Empreendedoras e instrutor de gestão de negócios falam sobre a superação desses desafios. De acordo com o Sebrae, mulheres já são cerca de 50% dos registros no MEI
Exercer o papel de esposa, mãe e profissional é a batalha diária de incontáveis mulheres em todo o mundo. Entre elas está Daniela de Araújo, que há 4 anos mudou literalmente a direção da sua vida. Daniela morava com o esposo em Belo Horizonte, onde era gerente imobiliária. Mas precisou se mudar de cidade algumas vezes, dentro de pouco tempo, o que a impossibilitou de continuar trabalhando. Então, ao chegar a Valadares, grávida da filha Laura, viu que ser aceita no mercado de trabalho novamente não seria tão fácil.
“Eu me mudei devido a uma transferência do meu marido. E logo quando cheguei aqui eu engravidei. Então, já sabia que não iria conseguir ir para o mercado de trabalho grávida. Como eu já gostava de confeitaria, de ficar vendo videozinhos, cozinhava ali para a família, para os sobrinhos, e comecei a ir atrás de fazer disso uma profissão”, relata.
Remuneração e reconhecimento
Aliás, ao chegar a Valadares, Daniela contou que se surpreendeu com o teto salarial do município, o que também a desmotivou. Segundo a confeiteira, a remuneração na cidade é bem inferior à das outras cidades onde morou. Diante disso, a empreendedora decidiu não mais apostar suas fichas na tentativa de ingressar numa empresa como funcionária. “Aqui, na minha área, eu ganharia bem menos”, comenta.
Agora, se o assunto é reconhecimento, a confeiteira se destacou entre empreendedoras mineiras. Afinal, nesse domingo (22), ela foi uma das contempladas pelo Estado com o prêmio Empreendedoras Mineiras. A cerimônia de premiação aconteceu na capital, Belo Horizonte.
Além de Daniela de Araújo, outra mulher de negócios de Governador Valadares também representou o município no evento: a jornalista e consultora Juliana Pio. Ela destacou que, em meio a empreendedoras de tantas áreas diferentes, era a única jornalista.
“É uma vitória. Quando eu comecei a empreender, nem entendia que estava empreendendo. Simplesmente saí de uma formalidade, da carteira assinada, e queria trabalhar por conta própria. Hoje, no mercado de trabalho, as mulheres estão aí, fortes. E foi um reconhecimento estar entre as 200 mulheres que receberam este troféu em Minas Gerais. E dentre essas 200 mulheres, ou seja, dentro do Estado, eu fui a única jornalista. Então, é uma vitória dobrada“, celebra.
Ampliação
Então, com seu espaço de trabalho passando por obras, Juliana Pio segue olhando adiante e visa à expansão de seu negócio, em todos os sentidos. Comecei, como a maioria dos empreendedores, dentro de casa, trabalhando em home-office, sozinha. Há 3 anos atrás vi que eu precisava ter um espaço. Em 2019, peguei uma parte da casa, uma salinha menor, e montei a empresa. Agora eu vi que tem uma demanda de treinamento, estúdio de fotografia, de vídeo, e senti a necessidade de ter um espaço maior. Então resolvi ampliar”, pontua.
“Comecei a empreender trabalhando”
Embora seja, atualmente, uma gestora bem-sucedida, Juliana Pio relembra alguns dos desafios de quando começou. Segundo a consultora, devido à falta de conhecimento inicial e ao excesso de tarefas do empreendedor, ela apenas foi se adaptando sem se planejar inicialmente.
“Em tudo é bom fazer um planejamento estratégico. No médio prazo, a longo prazo, porque nada acontece de um dia para a noite. Então, gente, não faça como eu, analise o mercado. Na verdade, eu não sabia direito sobre o empreendedorismo. Eu comecei a empreender trabalhando, com carteira assinada. Então falei assim: ‘acho que é legal eu correr atrás do meu'”, disse.
Plano de negócios
Por isso, o instrutor de gestão de negócios do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), Marcos Chaves, chama a atenção das empreendedoras para a importância de se planejar:
“O plano de negócios faz parte de uma questão estratégica. Então muitas pessoas começam seu negócio sem fazer um planejamento. O plano traz questões voltadas para o conhecimento do mercado. Em que mercado o meu negócio está inserido? Vou traçar estratégias relacionadas ao marketing do meu negócio, à parte de produção e também à parte financeira. Isso é importante para que os empreendedores desenvolvam esse plano antes de lançar esse negócio literalmente. É a chave para o sucesso”, define o instrutor.
Por fim, Marcos Chaves reforça a capacidade da mulher de ser uma empreendedora de sucesso.“O empreendedor traz consigo características. Algumas dessas características são a persistência e a busca por inovação. E as mulheres trazem muito consigo essas características“, conclui.
De acordo com dados do Sebrae, as mulheres correspondem a cerca de 50% dos microempreendedores individuais no Brasil. Além disso, a pesquisa aponta que as áreas de investimento favoritas deste público são beleza, moda e alimentação.
