberto também são lugares bem perigosos, pois acumulam as principais fontes de alimentos do escorpião: moscas, larvas e baratas”, explica.
Histórico
De acordo com dados do Núcleo de Vigilância Epidemiológica em Ambiente Hospitalar (Nuveh) do HUCF, um total de 2.852 casos de ataques de escorpiões foram atendidos pelo Hospital Universitário, contra 2.908 em 2018, uma queda de 1,92% em comparação ao ano anterior.
Porém, houve mais mortes causadas por picadas no período: uma em 2018 e cinco em 2019 (a maior parte referente a pacientes transferidos de outras cidades da região).
Ataques
O HUCF revela ainda que os números de ataques de todos os animais peçonhentos – cobras, serpentes, aranhas, escorpiões e lacraias, entre outros – suscitam cuidado. Em 2018 foram 3.217 ataques notificados e, no ano passado, 3.356. Um aumento de 4,32%, somente na unidade de atendimento.
O médico Carlos Lopo lembra que existem várias espécies de escorpião, sendo as mais incidentes e perigosas em Montes Claros e região a Tityus bahiensis e a Tityus serrulatus – os escorpiões preto e amarelo, respectivamente. O último é o mais preocupante diante do alto risco do seu veneno.
Lopo revela ainda que, diferentemente das cobras, os escorpiões adultos são mais perigosos devido à quantidade de veneno (nas cobras, o veneno dos filhotes possui mais capacidade de proteólise ou digestão que os adultos). “Mesmo que galinhas e outras aves se alimentem de escorpiões, não é a melhor maneira de prevenção, pois eles possuem hábitos noturnos (enquanto as aves são diurnas). A melhor maneira de prevenir é com cuidados diários de limpeza, além de prestar atenção aos calçados, roupas penduradas e assim por diante”, destacou.