Onda vermelha em Valadares preocupa profissionais de várias áreas

A partir de sábado, a cidade terá restrições por causa da nova classificação no programa Minas Consciente

A partir de sábado (21), Governador Valadares entrará na onda vermelha do Minas Consciente, programa desenvolvido pelo Governo de Minas Gerais, por meio das secretarias de Desenvolvimento Econômico (Sede) e de Saúde (SES-MG). Com a nova classificação, a cidade terá em funcionamento somente os serviços considerados essenciais, situação que preocupa muitos profissionais de áreas que serão impactadas.

Marcello Umbelino trabalha com corte de cabelo e barba há 18 anos e tem um salão na avenida Minas Gerais, na região do bairro Nossa Senhora das Graças. Sem a possibilidade de poder trabalhar a partir de sábado, ele está preocupado, pois o salão é o seu ganha-pão diário. “Mais uma vez a cidade entra na onda vermelha e tenho que parar meu trabalho e ficar sem meu ganha-pão. É engraçado, pois no período de eleição teve muita passeata, caminhada e carreata, que causaram aglomeração. Sou pai de família, dependo do meu salão para sobreviver e não tenho outra alternativa. Ainda tenho que cumprir a lei, que não é para todos, mas tenho que fazer minha parte. Mesmo tomando os devidos cuidados com a utilização de máscara, álcool gel, trabalhar com agendamento nos últimos meses, a partir de sábado não poderei trabalhar. Fica minha indignação.”

Vilson Merlini revela queda de 50 por cento nas vendas em sua lanchonete (Foto: Fábio Velame)

Vilson Merlini há 37 anos tem uma lanchonete na avenida Minas Gerais, na região do bairro Grã-Duquesa. De acordo com ele, esta é a pior crise que ele já enfrentou e suas vendas caíram 50 por cento neste período de pandemia. “Agora complicou de vez, pois quando as coisas estavam começando a engrenar de novo, veio a onda vermelha, que vai nos impactar demais. Tenho doze funcionários e a primeira parcela do 13º salário tem que ser paga até o dia 30 de novembro. Imposto tem todos os meses para pagar e minhas vendas caíram pela metade desde o início da pandemia. A esperança é que as coisas possam mudar logo, pois, se não melhorar, infelizmente terei que fazer dispensa de funcionários”.

Jéferson Souza lamenta situação de restrição na cidade (Foto: Arquivo pessoal)

O assistente administrativo Jéferson Souza é frequentador da lanchonete e também lamenta a situação, já que ele considera o local bem familiar e sempre se encontrava com os amigos por lá. “Sou frequentador dessa lanchonete há mais de 25 anos, pois é um ambiente bem familiar. Tenho o costume de ir lá para sentar com amigos, conversar, fazer um lanche, ver um jogo, dentre outras coisas. É lamentável essa restrição, pois sentimos muito com a falta de socialização e também pelos donos do estabelecimento. Eu frequentemente vou lá, já me familiarizei com todo o pessoal, desde os donos, chapeiros, atendentes e entregadores. Entendo que o delivery veio para ajudar, mas é bom enfatizar que o ambiente da lanchonete é importante para nós consumidores, e sempre foi uma das opções de encontro com amigos, além de servir como um meio de socialização.”

O personal trainer e terapeuta Yuri Franco tem um estúdio de treinamento funcional na avenida Itália, no Grã-Duquesa. Ele ressalta que o setor de trabalho dele promove saúde, e acredita que quem vem treinando possa ter um sistema imunológico fortalecido. “A gente entende que a população relaxou e, diante desse relaxamento, era cabível ver uma medida restritiva como essa da onda vermelha. O nosso setor atua na promoção de saúde e ajuda no fortalecimento do sistema imunológico. Quem vem treinando ao longo do ano tem a probabilidade maior, se pegar o coronavírus, de sair bem. A gente acredita que aquela pessoa que fica parada e sem fazer exercício físico em casa está mais vulnerável a essa doença.”

Yuri Franco está preocupado com continuidade do trabalho em seu estúdio de treinamento funcional (Foto: Fábio Velame)

Yuri Franco ainda acredita que esse tipo de trabalho que ele e muitos outros profissionais realizam não deveria ser restringido. Com essa situação de onda vermelha, prevê também queda na arrecadação, uma situação preocupante para ele. “No nosso setor, eu acredito que não deveria fechar, assim como a farmácia e o hospital. Eu também sou terapeuta e atuo com massagem, e tem vários tipos de serviços que estou deixando de prestar para a sociedade. O meu estúdio tem todo o material de limpeza e higienização e estou fazendo minha parte. A maioria das pessoas que trabalha nesse setor não quer fechar e eu vou ver como trabalhar, até porque tenho contas de IPTU, taxa de luz, água e aluguel para pegar. Com essa situação de onda vermelha, quem vai querer pagar uma mensalidade? Eu estava em uma crescente de quantidade de aluno e agora vai cair. Temos um grupo organizado para conscientizar que nós somos um serviço essencial. Vamos ver o que que vai dar”.

Luciano Marçal é professor de tae kwon do em Valadares (Foto: Arquivo pessoal)

Luciano Marçal é professor há 17 anos em uma academia de tae kwon do, que atualmente tem sua sede no bairro de Lourdes. Ele explica que será prejudicado mais uma vez, já que o seu trabalho passou por restrições logo quando começou a pandemia. “Essa área nossa será muito afetada e eu serei prejudicado duas vezes. Primeiro, porque já estava trabalhando com horários e turmas reduzidas. A outra é um projeto social de iniciativa privada que tenho com 25 alunos. Parando as aulas, o projeto será prejudicado e a empresa não paga. Fica bem complicado, pois os nossos gastos continuam com aluguel, água e luz, contas essas que não deixam de chegar. O que eu vejo é que a falta de respeito de uns atrapalha todos. Vimos por aí nesse tempo muita gente fazendo festas, bares lotados, pessoas alugando trenzinho para andar. Infelizmente quem estava trabalhando direitinho e obedecendo as regras e normas vai pagar o preço.”

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