Força-tarefa mobiliza presos de Abre Campo, Ponte Nova e Manhumirim para limpeza de ruas após chuvas

Policiais penais são responsáveis pela escolta de 33 internos, que foram autorizados pelo Judiciário, para ajudar na remoção da lama e dos entulhos, que cobrem as ruas de Abre Campo. Em Ponte Nova, 22 custodiados foram acionados, para ajudar na limpeza e, em Manhumirim, outros cinco

O centro da cidade de Abre Campo, na Zona da Mata mineira, ficou totalmente alagado, depois da tempestade que atingiu o município, na última sexta-feira (24). Os resultados da cheia, e consequente transbordamento do rio Santana, foram ruas completamente invadidas por lama, entulhos e muita sujeira. Na Zona da Mata mineira, Abre Campo foi um dos municípios que mais sofreu, com as fortes chuvas, das últimas semanas.

Sensibilizado com a situação vivida pela população, o diretor-geral do Presídio de Abre Campo, Leandro Freitas, solicitou ao juiz da Vara de Execuções Penais, da comarca, a liberação de presos para o trabalho de limpeza, das ruas da cidade. O pedido foi prontamente atendido pelo magistrado Bruno Miranda Camêlo. O juiz concedeu, inicialmente, a autorização para a saída, com o benefício da remição de pena – a cada três dias de trabalho, um é diminuído da pena – para 16 custodiados.

“A cidade ficou completamente destruída. Todo o centro comercial ficou alagado e dezenas de comerciantes perderam praticamente tudo. Estou aqui há sete anos e tenho carinho por este município. Poder ajudar de alguma forma, neste momento, é muito recompensador. Tivemos o apoio da prefeitura, do Judiciário e de parceiros do sistema prisional”, relatou o diretor-geral da unidade. Segundo ele, a prefeitura concede as ferramentas necessárias e o almoço dos internos, que trabalham de 8h às 16h.

Os moradores de Abre Campo já podem ver o resultado desta parceria nas ruas. As atividades executadas por presos começaram nesta segunda-feira (27), inicialmente, com o trabalho dos 16 custodiados permitidos. No dia seguinte, outros 17 internos se juntaram ao grupo, totalizando 33 presos, nas ruas centrais do município. Todos eles possuem autorização judicial, para executar as diversas tarefas, em favor dos moradores. O trabalho somente será finalizado, quando todo o entulho e a lama forem removidos das vias públicas.

Preso desde 2010, Julimar Costa Moreira é um dos custodiados que participa da força-tarefa. “É o mínimo que posso fazer. O que eu sinto, não consigo expressar por palavras. Poder fazer algo realmente útil, é o que chamo de processo de ressocialização. Somos pessoas condenadas, que precisam de uma oportunidade, para fazer algo, na intenção de melhorar cada vez mais. Quando ajudamos famílias de outras pessoas, temos a sensação de estar ajudando a nossa própria família. É muito gratificante”.

Além dos custodiados, moradores contam também com a presença diária dos policiais penais, responsáveis pela escolta dos internos. A ajuda vem de todos os lados: da custódia e da ressocialização, os dois pilares do Departamento Penitenciário de Minas Gerais, pertencente à Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública. Para Fabiano Martins, servidor do sistema prisional, que acompanha a execução dos trabalhos, a gratidão em poder ajudar a população é palavra de ordem.

“Temos que agradecer, porque não perdemos nenhuma vida. Trazer presos para ajudar na recuperação das ruas e na limpeza das casas, de pessoas que perderam praticamente tudo, causa uma sensação inexplicável de gratidão. Quando soube que eu poderia ajudar a população, deslocando os internos até o Centro, fiquei muito empolgado. As pessoas nos recebem com sorriso no rosto, apesar do turbilhão de problemas que enfrentam. Os presos ficaram satisfeitos e estão muito dispostos a ajudar. Toda a população está contentada e agradecida ao Depen”, afirmou o policial penal.

Ponte Nova

Em Ponte Nova, a situação é similar. E para auxiliar na limpeza das ruas, depois da cheia do rio Piranga, e dos ribeirões Vau-Açú e Oratórios, 22 presos, que trabalham em uma parceria da Prefeitura com o Complexo Penitenciário, local, foram acionados para fazer a remoção de lama e limpeza das vias. Os internos já tinham autorização judicial, para trabalhar na parceria, e fazem parte da equipe de funcionários que realizam a limpeza e manutenção de praças e ruas de Ponte Nova. 

Segundo a diretora de Atendimento do Complexo Penitenciário de Ponte Nova, Aline Gonçalves de Araújo, os internos estão sendo muito bem recebidos por todos. Foram eles, também, que ajudaram no deslocamento de idosos, e no transporte dos mobiliários e roupas de um asilo, que foi atingido. “Eles estão fazendo a diferença para o município. Devido ao efetivo reduzido de servidores, da própria prefeitura, os internos conseguem ajudar bastante. Estamos muito satisfeitos com a parceria, e, em saber, que eles estão sendo importantes para a cidade”, afirma.

Manhumirim

Nesta quarta-feira (29) cinco presos, que cumprem pena em Manhumirim, começaram a prestar os mesmos serviços no município. A cidade também foi bastante atingida pelas chuvas. O poder Judiciário, em parceria com o presídio, concedeu autorização para a saída dos internos. Em contrapartida, pelo trabalho realizado, eles terão remição de pena, quando a cada três dias de trabalho, um é diminuído da pena.

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