No mês de maio iniciamos a primeira etapa da Campanha Estadual de Vacinação contra a Febre Aftosa. Nesta primeira etapa, todos os bovinos e bubalinos (búfalos) deverão ser vacinados. A febre aftosa é uma doença muito contagiosa, causada por um vírus de rápida multiplicação. Provoca grandes prejuízos sociais e econômicos, pois o aparecimento da doença no país afeta fortemente os comércios nacional e internacional. Para se ter uma ideia do impacto econômico que um rebanho doente pode trazer ao Estado, dados da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento mostram que o PIB (Produto Interno Bruto) do agronegócio mineiro considerado para 2018 foi de R$ 171,95 bilhões.
Desse valor, estima-se que R$ 87,42 bilhões (50,87%) venham da pecuária. No caso de um embargo internacional, os demais produtos da pecuária também ficam prejudicados e não somente a bovinocultura. A febre aftosa ataca os animais domésticos de casco partido: bovinos, bubalinos, caprinos, ovinos e suínos. Segundo dados do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), o estado de Minas Gerais conta com aproximadamente 23,5 milhões de bovinos, o Vale do Rio Doce com 1.477.931 e o município de Governador Valadares, com 150.647 bovinos. O último foco da doença em Minas Gerais foi em maio de 1996, no município de Itaguara. No município de Governador Valadares, por volta dos anos 1994/1995, ocorreu o último foco, em uma propriedade no distrito de Baguari.
Os sintomas da febre aftosa nos animais são aparecimento de aftas na língua ou na boca. Com isso, eles babam muito. Nas tetas e no casco (entre unhas) também aparecem bolhas. Estas aftas e bolhas estouram e formam grandes feridas. Os animais têm dificuldade para comer e andar, o coração e o rúmen também são atacados. Muito já foi feito para controlar, erradicar e prevenir a aftosa no Brasil. O Estado de Minas Gerais é reconhecido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) como área livre de febre aftosa com vacinação, sendo a mesma obrigatória, devendo ser comprovada junto ao IMA.
A manutenção desse status é fundamental para os produtores e toda a cadeia produtiva da carne, leite e derivados. O pecuarista deve se cercar de cuidados, desde a compra até a aplicação da vacina, sempre transportá-la em caixa de isopor com gelo e lacrada, sendo que na fazenda deverá manter em geladeira (temperatura de 2º a 8º C), jamais conservar em congelador ou aquecê-la, para que não estrague. No campo, manter a vacina em caixa de isopor com gelo e sempre à sombra. Para a aplicação da vacina, aplicar dose de 2 ml para cada animal, via subcutânea (debaixo da pele) ou intramuscular (no músculo).
O local de aplicação deve ser na tábua do pescoço e as agulhas devem ser limpas (fervidas ou esterilizadas), nos tamanhos 15 x 18, para via subcutânea, ou 20 x 18, para via intramuscular. Em caso de suspeita da doença, o produtor rural deve notificar com urgência o escritório do IMA de sua região, sendo o prazo máximo para a notificação da suspeita de 24 horas, pois quanto antes a suspeita da doença for notificada, mais rápida será a investigação e eliminação do foco, se for comprovado.
Para o sucesso das ações emergenciais do órgão de defesa sanitária, o tempo é o principal “adversário” a ser “vencido”. Os pecuaristas que possuem rebanho com 150 ou mais animais deverão declarar obrigatoriamente a vacinação junto ao site eletrônico do IMA: www.ima.mg.gov.br. Não serão mais aceitas as declarações entregues nos Escritórios Seccionais e nos Postos de Atendimento. A declaração dos rebanhos inferiores a 150 animais ficará a critério do produtor, podendo também ser realizada no site do IMA ou entregue nos escritórios e nos postos de atendimento. A dosagem da vacina contra a febre aftosa será reduzida de 5 ml para 2 ml a partir desta etapa de vacinação de bovinos e bubalinos.
O produtor não poderá mais utilizar vacinas de 5 ml, assim como o estabelecimento comercial estará proibido de comercializar essa dosagem. A alteração da dose da vacina se deve à expectativa de diminuir as reações vacinais com a aplicação do produto. Uma reivindicação do setor produtivo e da indústria da carne. O pecuarista mineiro deve continuar fazendo sua obrigação, vacinando seu rebanho.
Marcelo de Aquino Brito Lima | Engenheiro-agrônomo e teólogo; secretário municipal de Meio Ambiente, Agricultura e Abastecimento de Governador Valadares.