Presidente da ACEGV fala sobre preocupação de empresários com possíveis restrições ao comércio

Com adesão da cidade ao Minas Consciente, empresários temem medidas incondizentes com a realidade local

A partir do próximo sábado (1), Governador Valadares passa a seguir efetivamente as determinações do governo estadual nas medidas de restrição do comércio por causa da Covid-19. Isso porque o município foi obrigado, por decisão judicial, a aderir ao programa Minas Consciente. Em seguida, houve um acordo com o Ministério Público, em que o prazo determinado para adesão foi o dia 31 de julho.

Diante da mudança de esfera das determinações sobre o funcionamento do comércio, que agora serão estaduais e não mais municipais, os empresários valadarenses temem medidas incondizentes com a realidade local. Em coletiva de imprensa na tarde dessa quinta-feira (30), o prefeito André Merlo afirmou que, neste momento, não há possibilidade de lockdown. Ainda assim, é possível que só serviços essenciais permaneçam abertos.

O Diário do Rio Doce conversou com o presidente da Associação Comercial e Empresarial de Governador Valadares (ACEGV), Jackson Lemos, para saber quais são as expectativas dos empresários da cidade, nesse momento de incerteza. Confira a entrevista:

DRD – Quais são as expectativas dos empresários com a adesão ao Minas Consciente e a recente reformulação do programa?

Jackson Lemos – Desde quando decretada a pandemia, a ACEGV participou de todas as tomadas de decisões para que houvesse o equilíbrio entre as medidas que garantem a saúde pública e a economia. Neste momento em que o governo do estado passa a assumir essa gestão, temos muita preocupação com o rumo das decisões, uma vez que o Estado está muito longe de nossa realidade, tomando decisões dentro de gabinete sem, de fato, ter conhecimento da nossa realidade.

DRD – Acreditam que a flexibilização será maior ou menor?

Jackson Lemos – Precisamos que o governador seja claro e não tome nenhuma atitude precipitada – qualquer palpite neste momento é especulação que pode gerar uma falsa segurança ou até mesmo terrorismo. No Brasil há vários casos em que o lockdown não funciona – em Minas Gerais, por exemplo, temos cidades como Juiz de Fora e Teófilo Otoni, em que o comércio está fechado desde o início e os números não reduzem.

DRD – Quais seriam as consequências de um possível lockdown ou do aumento das restrições ao comércio?

Jackson Lemos – Lockdown só serve para duas coisas: quebrar empresas e gerar desempregos. Fala-se muito em comprovação científica, mas onde que está a comprovação científica que o lockdown resolve? No mês de maio, aplicamos uma pesquisa entre os empresários e 80% respondeu que os aspetos econômicos das empresas já estavam comprometidos naquele período. Hoje, somente o segmento do comércio e o de serviços representam 83% do PIB da cidade. Se fecharmos tudo, é claro que as empresas, que já estão com os orçamentos comprometidos, terão mais dificuldades. Dado isso, os empresários terão dificuldades de manter os empregos e, principalmente, os pequenos comércios abertos.

DRD – Que orientações a associação comercial tem dado aos associados para diminuir os impactos negativos, caso as restrições aumentem?

A ACEGV criou a “ACE Loja”, para que os empresários pudessem abrir lojas virtuais sem custos. Assim, colaboramos para que as pessoas reduzissem a quantidade de vindas para o centro da cidade, mas que não deixassem de comprar no comércio local. Também articulamos linhas de créditos com juros bem abaixo dos já ofertados.

DRD – Se, pelo contrário, houver flexibilização, as empresas estão preparadas para funcionar de forma segura?

Sim, a ACEGV, junto com as outras entidades de classe mais a Prefeitura Municipal, tem orientado a todos os comerciantes quanto à adoção das medidas sanitárias. Publicamos comunicados, distribuímos máscaras e até mesmo uma cartilha educativa.

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