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Para Sebastián Cuattrin, Jogos Olímpicos de Tóquio acontecerão mesmo em meio à pandemia

O argentino naturalizado brasileiro entende que a organização do evento está empenhada para realizar o evento com toda a segurança

Morando atualmente em Lausanne, na Suíça, Sebastián Cuattrin, ex-atleta olímpico e agora gerente mundial de Desenvolvimento na Federação Internacional de Canoagem, conversou com o DRD sobre a viabilidade dos Jogos Olímpicos de Tóquio, como fica a cabeça do atleta nesse meio tempo de mudança de datas e também da organização, que precisa adaptar algumas situações para a realização do evento. Além disso, ele também relembrou um pouco de sua história em Valadares.

Marcado inicialmente para o período de 24 de julho a 9 de agosto de 2020, as Olimpíadas de Tóquio tiveram a data alterada devido à pandemia da covid-19. O Comitê Olímpico Internacional (COI) definiu que os jogos acontecerão entre 23 de julho e 8 de agosto deste ano. Sebastián Cuattrin, que trabalhou nos Jogos Olímpicos de 2016, entende que a organização tem atuado com afinco para fazer o melhor e realizar os jogos. “Com essa mudança, com certeza, a organização teve um pouco mais de trabalho, principalmente com a questão da logística de todo o evento, que inclui a estrutura dos locais dos jogos, remanejamento de pessoas, protocolos de segurança, dentre outras coisas. Apesar da mudança de data, agora já estamos próximos dos jogos. Acredito que eles vão conseguir fazer o evento de uma maneira legal, e vejo que estão empenhados para isso acontecer, mesmo neste contexto de pandemia”, disse.

Sebastián Cuattrin ressalta que, com a mudança de data, a preparação dos atletas também foi afetada, mas entende que eles não podem perder o foco. “No início, imagino que é um pouco de chateação e até um estresse, pelo adiamento, mas nada que não consiga ser gerenciado. Para o atleta de alto rendimento, que já é acostumado a competir, certamente fizeram a reprogramação e logística dos treinos para mais um ano visando à competição.”

Desde agosto de 2019, Sebastián Cuattrin atua como gerente mundial de Desenvolvimento na Federação Internacional de Canoagem, na Suíça (Foto: Arquivo Pessoal)

O ex-canoísta disputou quatro edições dos jogos: Barcelona 1992, Atlanta 1996, Sydney 2000 e Atenas 2004. Dentre essas participações, chegou à final da prova K1 de 1.000m, ficando em oitavo lugar. Ele conta que, independentemente de medalha, o atleta que participa de uma olimpíada fica marcado. “Acredito que participar de uma olimpíada é um dos maiores sonhos de um atleta profissional. Ganhar uma medalha, então, talvez seja o sonho de consumo. Mas só de competir nos jogos já é algo fantástico. Não tenho dúvida de que qualquer atleta de alto rendimento pensa em chegar aos jogos, que são a expressão máxima da carreira, ainda mais se ganhar uma medalha. Já vi muitos campeões mundiais dizerem que trocariam suas medalhas de campeão do mundo por uma medalha olímpica. Isso é apenas um exemplo da importância de uma olimpíada para o atleta.”

Nos jogos do Rio 2016, Isaquias Queiroz foi o primeiro canoísta brasileiro a ganhar medalha na modalidade. Ele faturou duas medalhas de prata e uma de bronze. Sobre as possibilidades de o Brasil ganhar medalhas na canoagem de velocidade em Tóquio, Sebastián Cuattrin está bem confiante. “Vejo que a canoagem brasileira tem tudo para conseguir mais medalhas que conseguiu no Rio 2016. O Isaquias e o Erlon estão muito bem e demonstraram isso nas últimas competições de que participaram. Também temos excelentes atletas na canoagem paralímpica, como o Caio Ribeiro e o Fernando Rufino, que ganhou há duas semanas etapa da Copa do Mundo. Por isso, imagino que os resultados possam ser ainda melhores nos jogos.”

O Brasil ainda definirá outra vaga na canoagem de velocidade. Já na canoagem slalom, Ana Sátila (C1 e K1) e Pepê Gonçalves (K1) já têm vaga garantida nos jogos.

Dedicação exclusiva ao esporte

Viver de esporte no Brasil não é uma realidade fácil para muitos atletas. É até comum ter que conciliar trabalho fora do esporte com os treinos. Sebastián Cuattrin reconhece essa dificuldade, mas relembra que essa realidade melhorou um pouco com os incentivos governamentais. “Eu diria que essa situação mudou muito nos últimos dez anos, com o surgimento de programas de incentivo municipal, estadual e federal. Os atletas podem conseguir uma série de vantagens, o que antes era mais complicado ter, pois dependiam muito de recursos de patrocínios de empresas privadas. Com esses incentivos, os atletas podem ficar focados em se dedicar especificamente ao esporte e, consequentemente, aumentar as possibilidades de pensar em grandes resultados.”

Início na canoagem em Valadares

Nascido em Rosário, na Argentina, Sebastián Cuattrin chegou ao Brasil junto com a família quando tinha cinco anos de idade. Segundo ele, o processo de se naturalizar brasileiro foi normal e não foi difícil, já que a família foi bem recebida no país. Sobre a importância de Valadares na vida dele, o ex-atleta conta que a cidade está marcada na sua história e também da família. “Valadares representa tudo para nós, pois foi a cidade que acolheu a nossa família e nos proporcionou crescimento esportivo e também profissional. Só temos que agradecer, e a gente tenta retribuir levando o nome da cidade de uma forma bem adequada e representativa, ressaltando que o valadarense é um cidadão de bem e que merece o respeito em qualquer parte do mundo. Essa é a mensagem que levo, pois foi uma cidade essencial do meu crescimento. No rio Doce que tive o primeiro contato com a canoagem. Meus professores de educação física do Colégio Lourdinas também me incentivaram bastante nas modalidades esportivas desde a minha entrada no colégio. Tudo que sou hoje e conquistei, tenho a certeza de que Valadares tem papel importante nisso. Participei de algumas competições de início de carreira em Valadares e tive como contemporâneos muita gente boa que me ensinou bastante, como Márcio Mansur, Marcelo Marigo, Maria Sobreira, falecido doutor Abraão, Maninho, Leal Portugal, Marck Douglas Willians; depois veio o Paulinho Guido e uma outra turma boa, que continuou com a canoagem, além de uma geração anterior à nossa, que tinha o Mário Menudo e outros nomes que marcaram Valadares.”

O ex-atleta lembrou que foi no rio Doce o aprendizado na canoagem (Foto: Arquivo DRD)

De acordo com Sebastián Cuattrin, seu primeiro contato com a canoagem foi com 13 anos. Após se destacar em competições, foi convocado para integrar a seleção brasileira. Foram 22 anos dedicados às disputas de competições internacionais, defendendo a bandeira do Brasil. Além das participações em quatro edições de Jogos Olímpicos, o ex-atleta conquistou 11 medalhas em Jogos Pan-Americanos, 25 medalhas em Jogos Sul-Americanos, nove medalhas em etapas da Copa do Mundo. No ano passado, foi o primeiro nome da canoagem que entrou no Hall da Fama do Comitê Olímpico do Brasil (COB).

Para finalizar, o ex-atleta olímpico deixou um recado para quem quer se dedicar ao esporte. “Meu recado para essas pessoas é que qualquer coisa que forem fazer, seja qual for a modalidade esportiva, que possam se dedicar bastante, fazendo tudo da melhor forma possível e, principalmente, que encontrem a alegria nisso. Com esses requisitos, o sucesso pode, sim, aparecer em um futuro, mais cedo ou mais tarde.”

Sebastían Cuattrin representou o Brasil e conquistou muitas medalhas em competições internacionais (Foto: Arquivo Pessoal)

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