Divulgados protocolos para retorno das aulas presenciais em Minas Gerais

Apesar da divulgação dos protocolos de segurança, data de retorno das aulas ainda não foi definida

Um dos prejuízos causados pela pandemia da Covid-19 foi o cancelamento das aulas presenciais nas escolas, atrapalhando o calendário do ano letivo das instituições escolares no país. Mesmo sem data definida para o retorno das aulas presenciais em Minas Gerais, as medidas preventivas elaboradas pelo Conselho Estadual de Educação (CEE-MG) foram divulgadas no Jornal Minas Gerais, órgão oficial do estado, no dia 17 de setembro.

As medidas anunciadas foram estas:

  • Readequação da disposição do mobiliário, nas salas de aula, de modo a assegurar a observância do distanciamento mínimo necessário.
  • Adequação do número de estudantes, por sala, considerando a metragem quadrada de espaço individual.
  • Observância do distanciamento mínimo entre funcionários, na secretaria escolar e demais dependências administrativas da escola.
  • Estabelecimento de rotinas de revezamento, nos horários de entrada, saída, intervalos e demais deslocamentos coletivos, se necessário, de estudantes, com o intuito de se evitar aglomerações.
  • Uso de máscaras, durante as aulas, por parte dos estudantes. Ressalta-se que a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda que crianças menores de 2 anos não usem máscaras, em virtude do risco de sufocação. No que se refere às crianças entre 2 e 5 anos de idade, a entidade defende que, nas atividades escolares ou sociais, o uso deverá depender da supervisão e do treinamento dos adultos responsáveis.
  • As atividades de Educação Física, quando realizadas, devem observar o distanciamento mínimo de 1,5 metro e ocorrerem, preferencialmente, em locais abertos e arejados, quando não for possível sua realização em sala de aula. Ressalta-se que tais atividades devem priorizar esportes individuais, que não demandem contato físico.
  • Recomendação de que os estudantes não mudem de sala, durante o dia, com exceção das atividades desenvolvidas em ambientes específicos, tais como laboratórios e espaços externos. Nos demais casos, o ideal é que o professor se desloque para as respectivas turmas. Janelas e portas deverão permanecer abertas, na sala de aula e nos espaços coletivos de atividades.
  • Recomendação de que os estudantes deixem seus materiais na escola, para evitar riscos de contaminação e facilitar a manutenção das medidas de segurança sanitária.
  • Priorização da ventilação natural dos ambientes, evitando-se, sempre que possível, a utilização de aparelhos de ar condicionado e ventiladores.
  • Demarcação e sinalização de espaços, dentro das escolas, para que os alunos mantenham distância entre si.
  • Recomendação do uso de todos os acessos à área interna, de modo a se evitar a concentração de pessoas no mesmo espaço.
  • Suspensão de festas, comemorações e demais atividades pedagógicas que gerem aglomeração dos membros da comunidade escolar.
  • Contatos físicos, tais como beijo, abraços e apertos de mão deverão ser evitados.
  • O atendimento aos pais e responsáveis deve ser feito, preferencialmente, de maneira remota (telefone, e-mail etc.). Caso não seja possível, deve ser previamente agendado o atendimento individualizado, com o uso de máscara.
  • Higienização das dependências da escola, a cada troca de turno.
  • Os banheiros e a cozinha deverão ser higienizados, a cada três horas, ou sempre que se verificar sujidades ou umidade.
  • Estudantes e equipe escolar devem ser instruídos a evitar colocar as mãos em corrimãos, batentes, maçanetas e botões de elevador. Tais locais devem ser, constantemente, higienizados.
  • O uso de materiais descartáveis deve ser priorizado.
  • A comunidade escolar deve ser incentivada a utilizar garrafinhas de água individuais.
  • Rotinas de triagem e higienização, na entrada da escola, deverão ser adotadas.
  • O acesso à escola, por estudantes, funcionários e comunidade escolar, deve ser feito mediante aferição de temperatura.
  • Promoção, constante, pelas escolas, da cultura de atenção aos procedimentos de distanciamento social e higienização pessoal.
  • Abastecimento constante, de todos os lavatórios e pias, com sabonete líquido e papel toalha. Suporte com papel toalha, lixeira com tampa e acionamento por pedal e dispensadores com álcool em gel deverão ser disponibilizados em pontos de maior circulação.
  • Recomendação de colocação de tapetes com solução higienizadora para limpeza dos calçados, antes de adentrar na escola, além de dosadores de álcool gel, na entrada de todas as unidades escolares, para que alunos e profissionais higienizem as mãos, ao entrarem e saírem da escola.
  • Recomendação de que as instituições de ensino mantenham registro de acesso de pessoas estranhas à comunidade escolar, com a finalidade de mapear eventuais cadeias de contágio e facilitar rápida comunicação para quem teve contato com casos confirmados e suspeitos. Nesse ponto, observa-se, mais uma vez, a necessidade de fiscalização para garantir a correta aplicação das diretrizes estabelecidas e garantir a segurança da comunidade escolar.

Mães de alunos avaliam viabilidade de retorno das aulas

Jussara Amaral é dona de casa e tem uma filha de 10 anos que está no 5º ano do ensino fundamental de uma escola estadual da cidade. Ela acredita que seja inviável o retorno das aulas neste ano, ainda mais tendo em casa outra criança do grupo de risco. “Como já estamos a menos de três meses para o encerramento do ano letivo, realmente não acho viável esse retorno. Também sei da dificuldade de algumas famílias para acompanhar essas aulas pelos canais oferecidos, assim como eu tive no começo, mas com o auxílio dos professores e escola conseguimos e creio que outros pais também estão conseguindo que seus filhos acompanhem e sigam as aulas em casa. Acredito que a população e as escolas ainda não estão preparadas para oferecer a proteção necessária. Como mãe de outra criança que faz parte do grupo de risco, meu medo é que de alguma forma possamos ser infectados e todo o esforço para nos mantermos livres do vírus até a chegada da tão sonhada vacina seja disponibilizada seja em vão”, disse.

Jussara Amaral considera inviável o retorno das aulas neste ano (Foto: Arquivo Pessoal Jussara Amaral)

A publicitária e jornalista Valéria Alves tem uma filha de 15 anos que está no 1º ano do ensino médio de uma escola particular da cidade. Ela ressalta dois pontos que precisam ser analisados. “Como mãe de uma adolescente que estuda em uma escola particular, tem dois aspectos para avaliar. Os adolescentes estão sofrendo pela falta de convívio social. Se a gente for pensar nesse ponto de vista e, considerando que a escola particular tem muito mais condição de seguir esse elenco de regras colocados pelo Conselho Estadual de Educação, acho que seria interessante ter as aulas. Por outro lado, eu não acredito, já que estamos na metade do mês de setembro, que apenas dois meses vão fazer diferença com relação à qualidade do ano letivo. O que pode mudar é a saúde mental das crianças e adolescentes, porque hoje elas podem estar dando conta, mas lá na frente vai refletir. Isso é um fato”.

Valéria Alves é mãe de uma adolescente que estuda em escola particular (Foto: Arquivo pessoal Valéria Alves)

Valéria Alves revela que foi contaminada, mas venceu o coronavírus. Ela fez uma ressalva, pois também mora com a mãe, que é do grupo de risco. “Como mãe de uma adolescente que também mora com a avó, que é hipertensa e cardíaca, não me sinto segura de mandar minha filha para a escola. Nem sei se a minha filha se sentiria segura, considerando que a chance de contaminação da minha mãe sobe muito. Se a gente considerar a última pesquisa de Harvard, que diz que crianças e adolescentes, embora sejam assintomáticas, têm uma carga viral alta, no nível de um paciente que está em estado grave na UTI, eu não teria segurança de enviar minha filha para a escola, considerando a questão da saúde da minha mãe, porque a gente mora com ela.”

Outro aspecto destacado por Valéria Alves foi em relação à condição das escolas públicas para conseguir se adequar a todos os protocolos estabelecidos. “Por mais que exista toda boa vontade dos gestores, sabemos que a escola pública infelizmente não conseguiria cumprir esse elenco de regras. Não tem espaço nem para distanciar em uma sala que tem quarenta alunos. Vai dividir, vai ter sala para todo mundo? Precisa fazer uma análise mais sensata e com os pés no chão. Neste período de pandemia, eu não vi nenhum movimento, no sentido dos gestores no contexto geral, porque eu leio sobre o país inteiro. Não vi esse movimento de gente se adaptando para a volta às aulas e para atender os alunos com segurança”, finaliza.

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