Indicação de Ivermectina para Covid-19 faz aumentar a procura do medicamento em GV

O medicamento está ainda em fase de estudos. A Anvisa não reconhece a eficácia da droga para o tratamento da Covid-19

GOVERNADOR VALADARES – O vermífugo Ivermectina está sendo indicado por alguns estudos clínicos na área da saúde em casos confirmados da Covid-19, quando apresentam sintomas leves. Porém, no Brasil não há provas da eficácia da droga no tratamento do novo coronavírus. O medicamento está em fase de testes. Mas, assim como a polêmica da eficácia da Hidroxicloroquina e Cloroquina, a procura por Ivermectina está em alta nas farmácias de Governador Valadares. Em algumas, o estoque está esgotado.

Tanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) como o Ministério da Saúde (MS) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) asseguram que ainda não há um remédio específico para o tratamento da Covid-19. O que existem até o momento são pesquisas e testes.

A Ivermectina é um vermífugo que faz parte do grupo dos antiparasitários com ação em vários vermes e parasitas. O medicamento pode ser usado no tratamento contra piolhos e lombrigas, e só pode ser vendido sob prescrição médica.

Procura aumenta

Em algumas farmácias ou drogarias de Governador Valadares o vermífugo está se esgotando nas prateleiras. Em uma drogaria na avenida JK, o medicamento está em falta e um novo estoque está previsto para chegar ainda nesta quarta-feira (24). Em outras quatro farmácias do Centro o remédio está quase acabando.

O que dizem os especialistas

Procurado pela equipe de reportagem do DRD, o farmacêutico e doutor em imunologia Pedro Henrique Ferreira Marçal explicou as indicações e contraindicações do uso do medicamento. “Temos de forma concreta, hoje, as seguintes informações: é um fármaco antiparasitário e o seu mecanismo de ação envolve a emissão de sinais entre as células nervosas do verme ou entre uma de suas células nervosas e seus músculos. A droga estimula a liberação de GABA nessas terminações, favorecendo a interrupção dos impulsos nervosos e provocando a morte do verme paralisado como consequência”, explicou.

Com relação ao uso do fármaco no tratamento da COVID-19, Pedro Henrique diz que “já existem na literatura alguns estudos nesse sentido e as principais conclusões apontadas demonstram que, in vitro, a droga reduziu a replicação de RNA viral do SARS-CoV-2, ao se ligar a proteínas de transporte celular e impedir a entrada do vírus no núcleo da célula. Da mesma forma, sua ação in vitro em outros vírus de RNA também já havia sido demonstrada. Entretanto, existem poucas evidências em relação à sua atividade in vivo. Assim como outros medicamentos, a Ivermectina surge como uma promessa de sucesso, mas deve ser testada ainda em humanos”, afirmou.

O farmacêutico acredita que a fase de testes deve se prolongar até meados de julho, e só aí haverá respostas completas sobre a eficácia do medicamento. “Minha posição é a de que precisamos aguardar resultados de estudos clínicos para a tomada de decisões. Já tenho acompanhado companheiros médicos que têm utilizado não somente a Ivermectina, mas também a Hidroxicloroquina na clínica, e têm obtido resultados promissores, especialmente quando utiliza-se esses fármacos no início da infecção. Contudo, é importante a população entender que são necessários estudos para que se façam afirmações seguras”, concluiu.

*Por Eduardo Lima e Agnaldo Souza

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