Monitor da Orquestra da Coinj já tem a bolsa de estudos e busca recursos para hospedagem
Acordar cedinho para tocar horas a fio todos os dias e as peças exigentes do repertório de viola de orquestra não preocupam o João Pedro Maciel Motta Rocha, ex-aluno e atualmente monitor da Orquestra Jovem da Coordenadoria da Infância e da Juventude (Coinj) do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG).
João Pedro trocou o rock e o MPB pelo universo da música erudita, e progrediu, em seis anos, a ponto de alcançar o nível de bacharelado. E está próximo de realizar o sonho de concluir sua formação na Western Illinois University, em Macomb (Illinois).
A bolsa de estudos na prestigiosa universidade norte-americana ele já tem, depois de gravar sua performance em vídeo, atingir proficiência em inglês e receber cartas de recomendação. A um passo do sonho, ele ainda não tem como bancar a hospedagem nos EUA, prevista para começar em agosto de 2021.
O início foi quase por acaso. Estudante de violão no Centro de Formação Artística do Palácio das Artes, ele atraiu a atenção de um professor, que o convenceu a mudar de instrumento aos 19 anos. Em 2014, surgiu a oportunidade de ele integrar o projeto de formação da Coinj. Dois anos depois, ele já era universitário da Escola de Música da UFMG.
Em 2018, o violista se tornou monitor da orquestra da Orquestra Jovem do TJMG. Segundo o músico, a experiência adquirida possibilitou que, atuando em formações distintas, ele enfrentasse a tensão e tocasse em gravações e ao vivo, para audiências consideráveis, que incluíam autoridades, em palcos variados.
Incentivo
De acordo com a superintendente da Coordenadoria, desembargadora Valéria Rodrigues Queiroz, o feito de João Pedro se estende a todo o grupo, da coordenação e da equipe técnica aos beneficiados pela iniciativa. “É um testemunho de superação e um incentivo, porque as dificuldades enfrentadas por esses meninos e meninas, a maioria em condição de vulnerabilidade social, são grandes”, afirma.
Quem convive com o violista nota sua humildade, dedicação, generosidade, sede de aprender e paixão pela arte. “É bom ver que ele é recompensado pelo tanto que estudou. A gente se sente inspirado, com essa conquista, vemos que coisas grandiosas são possíveis”, salienta o aluno Ryan Braz.
A articuladora dos projetos sociais da Coinj, Karina Zanandrez, destaca que a torcida de todos é para que o jovem mineiro alcance seus objetivos e continue dando orgulho ao Brasil. “Ele sempre se mostrou extremamente agradecido, comprometido, e seu desempenho ao longo dos anos foi excelente”, recorda.
Bolsa
As vagas da Western Illinois University só estão disponíveis de quatro em quatro anos. O estudante premiado com a bolsa vai integrar orquestra sinfônica e de cordas e o quarteto de cordas da universidade durante os quatro anos de sua graduação.
