Do ponto de vista etimológico, a palavra inveja (do latim invidere) significa “olhar contra”. O invejoso, então, é aquele que olha, contrariado para o outro por causa das coisas que o outro tem. Vem daí o uso da expressão “mau olhado”.
O conceito de felicidade do invejoso pode ser encontrado no Dicionário do Diabo, de Ambrose Bierce, segundo o qual “felicidade é a sensação agradável que resulta da contemplação da miséria de outrem”.
É interessante observar que o pecado da inveja é mais evidente entre as pessoas mais próximas e, especialmente, em relação às afinidades. Irmão tem inveja de irmão. Mãe tem inveja de outra mãe, médico de outro médico e assim por diante.
Quando analisamos a ocorrência da inveja, na Bíblia, a primeira observação que se faz necessária é que a mesma está arrolada entre os pecados mais degradantes. Leia Romanos 1.21: “Estão cheios de toda iniquidade, prostituição, malícia, avareza, maldade, inveja, homicídio, contenda, engano e malignidade”. E, agora, Gálatas 5.19-21: “As obras da carne são conhecidas, as quais são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, pelejas, dissensões, facções, inveja, bebedices, orgia e coisas semelhantes a estas…”.
Em segundo lugar, a inveja realça o sentimento de inferioridade. Todo invejoso se sente inferior em relação aos atributos, status, conquistas, oportunidades ou habilidades do outro. Em I Samuel 18 encontramos o registro de como Davi foi aclamado depois de sua vitória contra o gigante Golias: “As mulheres, dançando, cantavam umas para as outras dizendo: Saul feriu os seus milhares, porém, Davi, seus dez milhares”. Com o coração cheio de inveja, Saul se indignou muito e pensou: “Dez milhares deram a Davi e a mim somente milhares. Na verdade, o que lhe falta senão só o reino?” (I Samuel 18.8). Como você pode ver, o rei de Israel está se sentido inferior a um simples soldado.
Em terceiro lugar, a inveja provoca ódio e vingança. Por inveja, Caim Matou o seu irmão Abel (Gênesis 4.8). Por inveja, os irmãos de José o venderam para o Egito (Atos 7.9). Por inveja, Saul odiou a Davi (I Samuel 18.5-9). Por inveja, as autoridades judaicas acusaram Jesus (Marcos 15.10).
Finalmente, a inveja é autodestrutiva e, talvez, não haja algo mais pernicioso para o ser humano. Jó tinha razão quando declarou: “a inveja mata o louco”(Jó 5.2). Não foi por acaso que Salomão afirmou: “a inveja é a podridão dos ossos”(Provérbios 14.30). Com estas palavras ele está condenando esse sentimento mesquinho e chamando a atenção para o efeito corrosivo do mesmo. O que pode ser pior do que alguém passar a vida inteira desconsiderando o que tem e valorizando o que é do outro?
Aprenda a valorizar o que você tem. Comemore suas próprias bênçãos ao invés de ficar sofrendo pelas bênçãos do outro.
Olhe o outro com bons olhos, isto é, com admiração, e nunca com inveja, lembrando que a Palavra de Deus nos recomenda alegrar com os que se alegram.
Sebastião Arsenio | Pastor da Igreja Batista da Esplanada em Governador Valadares