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Mais de 490 famílias sofrem com falta de água no São Raimundo; moradores protestam

Mais de 490 famílias sofrem com a falta de água no São Raimundo
FOTO: Igor França/ DRD

GOVERNADOR VALADARES – Há pelo menos três meses, 497 famílias que moram nos Residenciais São Raimundo I e II sofrem com a constante falta de água. Os dois condomínios ficam na região do bairro São Raimundo, em Governador Valadares, e são abastecidos pela Estação de Tratamento de Água do Vila Isa – ou pelo menos era pra ser assim. Porque na prática são dois, três até quatros dias consecutivos sem que uma gota d’água saia da torneira. 

A insatisfação dos moradores em relação ao descaso com o abastecimento de água se transformou em ato de manifestação. Assim, na manhã desta quinta-feira (1°), por volta das 11h, como forma de protesto, os moradores formaram uma barricada com as lixeiras e impediram o trânsito na rua Cristal, em frente ao residencial. A Polícia Militar esteve no local, bem como representantes do Saae. Após a apresentação de uma medida paliativa em relação ao abastecimento de água, os moradores desmobilizaram a interdição da rua. Era por volta de 12h quando os caminhões-pipa chegaram para fornecer água aos residentes nos dois condomínios. 

Há pelo menos três meses, 497 famílias, que moram nos Residenciais São Raimundo I e II, sofrem com a falta de água – FOTO: Igor França/ DRD

De acordo com moradores, o problema no fornecimento de água se estende há outros condôminos também. Residencial São Raimundo I e II, Residencial Maria da Penha, Residencial Zulmira Pereira e Residencial Princesa do Vale, todos os cinco ficam na rua Cristal; e os moradores relataram falta de água em suas casas. 

Diálogos de um residencial sem água 

Daniene Dutra Alves é a síndica dos Residenciais I e II desde agosto de 2023. Além dos problemas comuns que surgem em um condomínio, no mês de novembro se juntou à lista de reclamações dos moradores a questão da falta de água. 

Conta pra gente sobre essa questão da falta de água. Há quanto tempo vocês estão passando por esse problema, por essa situação? 

“Olha, nós passamos novembro, dezembro e agora o janeiro todo sem água. Toda vez que os moradores ligam no Saae, eles falam que a água está estável, só que não está estável. A água quando vem, vem com pouca pressão”, disse Daniene Dutra. 

E como vocês têm feito para lidar com isso, com essa questão da falta de água? Como os moradores têm se virado com essa situação? 

“Puxando litros de balde de chuva, galão de água ou comprando. Aquelas pessoas que não têm condição e ficam sem água; outros compram água, gastam dinheiro com comida, galão de água. E a demanda está muito grande, porque quando nós ligamos para o Saae, eles falam que a água está estável e que o problema é aqui dentro do Residencial, sendo que todas as bombas estão sendo acionadas. Inclusive, a gente não tem caixa de reserva. Aqui dentro do condomínio a gente não tem caixa de reserva e os blocos não têm estrutura para poder estar fazendo essa caixa de reserva. Nós temos duas caixas para 497 famílias”. 

E agora chegando com essa água do caminhão-pipa, isso resolve como? 

Não, não resolve, na verdade não resolve. Isso é apenas para amenizar o momento, que no caso do hoje. 

Esse abastecimento que eles fazem, que dura quanto tempo mais ou menos? 

No mínimo duas horas. Não dura mais do que isso não. 

Não se vive sem água

Thais Chaves da Silva é moradora do Residencial São Raimundo I desde julho de 2022. A moradora relata que quando chegou no apartamento já faltava água, mas não com a frequência e nem por tanto tempo quanto nos últimos meses. “Com relação a falta de água, nós do Residencial São Raimundo 1 estamos sem água há 3 meses. Fica 3 dias e faltam 4, ou fica caindo água durante o dia, e a noite pra quem chega do trabalho não tem mais água”.

Junto com ela, moram as duas filhas. Durante o dia que ela está no trabalho, a mãe de Thaís é quem cuida das crianças e da casa, mas sem água essa tarefa fica mais difícil.   

“Minha mãe mora em outro residencial na mesma rua e elas ficam lá durante o dia, tomam banho e comem lá, vão pra casa só à noite. E eu tomo banho no trabalho e quando chego se tiver água nos apartamentos encho os baldes e vasilhas, mas como a maioria dos dias não tem, tenho que descer com galões vazios e baldes para encher em uma mangueira que fica no pátio do residencial, que é de outra rede. Água para o consumo é comprada e algumas vezes temos que até mesmo comprar comida em dia de domingo, porque não cai nada na torneira. [Além disso], muitas das vezes a fila para pegar água na mangueira é  enorme”, disse Thais Chaves da Silva. 

A moradora também conta que diversas vezes tentou contato com o atendimento do Saae pelo Whatsapp, mas não teve um retorno satisfatório. “Todas as vezes que enviei mensagem via WhatsApp para o Saae, dizem que não  consta falta de água no local. Eles sempre registram a queixa, mas informam que não tem nota de nenhum reparo”.

Reclamações sem respostas

Mônica Coelho mora no condomínio há mais ou menos um ano. De lá pra cá ela conta que o problema da falta de água só foi se agravando à medida que o tempo passou. 

E esse problema da falta de água, ele é recorrente?

“Não, isso vem acontecendo agora, novembro, dezembro, janeiro. Nós nunca tivemos esse problema tão crítico da forma que vem acontecendo ultimamente”, explicou Mônica. 

Na sua casa além de você mora mais pessoas?

“Sim, sou eu e mais cinco pessoas, dessas cinco pessoas eu tenho uma criança que tem necessidade especial, no qual estamos passando muita dificuldade com a falta de água e o descaso do Saae”.

E o que você tem feito? A falta de água tem acontecido por dias e dias consecutivos, como vocês têm lidado com essa situação?

A gente vai em casa de parente, busca garrafa de água, compra água mineral, a gente tem que dar um jeito para isso, porque eu não posso deixar o meu filho, que é especial, ficar sem água. 

Você vê alguma solução para isso?

“Olha, eu vejo que é um descaso muito grande do Saae, porque nós aqui do Residencial 1 reclamamos, ligamos, entramos em contato pelo WhatsApp do Saae e a única coisa que eles dizem é que não tem registro de falta de água. Ora, se vários e vários moradores fazem reclamação de falta de água e não tem registro, então, a falta de água aqui é mentira? É piada? É um absurdo isso”, comentou Mônica Coelho.  

“A questão é que desde o ano passado a gente está tendo muita falta de água. Liga no Saae, eles não trazem uma transparência para a gente. E eles alegam, falam que a água está normal, mas não há normalidade na água. Sempre está havendo falta de água. Inclusive, no ano passado, final de dezembro, por exemplo, passamos praticamente o mês de dezembro todo sem água: natal, ano novo, feriado, tudo sem água”, disse David Rodrigues, morador do residencial São Raimundo há dois anos. 

Um problema que vai além do Residencial São Raimundo

Alexsandro Ferreira mora há 7 anos no Residencial Maria da Penha, que é vizinho ao residencial de onde mora a Thais e as suas duas filhas. Ele relata que também sofre com dias em que a água não chega no apartamento dele. “O Maria da Penha tem faltado água, pelo menos, a cada uma semana na parte do dia todo”. 

Alexsandro destaca ainda que após a construção dos residenciais São Raimundo I e II, o problema da falta de água se agravou. Na teoria do morador do Maria da Penha não há vazão suficiente para abastecer todos os moradores daquela região. 

“Na verdade isso é um problema até antigo, que quando veio colocar esses residenciais aqui, o Saae mexeu numa adutora, numa tubulação errada. E dessa tubulação, como tem que levar água para esses condomínios e tudo, fora os moradores dos outros do Alto Paraíso, do Vera Cruz, do Vila dos Montes e para o outro lado do morro. […] E o que acontece é que não tem vazão, não tem água para esse povo todo. Quando começou a construir esses residenciais –  o São Raimundo 1 e 2 – a gente já começou a ter pouca água, porque eles também estavam usando acho que a mesma rede”. 

O que diz o Saae

Ainda na parte da manhã desta quinta- feira (1º), o Saae informou, por meio de nota, que, após as manifestações, uma equipe foi até o local para fazer o reparo da rede de água rompida, que está ocasionando o desabastecimento do residencial. Além disso, a autarquia também informou que caminhões-pipa estão sendo enviados para fornecer água aos afetados.

Comments 2

  1. Evandro says:

    Bairro Nova VILA Bretas sem água a gente liga no SAAE falam que o reservatório está estabilizando. Deviam juntar todos que estão sofrendo com a falta de água e ir para porta da prefeitura já que só se resolve com manifestação.

  2. Thais chaves says:

    Esperamos que depois disso, o nosso problema seja resolvido!

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