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‘Hoje estamos em uma situação caótica’, diz André Merlo sobre o déficit na saúde pública do município

FOTO: Arquivo DRD

Na manhã desta quinta-feira (20), a Prefeitura Municipal de Governador Valadares convocou uma coletiva de imprensa para apresentar algumas mudanças que serão implementadas na administração do Hospital Municipal de Governador Valadares. Durante a coletiva o prefeito André Merlo (sem partido) destacou a situação problemática e deficitária que se encontra os serviços de saúde pública do município. 

“Estamos em um caos na saúde. Não é só Valadares como cidade-polo, mas quase todas as cidades-polo (sedes macro em Minas Gerais) estão com o mesmo problema. [Nesse momento] temos que fazer gestão. E fazer gestão às vezes tem um entendimento diferente pela população, pelos próprios servidores, pelo usuário. 

Alta demanda no Hospital Municipal 

O chefe do Executivo municipal pontuou a falta de recursos para manter as atividades da unidade de saúde, que hoje atende a população, não apenas de Valadares, mas também de municípios próximos da região do Leste de Minas Gerais. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, o hospital, que é habilitado para atendimentos de média e alta complexidade, chega a atender pacientes de mais de 58 municípios da região.

“Nosso hospital tem limitações. Nós investimos na medida do possível, mas não o suficiente para atender uma região macro de saúde. Então nós temos problemas na saúde de Governador Valadares, e isso pós-pandemia se agravou muito. […] A estrutura do [Hospital Municipal] aumentou, mas o financiamento não acompanhou”.

André Merlo tem recebido e encontrado os prefeitos das cidades vizinhas a fim de conversar e buscar soluções para essa questão. Durante a coletiva, o chefe do Executivo do município chegou a mencionar a prerrogativa do hospital restringir o atendimento somente à população da cidade, como maneira de conter a alta demanda e custos. Para esse cenário, o prefeito foi incisivo ao pontuar as consequências aos municípios da região Leste do Estado. 

“Seria muito simplório da nossa parte não atender ninguém da região, não vamos compactuar, o que é direito nosso, vamos só atender os munícipes de Governador Valadares. Seria um caos na região Leste, mas isso não está descartado. Por que, se o Estado e União não chegarem junto conosco, nós vamos ter que fazer isso para preservar o atendimento aos munícipes de Governador Valadares. Seria horrível para a região Leste, mas nós temos o direito de fazer isso”, ressaltou o prefeito. 

Déficit na saúde

Além disso, André Merlo reforçou a necessidade da participação do Governo Estadual e Federal no financiamento da saúde pública do município. Assim também enfatizou sobre a falta de recursos para bancar a estrutura do Hospital Municipal para atender pacientes de outras cidades que são direcionados para a unidade de saúde em Valadares. 

“Hoje estamos em uma situação caótica. Nós temos uma dívida atrasada com fornecedores e prestadores de serviço em torno de R$ 30 milhões, onde então precisamos tomar providências. Isso nós já passamos para os municípios que são compactuados com Valadares e também com o Estado e a União. Esperamos que o Estado e a União nos ajudem e nós vamos fazer o nosso dever de casa, que é otimizar os nossos equipamentos para a gente continuar atendendo da melhor maneira o nosso munícipe e não chegar ao caos de fechar o hospital”.   

Reestruturação na saúde pública

O secretário municipal de Saúde, Leonardo Amaral Andrade, também pontuou a situação crítica que se encontra os serviços de saúde pública. Além disso, reconheceu que a atual situação do sistema público não consegue manter e atender a demanda em Governador Valadares; além da necessidade da reestruturação na forma de como esses atendimentos são realizados. 

“Não é novidade em lugar nenhum que o sistema público de saúde em si é deficitário. Então ele depende de aporte de fora daquilo que foi previsto para ele de fato se manter. Chegou em um determinado momento que Governador Valadares, dentro daquilo que arrecada e recebe do Ministério da Saúde e da Secretaria de Estado de Saúde, já não consegue prover a manutenção de todos os serviços como eles estão postos”.

Como medida de gestão dessa crise na saúde pública, a administração municipal, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, apresentou uma série de alterações no atendimento de pacientes do Hospital Municipal. A partir dessas propostas, além da unidade de saúde, serão impactados com essa nova medida a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) e as UBS (Unidades Básicas de Saúdes), que são os postos de saúde dos bairros. 

“Para evitar isso, em primeiro momento, nós estamos propondo algumas mudanças no fluxo de atendimento [no Hospital Municipal] e a gente espera que todos de Governador Valadares e região, os servidores e os médicos entendam a nossa proposta”.

Redirecionamento de atendimentos

Para o secretário de Saúde, as novas medidas têm como foco reorganizar o atendimento da rede pública de saúde, em paralelo estabelecer uma cultura, uma reeducação de qual serviço de saúde (que o secretário se referirá com equipamentos) o paciente deve se dirigir de acordo com a situação dele, entres eles, estão o Hospital Municipal, a UPA e os postos de saúde. 

“Nós queremos dar a destinação correta para os equipamentos que nós temos na nossa rede. Nós precisamos redesenhar a cultura de utilização dos equipamentos da rede pública de saúde. O cidadão, o usuário precisa ser ensinado, de forma pedagógica, a utilizar os equipamentos com as finalidades que eles foram propostos, disse Leonardo Amaral Andrade.

Novo fluxo de atendimento   

O diretor executivo do Hospital Municipal explicou como será o funcionamento da unidade de saúde a partir da próxima segunda-feira, dia 24. A ideia é que, com as novas medidas, o hospital tenha como foco atender urgência e emergência.  

“Nós vamos continuar com o enfermeiro e o serviço social fazendo o acolhimento do paciente. Se ele for classificado de forma verde, azul ou branca ele será encaminhado à Unidade de Pronto Atendimento ou a UBS, que terão o horário de funcionamento estendido. […] Se o paciente for classificado como amarelo, laranja ou vermelho, ele será direcionado para o Hospital Municipal e será atendido de forma imediata. Caso o paciente seja direcionado para a UPA, o serviço social estará acompanhando nisso. Caso o paciente seja direcionado para a Atenção Básica, o serviço social fará contato com a unidade e aí será articulado com a unidade se ele poderá ser atendido ainda naquele dia ou será através de uma consulta marcada”, explicou Wesley Freitas, diretor executivo do Hospital Municipal. 

Volume de atendimento

De acordo com os dados apresentados pela Secretaria de Saúde do município, em Governador Valadares no mês de maio deste ano, dos 15.708 pacientes atendidos na unidade de saúde, quase 12 mil (11.994) foram classificados com baixo risco ou necessidade, são pacientes verdes, brancos e azuis. O que representa 76% dos atendimentos realizados no mês de maio. Esse tipo de volume de atendimento é um dos fatores apontados pela Administração Municipal para a sobrecarga na demanda da unidade de saúde. 

“Nós temos o hospital para atender média e alta complexidade, que fica atendendo o serviço da UPA e da UBS dos bairros. Nós não aguentamos isso, nós temos uma estrutura lá [na UPA e nas UBS] para atender dentro do protocolo de Manchester para atender as cores verde e azul, que são as mais simples. E às vezes a pessoa está com uma dor de cabeça, vai para o Hospital Municipal, onde não é para isso”, disse o prefeito André Merlo.

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