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Jovens que cumprem medida socioeducativa gravam canção em projeto da Medicina

Expressão de sentimentos pela música beneficia a saúde mental e contribui para a ressocialização

Jovens de 14 e 15 anos, internos do Centro Socioeducativo Lindeia, em Belo Horizonte, gravaram uma música no encerramento das atividades do projeto de extensão O sujeito em relação com a lei, vinculado ao Departamento de Medicina Preventiva e Social (MPS) da Faculdade de Medicina da UFMG. 

O projeto, que também está associado às atividades do Programa de Pós-graduação em Promoção de Saúde e Prevenção da Violência (PPG-PSPV) da Faculdade de Medicina, tem o objetivo de melhorar a autoestima dos adolescentes infratores e colaborar com a ressocialização, promoção de saúde e qualidade de vida. 

Segundo a professora Adriana Batista, do Departamento de Anatomia e Imagem (IMA) da Faculdade, a música representou um canal de aproximação entre os profissionais e os jovens. “Ao longo do ano, pedimos que levassem as músicas que ouviam e que, ao final, compusessem uma letra”, explica. Os encontros, quinzenais, foram realizados de fevereiro a dezembro de 2021.

Para a professora, a expressão de anseios e sentimentos gera impactos positivos na saúde mental. “A música é uma forma de verbalizar os sentimentos. Para aqueles jovens, é importante se expressar sem o risco de julgamentos”, observa.

A produção teve o apoio da gravadora Grave Online – que não cobrou pelo trabalho – e do Instituto Elo, responsável pela gestão do centro socioeducativo em parceria com o Governo de Minas Gerais. Assista ao clipe da música, que está disponível no YouTube.

Trajetória pessoal em origamis
Além das atividades relacionadas à música, também foi realizado um trabalho lúdico, por meio de origamis, no qual os adolescentes planejaram uma trajetória pessoal. Eles também criaram codinomes e títulos diferentes dos usados na rua, para se desvincularem do ambiente onde a infração foi cometida. Os resultados estão em livretos individuais, que foram entregues presencialmente pela equipe, acompanhada pelos profissionais do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG).

O mestrando Marcelo Rodrigues Batista, do PPG-PSPV, professor da rede municipal de ensino de Santa Luzia, que também atua no projeto, conta que os jovens vivem em situação de extrema vulnerabilidade e o tempo inteiro falam de liberdade. “Tentamos contemplar esses anseios da melhor maneira possível. Um deles queria um carro prata, por exemplo. Fizemos de papel alumínio, para ficar cromado como ele queria. No dia da entrega, eles mostravam os origamis para os outros”, conta.

A identidade e a individualidade são importantes para evitar o processo de “mortificação do eu”, comum nas chamadas instituições totais – residências onde várias pessoas em situação semelhante vivem separados da sociedade e têm a vida formalmente administrada, como orfanatos, conventos, presídios, colônias de reclusão e instituições de longa permanência para idosos. Segundo Adriana Batista, ambientes assim podem provocar pensamentos suicidas.

As atividades do projeto serão retomadas em 2022, após o período de férias. UFMG

Origamis produzidos pelos jovens foram reunidos em livretos individuais: anseio de liberdade
Origamis produzidos pelos jovens foram reunidos em livretos individuais: expressão de anseiosAcervo do projeto

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