Pesquisa da Universidade Federal de Juiz de Fora apresenta dados alarmantes
GOVERNADOR VALADARES – De acordo com uma pesquisa realizada pelos estudantes de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora, campus GV, nos últimos 10 anos Valadares apresentou registro de 623 óbitos relacionados a acidentes de transporte. Com isso, a cidade é a 6ª cidade com maior número de óbitos por acidente no Estado, com uma representatividade de aproximadamente 1,7% de Minas Gerais.
Pensando nisso, na última quarta-feira (23), a vereadora Kátia do Betinho Detetive (PDT) convocou uma Audiência Pública na Câmara Municipal para discutir os altos números de acidentes de trânsito em Valadares.
Para abrir a reunião, a vereadora comentou os recentes casos que culminaram na morte de Maria Clara, de apenas 5 anos, em acidente ocorrido na Rua Treze de Maio; e do ex-vereador Jorge Luiz Donde, na avenida Minas Gerais.
Dados deste ano
Segundo dados da Polícia Militar, neste ano foram registrados 2.062 acidentes em Valadares, sendo que 759 são com vítimas.
“Fizemos convite para todas as entidades da nossa cidade porque precisamos nos unir pra ver qual o problema, porque a nossa cidade está um verdadeiro caos. Precisamos ver qual o erro: se é das pessoas que trafegam ou da cidade que tem alguma coisa errada. O intuito é trocar ideias e dar sugestões, porque cada um tem uma visão, e chegar a um consenso do que pode ser feito pela nossa cidade. Tem vários outros casos que talvez não tiveram tanta repercussão, mas são relevantes. Não podemos deixar como está. Alguma coisa tem que ser feita”, afirma Kátia.
O delegado de Trânsito Marcos de Alencar declarou que falta aos valadarenses praticarem a gentileza no trânsito. “Falta praticar a gentileza urbana. É um local propício ao crime, e as pessoas gritam com quem dirige devagar ou tem um carro menos potente. É preciso também endurecer a fiscalização”.
Já o Major Rubio, do 6º Batalhão da Polícia Militar, os frequentes acidentes no trânsito apontam para um problema também cultural. “Quem quer andar errado pode ter CNH que anda errado. Nós fazemos blitzes visando um bem maior e as pessoas, ao invés de acharem bom, ficam estressadas”.
Entre os dados apresentados pelo Corpo de Bombeiros na audiência, destacam-se a predominância de acidentes envolvendo as motocicletas em Valadares. De 2022 a julho de 2023 houve 515 acidentes com motocicletas, 146 envolvendo apenas automóveis e 235 de bicicletas. Além disso, 85% das vítimas de motocicleta têm de 18 a 25 anos.
Locais mais perigosos
Com relação aos locais de maior incidência, em primeiro lugar está a BR-116. Depois Avenida JK, BR-259, BR-381, Rua Sete de Setembro, Avenida Minas Gerais, Rua Israel Pinheiro e Marechal Floriano. E os horários de maior registro são entre o deslocamento para o trabalho e escola, das 7h às 9h e das 17h às 19h.
Além disso, em 2022, 57% dos crimes de trânsito em Valadares foram por embriaguez. Já até julho deste ano 62% dos crimes são por embriaguez.
Ainda de acordo com a pesquisa da UFJF, um corte de 5% na velocidade média poderia resultar em uma redução de 30% no número de acidentes de trânsito fatais. “A gente precisa que a educação entre de cabeça e, dessa forma, entre a educação no trânsito”, defende a vereadora Gilsa Santos (PT).
De acordo com a pesquisa da UFJF, a maioria (20,7%) dos acidentes locais ocorre na faixa etária de 20 a 29 anos. Além disso, 84% das vítimas são homens.