Novo sistema de captação de água para Governador Valadares é inaugurado nesta quinta

FOTO: Igor França

As bombas responsáveis pela captação da água no rio Corrente Grande, enfim, foram acionadas. A promessa é de que o novo sistema torne Governador Valadares autossuficiente no abastecimento de água aos mais de 200 mil habitantes do município. A inauguração da nova captação de água aconteceu na manhã desta quinta-feira (2).

Durante toda a cerimônia, o foco foi destacar a capacidade que Valadares terá a partir de agora em relação à segurança hídrica. Autoridades do município, empresários, vereadores e representantes da Fundação Renova participaram da inauguração. Muitos deles ressaltaram a importância do novo sistema de captação de água, mas também não deixaram de pontuar o período conturbado ao longo dos quase 6 anos em que a obra demorou para ser entregue.

As obras do sistema de captação do rio Corrente Grande foram anunciadas em outubro de 2017, com a gestão feita pela Fundação Renova, como uma das medidas de reparação pelos impactos da tragédia de Mariana, em 2015. Na época do anúncio, a previsão era que a adutora fosse entregue em 2021, mas após a paralisação dos trabalhos, troca da empresa responsável pela obra e a pandemia da covid-19, o prazo foi alterado para dezembro de 2022. No final, a adutora ficou pronta apenas dois meses depois do previsto, com a inauguração nesta quinta (2) .

“É um dia muito feliz para os valadarenses. Foi uma luta, todo mundo sabe. A gente desde o início acompanhou, inclusive, a captação viria lá do rio Suaçuí e não seria bom. A gente na época deu essa opinião para vir para o rio Corrente, que é um rio mais preservado, com condições de desnível melhor para a água chegar no nosso SAAE. É um dia feliz e os valadarenses devem se orgulhar que a gente tem uma outra captação da água, não somente o rio Doce. Essa nova captação é realmente um dia histórico para Governador Valadares”, disse o prefeito de Governador Valadares, André Merlo (sem partido).

Da esquerda para a direita, André Merlo (prefeito de Valadares), André de Freitas (presidente da Fundação Renova) e Walter de Albuquerque (diretor do SAAE) – FOTO: Igor França/ DRD

A partir de hoje, Governador Valadares é abastecida pelo rio Doce e Corrente Grande. Segundo a Fundação Renova, a nova captação tem o objetivo de ampliar, em até ⅓ o volume da água, da rede de distribuição e abastecimento da cidade, com a capacidade de atender 100% da população. Mesmo assim, a água do rio Doce continuará a fazer parte das casas dos valadarenses.

O ponto de captação da água do rio Corrente Grande fica a aproximadamente 38 km de Governador Valadares, em uma propriedade rural, na divisa com a cidade de Periquito. Para fazer o percurso de quase 40 km, há 4 bombas de elevação para fazer a água chegar até as Estações de Tratamento em Valadares.

Um dos equipamentos funciona como reserva, em caso de necessidade. Já as outras três bombas estarão ativas a todo momento. Juntas bombeam 900 litros de água por segundo.

“O rio Corrente Grande tem uma característica particular, que ele não deságua diretamente no rio Doce, ele deságua no reservatório da hidrelétrica de Baguari, entre o município de Periquito e Governador Valadares. E esse foi um ponto técnico importante, porque no período de estiagem o reservatório da hidrelétrica mantém o nível [para a captação da água]. Então é uma segurança a mais para a captação mesmo nos momentos de maior estiagem”, disse Nilo Carvalho, gerente geral de obras da Fundação Renova.

Novo sistema de captação de água para Governador Valadares é inaugurado – FOTO: Igor França/ DRD

De acordo com o presidente da Fundação Renova, André de Freitas, desde 2018, quando começaram as obras, participaram da construção da adutora mais de mil profissionais, direta ou indiretamente, e o custo total de R$ 367 milhões. A promessa é que a adutora ofereça segurança hídrica para Governador Valadares.

“Essa nova captação, ela está sendo entregue, já existe água na adutora, está chegando a água em Governador Valadares. O que nós temos agora é um período de 90 dias de operação assistida, quando a gente trabalha junto, lado a lado com o SAAE para operar junto a adutora. Após os 90 dias o SAAE assume completamente essa operação”, informou André de Freitas.

Mesmo com o fim das obras, o trabalho da Fundação Renova com o sistema de captação de água ainda continua, pelo menos durante os próximos três meses, desenvolvendo a operação assistida.

“Nesse momento agora, de entrega de obra, a gente inicia a fase [de operação assistida], onde o SAAE já está conosco nos primeiros testes. A equipe do SAAE começa a operar junto conosco, definindo parâmetros, para onde vai a água, a quantidade que vai para cada ETA. Os profissionais do SAAE serão treinados pelos nossos técnicos como operar, como fazer manutenção nos equipamentos ao longo da adutora”, explicou Nilo Carvalho, gerente geral de obras da Fundação Renova.

Um dos pontos destacados, durante a cerimônia, pela Fundação Renova, sobre a operação da adutora, é a automação e a modernização dos equipamentos do sistema de captação.

“O sistema é todo automatizado, tem a fibra óptica que vai acompanhando toda a adutora, e lá da ETA Central, de Valadares, os operadores do SAAE poderão operar o sistema aqui. Então as bombas podem ser ligadas e desligadas, válvulas abertas, válvulas fechadas, tudo isso vai acontecer remotamente, sem a necessidade de operação manual”.

Além de acompanhar os primeiros meses de funcionamento da adutora, como também realizar ajustes na operação da captação, a Fundação Renova também apresentou um projeto de restauração florestal e recuperação de nascentes que incluíam o rio Corrente Grande.

“Água não nasce em reservatório, água não nasce na calha do rio. A água surge numa imensa teia, numa rede de minadouros, nascentes e pequenos cursos de água. Esses programas visam a conservação e a recuperação das nascentes e a restauração de áreas degradadas, como é possível verificar indo daqui para Valadares, ou daqui para Ipatinga. Uma grande extensão de terras que já foram degradadas e estão num processo inicial de pré-desertificação. Então essa é também uma questão da Bacia do rio Doce”, detalhou José Carlos Carvalho, consultor da Fundação Renova e ministro do Meio Ambiente no governo Fernando Henrique Cardoso, em 2002.

José Carlos Carvalho, consultor da Fundação Renova, durante a cerimônia de inauguração da adutora – FOTO: Igor França/ DRD

Para José Carlos Carvalho, essa iniciativa é fundamental na preservação e manutenção do sistema de captação do rio Corrente Grande.

“É isso que vai assegurar a qualidade de água e a quantidade de água para evitar que no futuro você venha ter uma queda de vazão acentuada num rio que se tornou fundamental para a população de Governador Valadares ”, enfatizou o consultor da Fundação Renova.

Comments 1

  1. Marta Queiroz says:

    E o restante da população Caladarense, quando terá água de outro manancial que não seja o Rio Doce? Estamos, desde novembro de 2015, tendo despesas com água do SAAE, e com água mineral para cozinhar e beber uma vez que a água do nosso Rio Doce não é, nem de longe, própria para o consumo humano e Estamos aguardando o cumprimento da promessa do Prefeito André Merlo, a qual foi feita na sua 1a. Campanha eleitoral.

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